O favoritismo prevaleceu neste final de semana (13 e 14/06) durante as disputas da 16ª Copa Brasil Masters de Natação, em Foz do Iguaçu. Equipes renomadas do país, como Pinheiros (São Paulo), Fluminense (Rio de Janeiro), Brasília Masters (DF), Mac-Nina (Maranhão), Uberlândia (MG) e Icaraí (RJ), dividiram a liderança ao conquistar vitórias em quase todas as modalidades. Da região oeste do Paraná, o destaque ficou por conta da anfitriã, Acquamaster/Itaipu, que participou do campeonato com 61 nadadores.
O evento reuniu, sábado e domingo, na piscina do Complexo Esportivo Costa Cavalcanti, cerca 500 atletas de todas as regiões do Brasil. O campeonato marcou um grande encontro de culturas, em um ponto de integração entre os competidores desta categoria, que abrange atletas com idade a partir dos 25 anos, com intervalos de mudança de modalidade de cinco em cinco anos.
“A proposta do master (categoria) é a confraternização, a amizade, a qualidade de vida, e, por último, a competição. Nós temos aqui atletas dos quatro cantos do pais, desde o Pará ao Rio Grande do Sul, reunindo diferentes etnias”, disse Elaine Romero, diretora do campeonato, que foi patrocinado pela Itaipu Binacional.
Recorde mundial – O grande destaque da competição foi a atleta da equipe do Pinheiros Gisele Caetano Pereira, de 37 anos de idade. Com a impressionante marca de 29 segundos cravados, ela quebrou o recorde mundial master na modalidade 50 metros costas.
Gisela superou o tempo anterior de 29 segundos e 25 centésimos, que pertencia a uma atleta da equipe norte-americana de natação. “Esperava fazer uma boa marca, mas a quebra do recorde mundial me surpreendeu neste momento, em que ainda estou numa fase de preparação para outros campeonatos”, disse a atleta.
Apesar de disputar o campeonato master, a atleta ainda integra a equipe absoluta (adulto profissional) do clube Pinheiros, em São Paulo. “Ainda treino e participo de várias competições. Ano que vem, por exemplo, devo disputar o Troféu Brasil, quando vou receber uma medalha de honra ao mérito por ser a única nadadora e nadador do Brasil a competir 25 vezes o torneio”, disse.
Superação – A natação não se resume a conquistas dentro da água ou medalhas e troféus obtidos com resultados expressivos. O esporte ampara muitas pessoas que buscam na modalidade traçar novos projetos, melhorar a qualidade de vida e a própria saúde.
Ao sofrer um acidente de moto em 1991, quando perdeu uma das pernas, a carioca Consuelo Bezerra da Rocha, de 61 anos, desistiu do esporte – antes do acidente ela praticava voleibol. “Eu tentei voltar a algum esporte, mas não conseguia me adaptar a nenhuma modalidade devido às condições físicas. Foi quando descobri a natação, que me permitiu resgatar o desejo pelo esporte e, ao mesmo tempo, elevou muito minha autoestima”, declarou.
Hoje, Consuelo participa de quase todos os campeonatos de natação master, conquistando, inclusive, boas posições, mesmo com maiores dificuldades físicas aos demais competidores. “Já obtive a honra do segundo lugar em um sulamericano, no estilo medley, que engloba as quatro modalidades da natação”, contou.
A vitória do esporte – A mineira Geise Neusa leva uma história de vida parecida. Vitima da poliomielite aos quatro anos de idade, a atleta do Uberlândia Tênis Clube (MG) aprendeu a nadar usando apenas uma perna desde o início da carreira. “Não precisei me adaptar porque entrei nas águas de uma piscina, pela primeira vez que me lembre, já com uma perna mesmo. Para mim, foi sempre natural”.
Com o passar dos anos, Geise passou a destacar-se no esporte e hoje integra a equipe para-olímpica brasileira de natação. O Campeonato Brasileiro Master de Natação serviu apenas como treinamento e preparatório para outras competições oficiais das quais ainda participará defendendo o Brasil. “Meu treinador decidiu que devíamos competir neste campeonato para nos mantermos na ativa e integrarmos com este grupo de nadadores”, salientou.
