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Laboratório compartilhado ajudará a monitorar águas de Itaipu e da região

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Um novo laboratório no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu, destinado ao uso múltiplo de pesquisadores de várias instituições, facilitará as análises da qualidade da água do reservatório de Itaipu, hoje remetidas à Curitiba, e ajudará no monitoramento do uso de agrotóxicos na Bacia do Paraná 3 (BP3), com 29 municípios do Oeste do Estado.

Em funcionamento há cerca de quatro meses no Edifício das Águas, o Laboratório Multiusuários Engenheira Enedina Alves Marques – nome que presta homenagem à pioneira da engenharia no Paraná – foi inaugurado oficialmente na quarta-feira, 08, no Edifício das Águas.

Para Itaipu, a abertura do espaço resolverá uma demanda surgida há mais de nove anos. “A ideia de não mandar as amostras para Curitiba e analisar aqui os metais pesados é antiga. Tratamos disso pela primeira vez em 2007”, disse o diretor de Coordenação de Itaipu, Nelton Friedrich durante a cerimônia de inauguração.

O ambiente é compartilhado por pesquisadores do próprio PTI e pelas universidades Aberta do Brasil (UAB), da Integração Latino-Americana (Unila) e do Oeste do Paraná (Unioeste). “Aqui nos reunimos e trabalhamos juntos, em cooperação, para resolvemos os problemas”, disse Jorge Samek, diretor-geral brasileiro de Itaipu. “Este laboratório é a prova disso”, afirmou o diretor. “Este é o coroamento de uma parceria que se dá há muitos anos”, afirmou o diretor-superintendente do PTI, Juan Sotuyo.

O Engenheira Enedina Alves Marques reúne diversos laboratórios em uma área de 351 m². No Laboratório de Cromatografia (técnica de separação, identificação e quantificação de compostos químicos) é que poderão ser verificadas as concentrações de micropoluentes, como agrotóxicos. Já no Laboratório de Limnologia (ciência que estuda as águas continentais) poderão ser realizadas análises da qualidade da água do reservatório de Itaipu para os usos múltiplos. Atualmente, estas análises são realizadas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em Curitiba.

O trabalho é parte de um estudo iniciado neste ano entre Itaipu, Unila e PTI. A área de abrangência são 22 microbacias hidrográficas da BP3. Neste caso, serão analisadas as concentrações de glifosato e atrazina – dois tipos de agrotóxicos – e de nutrientes. O uso de agrotóxicos na região supera a média estadual, atingindo 11,5 kg/hectare/ano.

Segundo Simone, no futuro, o Enedina Alves Marques servirá também à apreciação da presença de fósforo, nitrogênio, de fitoplânctons e zooplânctons nas águas tanto no reservatório quanto nas microbacias.

Boa qualidade

Embora Itaipu tenha obtido nota máxima no monitoramento da qualidade da água em sua última avaliação da IHA (Associação Internacional de Hidroeletricidade, em inglês), esta estrutura era imprescindível há anos. “Uma usina deste tamanho precisava de um laboratório como este. Estou felicíssima agora”, celebrou a biológa Simone Benassi, da Divisão de Reservatório de Itaipu.

Para ela, o compartilhamento do espaço por biólogos e químicos é uma das vantagens do Enedina Alves Marques. “Uma ciência não vive sem a outra”. Uma das coordenadoras do Laboratório de Cromatografia é da química Gilcelia Cordeiro, professora da Unila.

As análises também diferem daquelas feitas no Laboratório Ambiental de Itaipu, ligado à Diretoria de Coordenação, de onde saem avaliações bacteriológicas que indicam, por exemplo, a presença de coliformes fecais, além de exames hematológicos, bioquímicos e parasitológicos para animais silvestres.

Ampla estrutura

Os demais laboratórios do Engenheira Enedina Alves Marques são os de Métodos Ópticos, Infravermelho, Biologia Molecular, Ecologia da Paisagem e Microscopia Eletrônica. No mesmo espaço estão a Coleção Seca Evaldo Buttura e a Coleção Entomológica.

Betânia Cristina Neves é uma das pesquisadoras que faz uso da nova estrutura para pesquisa de conclusão do curso de Ciências Biológicas da Unila. Depois de um intercâmbio na University of British Columbia (UBC), no Canadá, ela retornou à instituição, onde investiga estocagem de carbono na terra. “Acredito ser difícil haver uma universidade no Brasil com laboratórios como esses daqui”, disse.

Pioneira da Engenharia

Enedina Alves Marques (1913-1981) nasceu em Curitiba e é reconhecida como importante nome da Engenharia no Brasil. Foi a primeira mulher paranaense a se formar em Engenharia, em 1945, e a primeira engenheira negra do País. Graduada em Engenharia Civil pela Universidade do Paraná, entre seus trabalhos estão a Usina Capivari-Cachoeira e a participação no plano hidrelétrico do Estado.

“Não consigo nem imaginar o preconceito que essa mulher sofreu em sua época, naquele ambiente. Ela foi uma vencedora”, disse Samek. “A homenagem é mais que justa. Se hoje podemos trafegar em avenidas amplas, nunca podemos nos esquecer de quem abriu picadas”.

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