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Rio de Janeiro desperdiça potencial econômico da "indústria do carnaval"

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O Rio de Janeiro ainda não soube aproveitar todo o potencial do carnaval de gerar renda e emprego para o estado e o país como um todo. É o que constata pesquisa realizada pela Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio de Janeiro, com publicação prevista para o início de março. Os dados, apurados nos anos de 2006 e 2007, apontam que a indústria do carnaval movimenta em média R$ 700 milhões e emprega cerca de 400 mil trabalhadores só na cidade do Rio de Janeiro, com os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial. O estudo, intitulado “Cadeia produtiva da economia do carnaval”, busca mapear as diferentes atividades do setor e identificar desafios e traçar diretrizes para desenvolver e solidificar o evento como negócio.

São diversas as etapas do processo produtivo de um dos principais eventos do país, começando pela produção da matéria-prima para fantasias e carros alegóricos, passando pela elaboração de projetos criativos, por obtenção de recursos financeiros, divulgação e marketing e culminando no produto final: a festa.

A mão-de-obra envolvida no carnaval é enorme e variada. Costureiras, carnavalescos, maquiadores, cabeleireiros, chapeleiros, aderecistas, figurinistas, operários das fábricas de tecidos e armarinhos, fabricantes de máscaras, confetes e serpentinas, massagistas, nutricionistas; arquitetos, engenheiros, carpinteiros, artesãos, eletricistas, iluminadores, sonoplastas, ambulantes e taxistas, entre outros, participam da preparação do evento.

Para o coordenador do estudo, Luiz Carlos Prestes Filho, o carnaval está isolado das atividades empresarias que mais ganham e lucram com esse período, como os segmentos de hotelaria e turismo, audiovisual e gráfico. Ele defende uma atuação mais direta do setor privado na realização da festa, com políticas direcionadas de articulação com as escolas de samba e blocos de rua. “No Brasil, não temos a ampla visão da riqueza que podemos gerar com essa indústria. O carnaval brasileiro é tão importante quanto a Broadway e a indústria de cinema nos Estados Unidos. Precisamos articular políticas públicas e empresariais para aproximar as cadeias e serviços do carnaval, para assim dar maior robustez a essa atividade criada pelo povo brasileiro”.

Investir nos desfiles das escolas do Grupo de Acesso é outro desafio identificado pelo estudo. Além das 12 escolas de samba do Grupo Especial, cerca de outras 40 desfilam na estrada Intendente Magalhães, zona norte da cidade. O local recebe majoritariamente um público que não tem dinheiro para assistir ao renomado carnaval da Marquês de Sapucaí. “Ali se realiza um aprendizado do carnaval, aquele mais popular, que existia nos anos 50 e do qual muitos falam com tanto saudosismo. O convívio da população de menor poder aquisitivo com as escolas de samba é muito importante e deve ser valorizado. São elas que vão fornecer a matéria-prima que é o folião carnavalesco que, no futuro, fará parte do Grupo Especial”.

Ele sugere a melhoria da infra-estrutura do espaço para aproveitar mais o potencial da festa. O coordenador da pesquisa também ressaltou a importância do apoio às pequenas empresas e aos artesãos que vivem do carnaval. Segundo ele, faltam políticas públicas e empresariais que atendam a todos os seus atores da cadeia produtiva.

É o caso das bordadeiras de Barra Mansa, na zona sul fluminense. O estudo aponta que as mais de duas mil profissionais produzem 39 milhões de bordados por ano, sendo que 58% da produção é voltada para suprir as demandas das escolas de samba do Rio e lojas que vendem artigos carnavalescos. Cerca de 26% são vendidos a comerciantes paulistas do ramo. O negócio gera cerca de R$ 52 milhões por ano, representando cerca de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de Barra Mansa. Apesar do expressivo volume de trabalho produzido, não há cooperativas ou associações organizadas para a realização do trabalho e a evasão fiscal é recorrente.

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