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ClickFoz entrevista Biquini Cavadão

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Vilmar Machado/ClickFozdoIguacu
 

O “Biquini Cavadão” é formado por quatro integrantes. Três integrantes da banda – Bruno Gouveia (vocalista), Miguel Cunha (teclados) e Carlos Coelho (Guitarras) receberam a equipe do Click Foz do Iguaçu para falar dos quase 25 anos de sucesso do grupo, as novidades para os próximos meses e o carinho pela cidade e pelo público de Foz do Iguaçu. Confira a entrevista!

Clickfoz: Vocês citam repetidas vezes a influência do grupo “Os Paralamas do Sucesso” no trabalho do “Biquini Cavadão”. Em quais pontos o Biquini se aproxima ou se distancia de Hebert Vianna e sua turma?
Coelho: Quando você é músico é impossível não ser influenciado por uma banda ou um artista. Ao longo da nossa carreira fomos e ainda somos influenciados pelos “Paralamas”. Claro que volta e meia aparecem artistas novos que também nos influenciam, mas eles são especiais (o nome da banda foi dado pelo Herbert Viana, vocalista dos Paralamas). Temos admiração e respeito enorme por eles e pela maneira como conduzem a carreira.
Miguel: A forma como eles conduzem a carreira deles é um dos pontos principais da nossa admiração. Às vezes quando ficamos com uma dúvida nos perguntamos “o que ‘Os Paralamas’ fariam nessa situação?”. É muito mais do que uma questão de estilo musical, até porque musicalmente temos um caminho próximo, mas não igual. Quanto ao Herbert é uma pessoa que sempre foi próxima. Além de ter batizado a banda, participou de várias gravações de músicas nossas. Admiramos a banda e as pessoas que compõem o grupo. Se você pensar nos últimos 25 anos é impossível não ser influenciado por algum trabalho que o Herbert tenha feito; ele tem uma importância incrível como compositor e como artista.

ClickFoz: O cenário musical brasileiro, especialmente nos últimos 10 anos, é taxado por leigos e até por artistas de renome como adormecido e pobre em termos de qualidade das canções e de criatividade. Como vocês avaliam?
Bruno:
Não faltam bons artistas, bons compositores. O que acontece é que a chance dessas pessoas aparecerem para a grande mídia é pequena. A Internet criou um paradoxo muito grande – nunca teve tantos artistas e tantas composições, mas isso cai dentro de um funil gigantesco no qual muitas vezes o que diferencia a entrada de um ou outro artista não é a qualidade. Às vezes entra aquele artista engraçado ou filho de alguém ou uma pessoa metida em algum escândalo. Mas eu sou muito otimista, pois tem muita coisa boa. Eu recebo muitos CDs quando eu viajo. Claro que a maioria é de pessoas que estão ‘verdes’ para mostrar o seu trabalho, mas existem trabalhos que estão prontos e deveriam estar tocando.

ClickFoz: Vocês são pioneiros em explorar as potencialidades da web como ferramenta de divulgação e interação com o público. Em 1998, quando a importância da Internet ainda era discutida, vocês já ousaram lançar um projeto integrado a esse meio (álbum biquini.com.br). Como surgiu a ideia de partir para o mundo virtual e como foi o retorno?

Bruno: Em 1995 não se sabia muito bem o que era a Internet e o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, convidou algumas pessoas com a seguinte proposta: “o que vocês fariam com uma ferramenta de porte chamada Internet?”. Chamaram o “Biquini”, o Marcelo Madureira (humorista do Casseta e Planeta) e um artista plástico. De cara a gente viu que seria uma forma rápida de falar diretamente às pessoas que tínhamos interesse. O primeiro e-mail de uma banda do Brasil foi o do Biquini Cavadão e mal a gente anunciou isso no Jornal já recebemos um e-mail de um brasileiro que vivia no Japão falando que agora ele poderia acompanhar nossa carreira. Procuramos continuar sendo pioneiros em muitas coisas. Em 1998 fizemos o disco “biquini.com.br” que continha um kit dentro do próprio CD para ensinar as pessoas a usarem a Internet. No disco seguinte fizemos parceria coma  Apple e transmitimos imagens das nossas gravações em tempo real. As pessoas acessavam e viam o que estávamos fazendo. Hoje, com a web 2.0, as pessoas vão aos shows do Biquini tiram fotos, fazem vídeos e postam isso, além dos comentários. É muito bom!
Miguel: Antigamente recebíamos a informação de forma passiva (rádio, TV, jornal) e era aquela para todo mundo. Se você quisesse pesquisar mais era difícil. Hoje você entra na Internet e vai atrás do que quer, filtrando e confrontando as informações com diferentes fontes. O difícil hoje é atrair a atenção das pessoas para aquilo que você está querendo mostrar. Você tem que criar a curiosidade das pessoas virem até você. Esse é o desafio!

ClickFoz: O grupo está na estrada há 24 anos, mantendo os fãs do começo de carreira e conquistando novos a cada álbum lançado. Qual o segredo para “se modernizar” constantemente sem perder a identidade?
Coelho: A reciclagem é importante para qualquer profissão. Você tem que saber falar com seu público. Às vezes os pais levam os filhos ao show outras os filhos levam os pais aos shows surgindo comentários como “essa música eu cantava na minha adolescência”. A gente tem a preocupação de modernizar a sonoridade. Sempre estamos antenados com o que está tocando, ouvindo músicas e incorporando isso ao nosso trabalho. Claro que não pretendemos mudar de estilo só porque está tocando determinado estilo, mas procuramos incorporar certos elementos ao que estamos fazendo, incorporando sonoridades, trazendo pessoas novas que agreguem coisas novas na produção dos nossos discos.
Bruno: As pessoas nós perguntam muito “como que conseguimos falar para duas gerações tão diferentes”. Primeiro quando você tem energia e demonstra essa energia no palco ninguém quer saber a sua idade. O Bono (U2) tem mais de 50 anos e arrebenta. Mick Jagger então nem se fala. Você não pensa na idade desses caras, você só vê um cara que tem energia. Por isso nossa preocupação é fazer sempre um show muito pra cima. Não gostamos de fazer show onde as pessoas ficam simplesmente olhando. O público faz parte do nosso show, isso é fundamental. E quanto mais a gente consegue integrar o público, mais eles se sentem parte da banda. Talvez seja por isso que algumas pessoas que nem davam importância à banda depois de assistir um show passam a curtir nosso trabalho.

Clickfoz: Vocês arriscam definir o perfil do público do Biquini?
Bruno:
Dos 8 aos 80 anos (risos). Existe uma geração que viu o Biquini nascer, outra que nasceu ouvindo Biquini graças aos pais, pois isso que nos shows agradecemos aos pais, tios, irmãos e primos mais velhos que apresentaram nossas canções a esse público mais novo. O Biquini foi feliz em escrever músicas abordando a adolescência sem se tornar ingênuo, sem ser uma coisa infantil. Por exemplo, a música “Timidez” foi cantada em 1986 e ainda hoje encontramos uma menina de 14 anos que falam que é a música favorita dela. Agora brincamos que o nosso foco serão os netos (risos).

ClickFoz: O projeto BIQUÍNI CAVADÃO – DVD 80 VOL 2 é uma releitura do rock brasileiro, misturando o estilo do Biquini com o “sabor” dos convidados.  Como foi a seleção das canções e, principalmente, dos artistas convidados?
Bruno:
Nesse disco tentamos reunir as melhores interpretações que poderíamos dar para cada artista. Primeiro fizemos uma lista de artistas e depois uma lista de música. O álbum não resume tudo o que gostamos da década de 80. Tem muita coisa boa que ficou de fora que dava para fazer o volume 3 e 4 tranquilamente (risos). Se iremos fazer um dia, não sei. Talvez um desafio melhor seja fazer um volume da década de 90. Mas esses são projetos paralelos. O projeto real do biquíni continua sendo nossas canções autorais.

ClickFoz: A mistura com artistas “do sertanejo e até do axé” deu muito certo. Parcerias como essas devem se repetir?
Bruno:
Tocar com outros artistas para nós é algo muito natural. A Claudia Leite, por exemplo, é muito roqueira e já gravou inclusive com o CPM 22 e tocava Led Zeppelin no show dela. Quando a chamamos para participar ela adorou a ideia. Ela foi na gravação, com uma barriga de cinco meses, depois de um ensaio de não sei quantas horas  e colocou a voz lindamente com o maior carinho. Com esse trabalho ícones da música sertaneja e do axé prestaram referência a um estilo que não é mais o grande filão do mercado – hoje o rock é uma fatia menor desse bolo. O que a gente quis mostrar no DVD 80 – Volume 2 é que essas pessoas cresceram ouvindo rock e prestaram reverência nesse disco ao rock brasileiro junto com o Biquíni.

ClickFoz – Há algum projeto no “forno”?
Bruno:
Estamos preparando um trabalho novo. A questão que estamos discutindo é se será feito o lançamento de um disco. Com a web 2.0, “disco” talvez seja apenas mais um formato. Mas enquanto decidimos isso estamos preparando uma nova canção que nos próximos meses deve estar estourando por aí. É uma musica do Biquíni em parceria com o Lucas (do grupo Fresno), ele inclusive canta com a gente. Ficou muito legal. Não ficou nem a cara do Fresno e o pessoal que está acostumado a ouvir Biquini também levará um susto. É uma sonoridade completamente híbrida.

ClickFoz: Qual a canção que tem mais a cara do Biquini (independente do sucesso)?
Bruno:
Tenho um carinho grande por “Timidez”. Porque na época eu realmente tinha 16 anos e todas as meninas que eu gostava queriam os caras que tinham 20 anos (risos).
Miguel: Cada momento a gente tem um carinho especial por uma música. São várias músicas que eu gosto, músicas inclusive que não ficaram conhecidas do grande público. Eu gosto de uma chamada “Limites”, de outra chamada “Joelhos” e “Campo de Centeio” (música que chegou a ser gravada, mas nunca entrou no disco).

ClickFoz: Vocês sempre demonstram muito carinho com Foz do Iguaçu. Com tantas apresentações aqui são praticamente de “casa”. Como é a receptividade do público da cidade?
Miguel:
O que muda basicamente de um show para o outro é o público. O fato de virmos com freqüência em Foz do Iguaçu mostra essa interação e esse carinho do público daqui com nós. É um público que nos recebe super bem, um público super animado. É legal andar pela rua e as pessoas falarem “que legal o show” ou perguntarem “o que vocês vão tocar no show dessa vez?”. Essa interação é muito legal. Pra nós voltar a Foz do Iguaçu é bacana, pois é um público que nos recebe sempre muito bem.

Algumas músicas de sucesso do Biquini Cavadão
 

"Daniela", música que por meses esteve entre as mais tocadas em importantes emissoras de rádio do país

"Vento Ventania", a canção de maior sucesso do grupo

"Timidez", canção predileta do vocalista Bruno Gouveia

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