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A violência, o cidadão e a cidade que queremos

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Fatalidade o que aconteceu com o Jeca na noite de sábado?

Acho que não.

Fatalidade não tem culpado. É o resultado de uma somatória e anormalidades que, num dado instante, torna-se incontrolável.

O que aconteceu ao empresário e visionário Jeca foi a ação da violência urbana, mal que assola a cidade de Foz do Iguaçu há décadas.

Nossa cidade, apesar de média, tem índices de criminalidade de dar inveja (ruim, claro) a qualquer metrópole. Na terra das cataratas, se mata por pouco, por quase nada ou por nada mesmo, com nesse crime que chocou pela crueldade e pela vítima, querida por muitos.

Sabemos que os números caíram nos últimos anos, isso é verdade, parte pelo ação conjunta das forças policiais, parte pelo combate ao ilícito – tão comum na fronteira e atrativo de criminosos – mas há, ainda, uma sensação de insegurança que reina entre nós e se manifesta real quando vemos, quase diariamente, crimes chocantes contra nossos cidadãos.

O Jeca é um. Mas não é o único.

A criminalidade acaba também com nossos jovens de periferia. Muitos enveredam para o mundo do crime e, quando não morrem, matam. A cidade cresceu, se desenvolveu, mas não olhou como deveria para esse problema. É preciso mais investimentos.

E não falo em investimentos em segurança, apenas.

Não sou da turma do imediatismo. Não acho que é pedindo redução da maioridade penal, armando a população, construindo presídios e comprando viaturas pra polícia que vamos resolver a questão da violência na cidade. Longe disso. Pois dessa forma, só teremos um resultado visual e, nunca, a solução – mesmo parcial – ao problema. Precisamos investir em Educação, Saúde, Lazer, Esporte e Assistência Social. É dura a concorrência ao Estado pelo tráfico e pelo crime. Se o Estado não for atrativo, se a cidadania não for atrativa, vamos continuar perdendo pessoas para o crime e pelo crime.

O Jeca foi meu colega de colégio. Era um cara alegre, brincalhão, sorridente e trabalhador. Morreu, vítima da violência que nossa sociedade criou e, agora, não sabe como controlar. 



 


 

* Luiz Henrique Dias é escritor, dramaturgo e analista do dia-a-dia. Ele lança agora em outubro seu novo livro "O Amor Remove Caninos". Leia mais em luizhenriquedias.com.br ou siga ele no twitter: @LuizHDias

 

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