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Chega a Foz método considerado “vacina” contra ansiedade e depressão

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A psicóloga Luziânia Medeiros nasceu em Natal/RN. Depois do mestrado em Ensino de Ciências Naturais e Matemática, coordenou o Centro de Educação Científica de Natal (idealizado pelo médico e neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, considerado um dos 20 maiores cientistas do mundo). Mudou-se para Foz do Iguaçu em 2011 e, no ano seguinte, implementou programa de educação científica na Estação Ciência e no Polo Astronômico (PTI-Itaipu). Trabalhou na área educacional por mais de 10 anos, até descobrir o Método Friends. “Esse método é revolucionário! É como se tivessem encontrado a vacina para ansiedade e depressão,” comparou a psicóloga. Ela é a única facilitadora autorizada, atualmente, a aplicar o método em Foz e falará sobre a técnica e os resultados do Friends numa palestra gratuita, no dia 22 de junho, às 19h30, no Espaço Educacional Neosynapsis (Edifício Caesar Tower. Av. Pedro Basso, 472, Jd. Polo Centro, sala 504). O evento é aberto à comunidade.

O Método Friends

“A Psicologia sempre se preocupou em tratar doenças,” explica a psicóloga que frequentou a formação do Instituto Brasileiro de Inteligência Emocional e Social (IBIES), responsável pela regulamentação do Método Friends no Brasil. “Nas últimas duas décadas, começou um movimento, nos EUA, para estudar o que mantém a pessoa saudável. É a chamada Psicologia Positiva – uma das bases do Friends.” As outras duas são: a Psicologia Cognitivo-Comportamental e a Neurociência.

O objetivo do método é promover resiliência: “O termo foi emprestado da física. É a capacidade de alguns materiais de voltar ao estado original depois de sofrer certa pressão” exemplifica a psicóloga. “A Psicologia usa esse termo para retratar a habilidade que o ser humano tem de passar pelas adversidades da vida sem ‘quebrar’ psicologicamente.” Para os facilitadores do Método Friends, essa é uma capacidade possível de ser desenvolvida. “Usamos práticas que ensinam estratégias para enfrentar desafios e gerar soluções para problemas, trabalhando, por exemplo, com o conceito de coragem. Outro exemplo é a pessoa manter uma rotina de registros de gratidão, o que é considerado um grande remédio contra o estresse,” complementa.

O método, criado pela doutora em Psicologia Paula Barrett, na década de 90, na Austrália, é aplicado em grupo. As pesquisas feitas por ela apontaram que foi possível chegar, com 12 encontros grupais, aos mesmos resultados alcançados em 20 encontros individuais. A explicação é que, em grupo, as pessoas se identificam umas com as outras, interagem e isso ajuda no processo de desenvolvimento humano e psicológico, com o apoio de um mediador – que é o facilitador do Método Friends. A idade mínima para participar é quatro anos.

Traduzindo para o português, Método Friends significa “Método Amigos”. Cada letra indica o conjunto de habilidades socioemocionais desenvolvido ao longo do programa: “A” (atenção aos sentimentos), “M” (momento de relaxar), “I” (ideias que ajudam); “G” (gerar soluções); “O” (orgulhe-se do seu trabalho e esteja com sua rede de apoio) e “S” (sorria e lembre-se de ser corajoso).

Moradores de Foz e da região conheceram e aprovam o método

Em Foz do Iguaçu, a primeira turma do Método Friends, formada por crianças de oito a onze anos, está em andamento há cerca de um mês. No fim do terceiro encontro, os pais relataram: “Eu vejo que a minha filha está mais controlada. Ainda dá umas ‘explosões’, mas já começa a perceber quando vai se exaltar”, analisou Gilberto Yamamura, pai de Giovana, de 10 anos. “Isabela é mais quietinha”, disse a mãe da colega de 10 anos. “Está tendo mais autoconfiança quando vai falar. Melhorou até o tom de voz durante as apresentações da feira de ciências na escola.”

A psicóloga Luziânia Medeiros comemorou os relatos, mas não se surpreendeu: “Há técnicas que nos ajudam a desenvolver nossas habilidades emocionais. É isso que fazemos aqui. Treinamos! Mesmo que estejamos com medo, se falarmos com a voz firme e olhando no olho, isso já dá uma confiança maior.” Outra mãe emendou: “Em relação à minha filha, me preocupava a dificuldade que ela tem de dizer não. Ela é muito comunicativa e, às vezes, para agradar aos outros, se desagrada. Eu sou assim e sofro muito, quero que ela supere isso para ser feliz.” A filha, Rebeca, de 10 anos completou: “Aprendi aqui que posso falar ‘não’ e respeitar meus limites.”

A facilitadora do Método Friends em Foz também acompanhou a aplicação do método para quatro turmas: duas de crianças, uma de adolescentes e uma de adultos, na cidade de Palotina/PR, entre 2015 e 2016. “É oportuno e importante para qualquer fase da vida,” destacou a então Secretária Municipal de Educação, Judith Sendtko, de 50 anos, participante de uma das turmas. “Sou a mais velha da turma e isso é um reforço para as decisões da vida da gente.” Entre os adolescentes, Jaqueline de Sousa, de 15 anos, enxergou mudanças em si mesma: “Me ajudou bastante a treinar a flexibilidade, a ter mais calma. Aprendi o que é gratidão, aprendi a reconhecer meus erros, a enxergar mais o lado das outras pessoas.” A mãe de Jaqueline, Catarina de Sousa concordou: “Hoje ela consegue parar, pensar, ver quando ela está certa, quando está errada e isso foi muito bom pra ela e pra nós como família.”

Os depoimentos dos outros pais falam de filhos mais aptos a arriscar, a fazer amizades, a superar medos. “Antes, minha filha não comia frutas, nem carne, nem verduras. Agora está começando a entender que ela precisa comer. Ela também tem muito medo de tomar injeção e foi”, contou Leila Cipriano, mãe da Ana Carolina, de 9 anos. Nadia Coldebella, mãe da Estela, de 9 anos, destacou que antes a filha reagia no impulso. Agora, cria um plano para enfrentar os problemas. “Na minha vizinhança tem dois cachorros bem grandes, bravos,” relatou. “Toda vez que ela tinha que passar na frente do portão, saía correndo. Agora ela tem um plano: chega, faz cara de descaso para os cachorros e sai andando. Ela está enfrentando!”

Sinais

A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que: de cada cinco crianças, uma tem ou terá algum problema emocional grave, como ansiedade ou depressão [1]. Alguns sinais podem ajudar os pais na identificação:

  • episódios repetitivos de medo e de tristeza;
  • dificuldade de lidar com emoções;
  • perda de interesse e prazer;
  • agitação;
  • falta de apetite;
  • alteração no sono;
  • isolamento;
  • dificuldade de fazer amigos.

OMS e o Método Friends

Organização Mundial de Saúde (OMS) elegeu 2017 como Ano de Combate à Depressão. Os números mais recentes divulgados pela entidade apontam o Brasil como país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade, no mundo, e o quinto país em casos de depressão. A doença é apontada como a que mais contribui com a incapacidade no mundo e também como principal causa de mortes por suicídio, com cerca de 800 mil casos por ano. Além da depressão, a entidade indica que, ao redor do mundo, 264 milhões de pessoas sofrem com transtornos de ansiedade, uma média de 3,6%. O número representa uma alta de 15% em comparação a 2005[2].

Desde 2004, a OMS chancela o Método Friends como único método eficaz na prevenção de ansiedade. Para a validação, 12 mil pessoas foram submetidas ao Friends em fase de pesquisa. Atualmente, mais de 900 mil pessoas já passaram pelo protocolo do método no mundo. Quase 30 países aplicam o Friends, alguns deles, inclusive, como Política Pública. No Brasil, são 150 facilitadores autorizados.

“Muitos pais se preocupam em dar uma boa educação acadêmica aos filhos (e isso é realmente muito importante). Porém, não é suficiente que tenhamos adultos bem preparados tecnicamente, mas fracos nas habilidades socioemocionais. É preciso equilibrar e investir em ambas as competências. O Método Friends me conquistou como profissional, porque disponibiliza o melhor da ciência em favor do bem estar emocional de crianças, jovens e suas famílias,” conclui a psicóloga Luziânia Medeiros.

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