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Os Estudantes, a Polícia, a Mídia Sangrenta e a Cidade

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A ação desastrosa da PM do Paraná contra universitários da Unila e a reação de parte da imprensa de Foz do Iguaçu, demonstram o quanto a cidade ainda precisa aprender a conviver com a diversidade e com o que a Universidade Federal trouxe de melhor para a cidade: pessoas.

 

Passei a terça-feira toda conversando. Ouvindo partes. Ponderando os relatos. Acompanhando as postagens nos fóruns de debate nas mídias sociais. Percebi, mais uma vez, estar de frente a um episódio nefasto da polícia paranaense e mais uma ocasião em que a cidade demonstrou despreparo no trato com esse novo momento que estamos vivendo.

Ainda na terça, depois de ler a matéria da jornalista Mariana Serafini, no ClickFoz e na Revista Fórum Online, com relatos assombrosos dos estudantes, vizinhos do hotel onde aconteceu a operação policial – ameaçados e xingados pelos PMs – e de ver a dissimulação do Major da PM, claramente tentando amenizar o que as imagens das câmeras de segurança mostraram, pude concluir o quanto este debate precisa ser feito, ser levado à frente. Para o bem – e segurança – de todos nós.

Sinto vergonha pelo que vi.

Vergonha por morar em um estado em que a polícia trata estudante universitário como bandido.

Vergonha por saber que ainda há nessa cidade – onde vivem mais de 70 etnias – pessoas que agridem um morador ou visitante por ele ser de outra nacionalidade.

Vergonha por ver cidadãos de – que eu julgava de bem – rosnando um ódio contra toda a pluralidade cultural e acadêmica que a Universidade nos trouxe, quebrando um ciclo de estagnação no Ensino Superior de Foz do Iguaçu e dando outras perspectivas aos nossos jovens que, com a Unila, passaram a ter outras opção para uma formação de qualidade que não fosse a Unioeste ou as universidades de outras cidades ou estados.

Vergonha de morar em uma cidade que ainda dá grandes audiências às mídias policialescas sensacionalistas, arrogantes e atrasadas, afundadas em valores morais conservadores e ultrapassados, interioranos, bairristas e de julgamentos vazios.

Mas toda essa vergonha vai fazer bem. Pois servirá de reflexão para todos.

Devemos refletir sobre o que é ser uma cidade universitária e quais são os benefícios e as concessões que devemos fazer.

Devemos refletir sobre como as instituições devem agir perante demandas como a tal “perturbação do sossego”, entendendo que há limites, mas há também o direito do cidadão de não apanhar do Estado gratuitamente como vimos nos vídeos.

Devemos, por fim, entender o papel da Universidade e largarmos de vez esse falatório preconceituoso e entendermos que esses alunos – de todos os cantos da América Latina – agora moram aqui e são exatamente como nós, em deveres, direitos e, principalmente, vontade de ver Foz do Iguaçu melhor do que foi, do que é.

Pensem nisso e boa semana!

Obs.: Há duas semanas, fui acusado de ser contra os alunos da Unila, por ter feito críticas à forma – errada – como alguns usam o cartão de benefício alimentação. E mantenho minha opinião. Agora, é um absurdo achar que estou contra os estudantes. Sou amigos de muitos alunos. Dou aula como voluntário no Curso Pré-Vestibular coordenado por eles. Admiro os novos ares que trouxeram para a cidade. A cultura. A alegria. Assim, a crítica – ridícula (partiu de poucos estudantes – todos de Foz, muito conhecidos por aqui pela tentativa de me desqualificar perante seus colegas). Aproveito, então, a oportunidade para reafirmar o que digo diariamente a todos: a Unila – e seus alunos – é a o que de melhor aconteceu em nossa cidade em todos os tempos.

 


 

 

 * Luiz Henrique Dias é contra o Estado Policialesco. Leia mais em www.luizhenriquedias.com.br

 

 

  A opinião emitida nesta coluna não representa necessariamente o posicionamento deste veículo de comunicação

 

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