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Unila inicia programação da Semana da Consciência Negra

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Como a questão racial interfere na formação profissional? Por que algumas funções ou cargos são pré-determinados a certas categorias sociais? Como o chamado "embranquecimento" manifesta-se na sociedade africana e latino-americana? Com essas indagações, o professor de Relações Internacionais da UNILA, o senegalês Mamadou Diallo, abriu as discussões do primeiro dia de debate da Semana da Consciência Negra da Universidade, evento que segue até o próximo sábado (29).

Foto: Unila
Professor de Relações Internacionais da UNILA, o senegalês Mamadou Diallo, abriu as discussões do primeiro dia de debate da Semana da Consciência Negra da Universidade

 

O docente propôs uma reflexão sobre as construções sociais feitas a partir da origem racial. Nesse sentido, pontua que o preconceito contra os afrodescendentes reflete não só na sua estima e identidade, como também nas suas escolhas profissionais. “A partir do momento que há uma hierarquização da sociedade a partir da nossa origem, perdemos a liberdade de ser o que desejamos, porque o nosso futuro tem sido pré-determinado pela origem social e racial”, afirma.

 
A trajetória de escravidão e colonização – e seus impactos presentes até hoje na sociedade – também foi abordada no debate. Diallo criticou a narração desse percurso histórico nas escolas e livros didáticos, que, muitas vezes, reforçam preconceitos e estigmas contra os negros. “Isso acontece como se a África não existisse antes da colonização, que é, inclusive, consequência dos avanços da sociedade africana, nas relações comercias com outros povos”, contextualiza.
 
Discriminação e embranquecimento
 
A questão do “embranquecimento” no continente africano e latino-americano, segundo o docente, tem causado impactos sociais, políticos e na saúde dos negros. “Na Gâmbia, houve um processo de embranquecimento real, quando mulheres negras passaram a usar produtos para tornar a pele mais branca”, conta. Outro relato traz o caso de Senegal, onde houve quatro cidades (comunas), nas quais os ex-colonizadores franceses decidiram que os nascidos nesses locais teriam nacionalidade francesa. “Principalmente após a colonização, as pessoas que tinham acesso à educação eram nascidas nessas cidades e quando chega a independência são elas que passam governar o país”, explica.
 
Na atualidade, Diallo levanta, também, outras problemáticas – em diversas camadas -, frutos da escravidão e da discriminação. Nesse contexto, cita que os impactos desses processos refletem na estrutura da personalidade do indivíduo, na identidade individual e coletiva da sociedade e da nação e na qualidade da infraestrutura profissionalizante. Também trazem consequências na posição periférica dos afrodescendentes em relação à circulação de dinheiro, acesso aos bens de consumo culturais e ao direito à cidadania.
 
Tangos e lei de cotas
 
Na tarde desta sexta-feira (28), os debates sobre questões raciais seguem com discussões que envolvem gênero, sexualidade, religião e lei de cotas. O professor da Universidad de la República (Udelar), o uruguaio José Gabriel Trapani, traz o caso do seu país, onde foi aprovada, em 2013, a lei de cotas para afrodescendentes – que corresponde a 8% do total da população no Uruguai.
 
“Há um movimento afro no Uruguai há, pelo menos, 15 anos, no qual pequenos grupos começaram a publicar coisas, a participar de uma série de atividades e a convocar todos os agrupamentos. Isso, além do interesse de um governo de esquerda, foi gerando pressão para realizar indicadores étnicos e regulamentar a lei de cotas”, contextualiza Trapani, que também faz uma apresentação cênico-musical de tango clássico, com voz e violão. 
 
 
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