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O SESC E O DESABAFO (ou quando o sonho vira pesadelo)

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 Nos últimos meses, abrir a caixa de e-mails tem sido algo emocionante. Foz do Iguaçu vem se transformando, pouco a pouco, em um ambiente culturalmente atrativo. Atividades, peças teatrais, lançamento de livros, encontros temáticos, eventos, etc. A cada vistoriada nas mensagens eletrônicas, sempre um convite, um release, uma notícia boa para nós (cidadãos) e para a cidade. Mas, nesta terça-feira, um desses e-mails conseguiu estragar minha semana e de todos aqueles amantes das atividades lúdicas.

Estimado leitor, um amigo, o Yuri, como forma de desabafar, enviou um e-mail para cerca de uma dúzia de amigos. Transcrevo parte da mensagem a vocês:

“Caros amigos e apoiadores do Animefoz 2011,
primeiramente, quero agradecer o apoio de todos vocês.

Infelizmente, fomos obrigados, devido a circunstâncias além de nosso alcance, a adiar temporariamente o evento.

O local onde seria realizado – SESC de Foz – não se mostrou solidário e presente como em todas as outras edições. Nós, da organização, acreditamos que se deve à visão da nova diretoria, que se mostra mais preocupada com o que o SESC irá ganhar (status e lugar na mídia) do que contribuir efetivamente para a sociedade como confiávamos ser a sua intenção.

Por isso, decidimos buscar alternativas de locais para a realização do evento, de preferência uma que seja sincera em sua disposição de ajudar-nos.

A questão é que o evento está agendado desde o ano passado, 2010. A dificuldade em marcar reuniões para acertar pendências, sempre na correria, com poucos minutos para conversar, tempo insuficiente para expor nossas dúvidas e necessidades, passou dos limites.

Não foi uma ou duas vezes. Foram meses esperando por uma hora, dias tentando marcar um horário e, quando marcado, tentava-se resolver tudo sem dar a atenção que a atividade merece.

Indo além, isso é reflexo da atual má administração, com atividades frequentemente sendo canceladas (em todas as áreas), sempre com a desculpa egocêntrica de que "não trará visibilidade ao SESC". Um evento beneficente, com apoios fortes, a nível regional, com divulgação planejada para todas as escolas, mais campanha virtual, site em andamento e, volto a repetir, beneficente. Almejávamos mais de 800 pessoas para o Animefoz 2011.

Tínhamos uma banda fechado acordo. Uma banda premiada, de São Paulo. Uma palestrante, pesquisadora, de renome internacional. O Consulado do Japão, fora outros patrocinadores encaminhados. Acho que isso traria muito mais que apenas visibilidade para o SESC.

Merecíamos um pouco mais de atenção. Não só nós, mas várias outras atividades lá, infelizmente canceladas.”

Infelizmente já não é a primeira vez que ouço alguém dizer que “O SESC fechou as portas” ou que “Os cursos estão desaparecendo”, etc.

Em nossa pequena escola de artes, aqui em Foz, já fui procurado por dois ex-instrutores de oficinas do SESC que, em função de cancelamento de contratos, ficaram na rua, sem apoio e deixando diversos alunos sem aulas. Um deles, inclusive, veio pedir espaço para continuar o curso, até sem remuneração, somente para conseguir terminar o projeto que havia começado.

Há mais de dois anos não faço ou não proponho nada ao SESC, principalmente depois das notícias acima ou de ouvir comentários como “do dia para a noite se tornou pouco acessível às expressões culturais ou muito preocupado com mídia”, etc. Nunca vi (li ou ouvi) a entidade se manifestar a respeito do cancelamento dos cursos, muitos gratuitos.

Quando recebemos a unidade do SESC em Foz do Iguaçu, acreditei ser o início de uma nova época para a cidade. Tinha como referência grandes projetos como a circulação do Palco Giratório (que sumiu, diga-se de passagem) e Festivais, como chegaram a acontecer, mas, como vieram, foram embora. Temos uma entidade (que funciona com dinheiro público, pois este vem das contribuições compulsórias) com grandes orçamentos voltados a eventos de maior visibilidade e sem orçamento nenhum para atividades diferenciadas, mas extremamente lúdicas e que só podem funcionar com ajuda de entidades, pois são pouco rentáveis financeiramente.

O AnimeFoz é, pelo jeito, somente a ponta do iceberg.

Mas, quero salientar que, apesar de não ser um desenhista ou ilustrador, convivo e participo de alguns encontros da classe e vejo, ali, grandes pessoas, de ação e espírito, que pregam a paz e a alegria. Pessoas que podem ajudar a incluir e a trazer crianças e adolescentes para a arte. Que podem contribuir para a cidade como tantas outras atividades, inclusive as esportivas e, para isso, não precisam de tanto orçamento como uma maratona, ou melhor, fazem eventos autossustentáveis, mas precisam, apenas, de um espaço e, é claro, respeito.

 


 

 *Luiz Henrique Dias é dramaturgo. Acesse: luizhenriquedias.com.br ou siga ele lá: @LuizHDias

 

 

 

 


A opinião emitida nesta coluna não representa necessariamente o posicionamento deste veículo de comunicação 

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