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O Turista e a Péssima Impressão

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Caro leitor, vou relatar, rapidamente, quatro cenas. Deixarei que tome suas próprias conclusões. Tive a infelicidade de presenciar tais cenas neste feriadão de carnaval. Todas mostram o quanto estamos despreparados para receber os turistas – de forma correta – e o quanto temos que trabalhar para nos tornamos uma cidade referência no atendimento das mais de 1,5 milhão de pessoas que nos visitam anualmente.

Relato 1 – Turista sendo abordado por “piranhas”

Aprendi que “piranhas” são aqueles caras que ficam de amarelo nos cruzamentos, abordando os turistas e oferecendo a eles hospedagem. Acho digno um trabalho, seja qual for, mas há alguns que passam do limite. Já presenciei inúmeras cenas bizarras, mas a do último sábado foi assustadora. Um carro com placa de Curitiba passou por mim na Avenida JK e, atrás dele, vinha um desses “amarelinhos” com uma moto, buzinando e fazendo sinal para ele abrir o vidro. Depois de muita insistência, o turista abriu a janela e foi orientado a virar à esquerda. Talvez por receio, por não conhecer a cidade – ou conhecer a fama da cidade – não aceitou virar e agradeceu ao “guia’, fechando o vidro e seguindo seu caminho. O “amarelo”, então, saiu em uma perseguição maluca, fechando o carro e quase o obrigando a parar ou ir ao hotel de sua indicação, até que perdi os dois – o carro e a moto – de vista. Você, se fosse um turista, gostaria de ser abordado por um desconhecido de moto, pedindo para abrir o vidro e, mesmo depois de abrir e dizer que não deseja o serviço, ser perseguido?

Relato 2 – Turistas idosos tentando atravessar o cruzamento

Terça-feira, por volta das 14h, vinha eu voltando de ônibus quando, parado no semáforo, observo um grupo de uns dez idosos, orientais, visivelmente turistas, tentando atravessar o encontro da Avenida Paraná com a Costa e Silva e a República Argentina, nas proximidades do Shopping. Creio que eles estavam indo ao centro de compras. Os turistas não sabiam como fazer para atravessar a rua naquele local, pois não há faixas de pedestre – estão apagadas – e não há uma lógica para o pedestre nos sinais. Em todas as combinações você é obrigado a atravessar com um sentido fechado e outro aberto, sendo muito difícil para uma pessoa idosa vencer o cruzamento sem riscos. Você, se fosse um turista, gostaria de atravessar um cruzamento nas condições do citado neste texto?

Relato 3 – Ônibus lotado em pleno domingo

Vou até a Rua Tarobá para pegar um ônibus e encontro um ponto lotado de turistas. Até aí tudo bem. Depois de uns vinte minutos, vem um ônibus lotado, da Linha Parque Nacional, e uma turista – pelo sotaque, portuguesa – fala para a outra: “nossa, que carro velho e lotado”. Eu, como iguaçuense, não soube onde enfiar a cara. Só consegui tirar uma foto com meu celular para mostrar a você o estado da lotação.
 


 

Aqui em Foz a lógica é torta: justamente nos dias de pico para o Turismo, as linhas funcionam em número reduzido. Deveria ser o contrário. Além disso, no calor que fazia em Foz naquele dia, um veículo mais arejada, menos lotado e com climatização seria tudo, menos luxo. Seria uma necessidade. Você, se fosse um turista, gostaria de fazer seu passeio em um veículo lotado, quente e velho, pagando uma passagem absurda como a de Foz, se contar pelo serviço prestado?

Relato 4 – Informação errada

Peguei um ônibus da Linha Conjunto Libra. Era possível perceber claramente no letreiro as indicações “Rodoviária/INSS”. Mas, se o caro leitor utiliza tal linha, sabe que o Conjunto Libra não passa nesses locais. E foi aí que surgiu o problema. Alguns turistas desavisados haviam embarcado no Terminal Urbano para ir à Rodoviária e foram parar no meio do Campos do Iguaçu. Quando percebemos o que estava acontecendo, tentamos alertar os turistas, que foram indagar ao motorista dizendo: “mas está escrito ali na frente que passa na Rodoviária”. O motorista – que também era cobrador -, com toda a gentileza que nós já conhecemos, se limitou a dizer: “hoje o Libra faz também a rota do Campos, mas não passa na Rodoviária” – informação esta que não ajudou em nada os turistas – e continuou: “mas, se quiserem, desçam no Primeira Linha e vão caminhando”. Você, leitor e morador de Foz, sabe que até é perto descer no “Primeira Linha” e caminhar até o Terminal Rodoviário, mas imagine que você é um turista. Ali é um local de fácil localização? Você se acharia de primeira se não fosse morador da cidade ou do bairro, como eu? Você acha justo pegar um ônibus escrito Rodoviária e não passar por lá?

Ficam aqui as reflexões para esta quarta-feira de cinzas.

Abraço e até semana que vem!

 


 

* Luiz Henrique Dias é escritor e passa a semana toda andando de ônibus pela cidade. Na última segunda, ele pagou a passagem e o cobrador – que era motorista – deu o troco errado. Ao reclamar, o cobrador – que era motorista – disse “não tem mais moeda” e começou a dirigir. O Luiz, indignado, pediu o troco por inteiro e o cobrador – que era motorista – bradou “que cara chato” e continuou dirigindo. E tudo ficou por isso mesmo. Dá pra ler um pouco mais no site do Luiz, luizhenriquedias.com.br, e dá, também, pra seguir ele no Twitter: @LuizHDias.

  

  A opinião emitida nesta coluna não representa necessariamente o posicionamento deste veículo de comunicação 

 

 

 

 

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