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Polo Astronômico do PTI vai tornar atividades mais inclusivas

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Foto: Kiko Sierich/PTI

O Polo Astronômico do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) quer garantir que todos os visitantes tenham não somente uma boa experiência, mas que voltem para casa com mais conhecimentos sobre astronomia. Todos, sem exceção. A fim de melhorar o atendimento e fazer adequações necessárias para receber as pessoas com deficiência, a equipe criou uma agenda com profissionais que trabalham com Educação Inclusiva, iniciada no começo de maio.

No primeiro encontro, professores e outros profissionais ligados à Educação Inclusiva visitaram o Polo, onde fizeram uma primeira análise e, depois, reuniram-se para discutir as adaptações que podem ser feitas para tornar o ambiente atrativo às pessoas com deficiência. Essa iniciativa é para reforçar um trabalho que vem sendo desenvolvido desde o início das atividades do Polo, em 2009, quando o local já tinha estruturas preparadas para essas pessoas e monitores treinados para recebê-los.

Muitos dos professores que participaram da reunião já tinham levado turmas ao Polo Astronômico. É o caso de Marilene Schardosin, professora da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Foz do Iguaçu. Ela conta que levou uma turma e tem outros três passeios agendados. A professora diz que, com exceção dos estudantes que têm maior comprometimento intelectual, que são minoria, a visita ao Polo tem um bom aproveitamento para as turmas. Marilene considera importante a iniciativa do PTI em ouvir profissionais de diferentes áreas e instituições, pois cada um tem características diferentes. “Quem é cego, tem a sua especificidade, o surdo também, assim como o deficiente intelectual”, exemplifica.

O coordenador do Polo Astronômico do PTI, Janer Villaça, explica que a ideia de reunir esses profissionais partiu de uma necessidade dos monitores. “Eles perceberam que os alunos com deficiência precisam de um atendimento especial para que possam aproveitar ao máximo as atividades”. A intenção é tornar o espaço inclusivo tanto na questão de conteúdo quanto estruturalmente. Isso porque, desde que foi criado, o Polo possui rampa de acesso e uma plataforma elevatória que leva ao observatório e à plataforma de observação a olho nu. Recentemente, foi construída, também, uma rampa em frente ao local.

Janer ressalta que as mudanças serão para melhor atender os turistas que visitam o Polo. O coordenador comenta que, na primeira reunião com os professores, surgiram uma série de propostas. “Eles nos passaram algumas informações, sobre como abordar o aluno com deficiência, se devemos tocar ou não, o que não devemos falar”, citou.

De acordo com o coordenador, essa relação com os profissionais deve ser “de mão dupla”. Isso porque, além de receber essas dicas e sugestões sobre como tornar o espaço mais inclusivo, o intuito é que os professores também recebam capacitações sobre astronomia. “Eles se dispuseram a aprender o contexto científico, para que eles mesmos levem aos alunos o conteúdo, utilizando o Polo como ferramenta de ensino. Assim, os professores irão se qualificar e farão do Polo uma extensão da sala de aula”, destaca Janer.

O diálogo com os profissionais, conforme o coordenador, será permanente, e um novo encontro deve ser marcado em cerca de 40 dias.

Medo e dificuldades

A professora Dineusa do Amaral trabalha na Escola Municipal Ponte da Amizade, com alunos cegos. Para ela, essa abertura do Polo às pessoas com deficiência, especialmente os cegos, é muito importante. “De mundos fechados, eles já são cheios. Vivem fechados no mundo da família, no mundo onde recebem atendimento, onde acabam se unindo e ficando em um grupo só. Às vezes só vão a um lugar se a instituição levar, porque têm medo de ninguém dizer a eles o que está acontecendo, de ninguém descrever esse mundo”, afirma Dineusa.

Entre as dificuldades que os cegos encontram nos passeios, conforme Dineusa, estão que, muitas vezes, eles não aparentam ser cegos e as pessoas não percebem a deficiência. “Às vezes para eles é tão normal que eles não vão informar que são cegos, mas de alguma forma é preciso perceber, se está com uma bengala ou então, se tem visão reduzida, e começa a tropeçar”. Outro ponto é que, muitas vezes, eles não compreendem a linguagem utilizada, como algumas comparações. “Eu compreendo quando alguém fala que ‘é tão grande quanto tal coisa’, mas às vezes o cego não compreende essa comparação”, exemplifica.

Ione Aparecida Alves Geraldo Mantoan, da Associação de Pais e Amigos dos Surdos de Foz do Iguaçu (APASFI), diz que os alunos da instituição sempre fazem visitas ao Polo. Ela considera muito importante o conhecimento que os alunos obtêm no local sobre astronomia. “Eles não têm muito acesso à informação auditiva, que é passada no rádio e na televisão. E a família deles geralmente não sabe a língua dos sinais, então eles não têm essa conversa que temos com os nossos filhos, sobre o sol e as estações do ano, por exemplo”, disse.

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