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Rogério Perrô, técnico do AFA/Foz do Iguaçu, demonstra confiança no novo time

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Em 2007 o Foz do Iguaçu Futebol Clube faria contra o Toledo, até então, o jogo mais importante de sua história, valendo uma vaga na Primeira Divisão de 2008. A partida, disputada no estádio 14 de Dezembro, na região Oeste do estado, terminou com o placar final de 1 a 0 para os donos da casa. O time iguaçuense, mais uma vez, estava fora da sonhada vaga no grupo de elite do futebol paranaense.

 

O treinador do time adversário era um jovem profissional que havia iniciado a carreira nas categorias de base do extinto União Bandeirante, em 2003. O treinador nascido em Jacarezinho, interior do Paraná, chama-se Rogério Perrô.

 

No Toledo Colônia Work, que tirou as chancesdo Foz FC de subir em 2007 e ainda rebaixou o time esse ano, Perrô foi herói. Em 2008, no primeiro ano na primeira divisão com o clube que havia subido, foi terceiro colocado, conquistando o simbólico título do interior. Teve uma curta passagem pelo Paraná Clube, onde, segundo ele, o momento não era o ideal para comandar o Tricolor Paranista.

 

Rogério Perrô, casado e pai de três filhos, era sonho antigo dos diretores Loiri Dalla Corte e Arif Osman. Mas só agora, em 2009, pôde vir para a Terra das Cataratas. Começou muito bem no Foz do Iguaçu Futebol Clube, livrando o time da zona de rebaixamento e colocando próximo aos líderes. Mas a edição desse ano foi uma das mais equilibradas de todos os tempos e a balança da classificação variou bastante.

 

Vieram os resultados indesejados e a situação começou a ficar complicada. Piorou ainda mais, depois da derrota em casa, diante do Paraná Clube por 2 a 1, quando um simples empate, na pior das hipóteses, livraria o time do rebaixamento, já que a classificação estava ficando difícil. A última rodada da primeira fase, que definiria o futuro da equipe, por coincidência ou ironia do destino, seria novamente contra o Toledo; mas antes desse jogo, uma surpresa geral: Rogério Perrô pediu demissão!

 

O treinador, que conhecia como ninguém os atalhos para se buscar a vitória em Toledo, estava abandonando o time às vésperas de (agora sim) um dos jogos mais importantes de toda a história do clube. O motivo, segundo ele revelou numa coletiva de imprensa à época, foi devido a um grupo de jogadores que pediram a volta ao time do volante Gilmar, afastado por ele por indisciplina. Para não afetar o grupo, preferiu sair, estava confiante na vitória do time, mesmo com sua ausência. Mas o time do Foz, que foi comandado interinamente por Arif Osman, perdeu a partida por 4 a 1 e disputará, em 2010, a Divisão de Acesso.

 

Alguns dias depois surgiram rumores na cidade de que um clube, o AFA (Associação de Futebol da Amerius), estaria interessado em mandar os jogos da Divisão de Acesso de 2009, na cidade de Foz do Iguaçu. Os dirigentes Loli e Arif rapidamente gostaram da ideia e passaram a acreditar na possibilidade de diminuir um ano para a cidade, caso consigam subir esse time para a Primeira Divisão do ano que vem. E para comandar novamente esse grupo de jogadores chamou-se Rogério Perrô.

 

Em seu escritório, situado na Casa do Atleta, concentração oficial do Foz Futebol Clube, situada na Vila Yolanda, Rogério Perrô concedeu uma longa entrevista ao Click Foz do Iguaçu. Nela, ele fala sobre a carreira, os clubes por onde passou e, claro, as projeções do momento para o novo time da cidade, o AFA/Foz.

ClickFoz: Você se arrepende de ter pedido demissão do Foz Futebol Clube, faltando uma rodada para terminar a primeira fase do Campeonato Paranaense?
Perrô: Não me arrependo. Eu apenas sinto muito pelo time ter ido ao descenso.  Pois se você analisar, em nossos quatro primeiros jogos sob meu comando, tivemos três vitórias. E, a partir do momento que tive problema com um jogador por indisciplina, perdemos os próximos três jogos, quando precisávamos apenas de um ponto. Eu acredito muito em merecimento e em Deus acima de tudo. Aquele momento foi decisivo pra mim.

ClickFoz: Quando chegou pela primeira vez na cidade, o time vivia um momento delicado no campeonato, próximo da zona de rebaixamento. Ao assumir a equipe, você recuperou a auto-estima dos jogadores – com vitórias – e o torcedor passou a confiar mais no time. Porém, nos últimos jogos, o time sofreu derrotas que foram decisivas para o rebaixamento. Existe alguma frustração de sua parte por causa disso?
Perrô: Nós, que acreditamos muito num trabalho honesto e num grupo unido para conseguir o objetivo, sabemos que as quatro primeiras partidas foram muito boas. Mas a partir do momento que esse atleta (Gilmar) começou a influenciar negativamente o grupo e nós não tivemos conhecimento de coisas muito erradas que estavam acontecendo, foi onde nós começamos a decair e, analisando bem, nós tivemos um jogo muito equilibrado contra o Paraná Clube; com um ponto nós estaríamos na primeira divisão. No final do jogo tivemos aquele pênalti despretensioso do Junior (zagueiro do Foz FC). Não fosse isso não tomaríamos o segundo gol e não ocorreria o que ocorreu. Mas não me sinto frustrado por isso.

ClickFoz: Você acredita que o torcedor possa ter uma reação contrária à sua volta, principalmente pelo fato de ter saído às vésperas do jogo mais importante da história do Foz do Iguaçu Futebol Clube?
Perrô: Isso vai da cabeça de cada um. Nós temos sempre que respeitar o torcedor, principalmente o torcedor de Foz do Iguaçu que comparece em massa ao estádio. Temos que respeitar todas as opiniões. Quando eu tomei essa decisão, todos foram contrários à decisão da diretoria em permanecer com esses jogadores e eu saí de cabeça erguida. O torcedor conhece essa minha curta carreira e tudo que eu já conquistei, com humildade, mas conquistei. Estou aqui em Foz do Iguaçu por merecimento. Mesmo tendo ocorrido todos esses acontecimentos negativos, existe um merecimento para eu e minha comissão técnica estarmos aqui hoje.

ClickFoz: Qual a sua avaliação do elenco da AFA/Foz para as disputas do Campeonato Paranaense da Divisão de Acesso (Segunda Divisão)?
Perrô:
Nós tivemos uma excelente preparação, mesmo com um grupo reduzido, porque nós estávamos reorganizando a equipe do zero, fazendo uma “limpeza” no elenco, então tivemos poucos atletas. Mas foi muito proveitoso. Tivemos um período de treinamentos na Itaipu Binacional que foi um lugar essencial para essa preparação, um lugar excelente. Nós preparamos muito, principalmente a parte física. Além disso, alguns atletas que estão chegando, mesmo após a nossa preparação, são atletas de confiança, jogadores que já estão preparados e têm tudo para render.

ClickFoz: Dá para dizer que a Divisão de Acesso deste ano (com 10 equipes; duas a mais que no ano passado e ainda com o risco de um rebaixamento à Terceira Divisão) está mais difícil do que nos anos anteriores?
Perrô: Está muito competitiva não só por esse motivo, mas por não haver idade limite para inscrição dos atletas. Existem muitos atletas disponíveis no mercado, principalmente agora, terminando a Primeira Divisão. São atletas que irão fortalecer as equipes, equipes que estão investindo muito. É o caso do Arapongas, do Roma (Apucarana), do Operário (Ponta Grossa). Vai ser muito difícil, mas nós temos capacidade, temos a nossa maneira de pensar e estamos nos preparando muito pra isso.

ClickFoz: A sua projeção como treinador foi na equipe do Toledo (PR). Foi onde ficou conhecido em todo estado por em dois anos subir o time à Primeira Divisão e no ano seguinte levá-lo ao terceiro lugar, obtendo o simbólico título do interior. Como foi trabalhar naquela cidade?
Perrô:
Por eu ter conquistado o título da Divisão de Acesso em 2007 e no ano seguinte ter conquistado o terceiro lugar da Primeira Divisão com uma equipe do interior – ter sido campeão do interior nessas condições – todos pensam que foi mil maravilhas, mas não foi bem assim (risos). Claro que eu tenho muito carinho e no final deu tudo certo. Só que nós passamos por momentos delicados, tanto eu quanto o meu braço direito, Sérgio (Silva, auxiliar técnico de Perrô). No Toledo, nós tivemos momentos de muitas críticas e de derrotas, mas, ao mesmo tempo, tivemos equilíbrio e soubemos nos sobressair. Apesar de tudo, foi muito agradável trabalhar lá e nós crescemos com isso e adquirimos experiência. Foi muito importante pra gente, pela nossa ascensão profissional acima de tudo. Eu sou muito grato à cidade de Toledo, uma cidade maravilhosa, ao Irno e ao Irineu (Picinin, donos do Toledo Colônia Work), aos torcedores e à imprensa local que nos trataram com muito carinho e, no final, saímos como heróis.

ClickFoz: Houve um retorno, recentemente, ao time do Toledo num momento em que estava começando uma parceria com o São Paulo, na qual alguns jogadores e, inclusive, membros da comissão técnica, eram enviados pelo clube paulista. Foi essa parceria que culminou na sua saída do Toledo?
Perrô:
Quando eu saí do Paraná Clube, eu retornei ao Toledo devido a uma necessidade de estar trabalhando. Independente de onde esteja eu quero estar trabalhando, pois é algo que eu gosto muito, é minha vida. Devido ao bom relacionamento que tinha com o Irno, planejamos montar na Copa Paraná um elenco bom à disputa do Paranaense novamente. Para mantermos a regularidade e darmos sequência no trabalho desenvolvido no Toledo. Conseguimos isso. Infelizmente houve essa parceria (São Paulo), até por essa crise que existiu em todo mundo. A questão financeira pesou e o clube passou por algumas dificuldades. Eu fui um dos apoiadores dessa parceria, mesmo com a minha saída. Houve a necessidade de sair – até pelo carinho que eu tenho pelo clube – pois eu sabia que não seria o mesmo se eu permanecesse, principalmente em termos de investimento e formação da equipe. Infelizmente, a parceria não deu certo. Houve um pouco de desorganização. Mas a vida continua e o TCW (Toledo Colônia Work) continua sendo um clube muito bom, um clube de força considerável no Paraná e tem tudo para ter uma nova sequência de vitórias.

ClickFoz: Você teve também uma rápida passagem pelo Paraná Clube. Foram os resultados ou houve interferência em seu trabalho para ter saído tão rápido?
Perrô:
Nós, treinadores, vivemos de resultados. Não houve, de maneira nenhuma, intervenção. Pelo contrário, houve até apoios. Alguns diretores foram muito bons, principalmente o Aurival (Correia, presidente), onde saí com uma amizade e um relacionamento bom com ele. Mas, infelizmente, eu estava na equipe certa no momento errado. Não tiro minha culpa como treinador, porque quando uma equipe perde o treinador sempre é o culpado. Mas estávamos com uma equipe muito desqualificada para a competição daquele momento. Um momento muito ruim, com vários jogadores lesionados, e nós não conseguimos contratar, nem dar sequência. Contudo, sou muito agradecido ao Paraná. Aprendi muito com isso.

ClickFoz: Dizem na mídia esportiva que o senhor, assim como o Claudemir Sturion, são discípulos do Carlos Alberto Soav, o Betão, que treinou o Foz do Iguaçu Futebol Clube na temporada passada. Qual a sua relação com ele, como profissional e como pessoa?
Perrô:
O Betão é uma pessoa que eu tenho muito carinho por ele. Quando eu iniciei em 2003 no União Bandeirante, ele também era treinador das categorias de base. É um amigo fora de série; aprendi muito com ele, por sua experiência, ele já tinha muito tempo de trabalho. Em 2008 – isso aqui vou confidenciar agora para vocês – mas quando eu estava no Toledo e fui campeão do interior com aquele time e aconteceu toda aquela festa na cidade de Toledo (PR), eu fui procurado pelo Loli (Loiri Dalla Corte, presidente do Foz FC) e pelo Arif (Osman, diretor financeiro do Foz FC) para vir treinar o Foz do Iguaçu Futebol Clube na montagem do elenco para a Divisão de Acesso. Infelizmente eu não pude aceitar naquela época, agradeci muito, seria uma honra pra mim, mas eu estava com o projeto de montar o time do Toledo para as disputas da Série C do Brasileiro, e o primeiro nome que eu pude indicar pro meu lugar no Foz FC foi o Betão. Indiquei ele de coração, pela capacidade e pela pessoa que é e ele veio aqui e deu conta do recado. Então fiquei muito contente com isso.

Click Foz: Como é o Rogério Perrô longe das pranchetas, como pessoa?
Perrô: Uma pessoa caseira, uma pessoa que vive pra família. Tenho uma esposa maravilhosa e três filhos maravilhosos também. Vivemos muito bem, graças a Deus. Gosto de sair sempre com a família em lugares bons, principalmente aqui em Foz, aonde temos várias opções. Não gosto muito da noite, sou uma pessoa dedicada 24 horas por dia à profissão. Tanto é que assumi esse desafio, pois tenho certeza que vai dar certo, com essa dedicação e com esses atletas que estamos trazendo. Sou uma pessoa que procura ser honesta acima de tudo.

ClickFoz: Voltando um pouco ao time do AFA/Foz. O Arif Osman disse recentemente no programa esportivo Rádio Só Esportes, da Rádio Foz AM, que poderemos, no futuro, ter um “derby” entre o AFA/Foz e o Foz Futebol Clube. Como você acha que será para o torcedor, o reconhecimento a essa nova equipe de futebol profissional da cidade, agora com dois times disputando campeonatos?
Perrô: Acho que um “derby” é um pouco precipitado (risos). Nós temos que ter humildade, ter os pés no chão e saber que essa competição (a Divisão de Acesso) é uma competição muito forte. Estamos no início de um trabalho. É claro que sempre pensamos positivo, que tudo vai dar certo, mas precisamos ser realistas, acima de tudo. Esperamos que exista um “derby”, quem sabe, mas é muito prematuro ainda. Agora, é lógico que o torcedor vai sentir um pouco a mudança, mas não deixamos de ser o Foz, é o AFA/Foz, mas nós somos o Foz. Estamos defendendo a cidade de Foz do Iguaçu, as cores da cidade, o nosso estádio e a nossa casa. Tenho certeza que o torcedor entenderá isso e vai comparecer.

ClickFoz: O Arif também havia afirmado, que mesmo com a vinda do AFA/Foz para a cidade, o Foz do Iguaçu Futebol Clube não deixaria de existir. Como ficaria a comissão técnica dessa equipe nos próximos anos? Você fica no AFA/Foz ou vai para o Foz do Iguaçu Futebol Clube?
Perrô:
Independente do AFA ou do Foz Futebol Clube, eu tenho um compromisso com o Loli e com o Arif, que é comandar a equipe. Nós não podemos nos precipitar, isso é coisa para o futuro. Nós devemos fazer o melhor neste momento – defender e respeitar a cidade como ela merece e buscar, de toda a maneira, a vaga na Primeira Divisão com o AFA/Foz.

ClickFoz: Falando em projeções do futuro, o que você espera da carreira para o seu futuro?
Perrô:
Eu espero, primeiramente, fazer o melhor aqui. O futuro depende do momento e o nosso momento é o AFA/Foz.

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