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ClickFoz entrevista "O Teatro Mágico"

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O Teatro Mágico (TM) se apresenta em Foz do Iguaçu neste sábado (05/09), na Ono Teatro Bar. O show, aguardado há muito pelos fãs da região, reúne música, poesia e atrações do mundo circense. O portal Click Foz Iguaçu convidou Fernando Anitelli (foto), líder da trupe, para uma entrevista. A conversa foi tão divertida e, a todo instante, embalada por versos das canções do TM, que se pode chamar de um descontraído bate papo com um dos artistas que, não por acaso, é ícone no cenário da música independente. A julgar pela entrevista, o show na Ono Teatro Bar promete! No final da entrevista, Anitelli apresentou a vocalista da banda Melburana, de Foz do Iguaçu, que se apresenta logo após o TM e, talvez, arrisquem até um dueto improvisado. Afinal, como o próprio artista afirma “tem horas que a gente se pergunta por que é que não se junta tudo numa coisa só?”

ClickFoz: 1 – Como o artista Fernando Anitelli define o TM hoje, após 6 anos de estrada e muita experimentação (uma das marcas do grupo)?
Fernando Anitelli:
Eu defino O Teatro Mágico (TM) como um grande Sarau amplificado. É a possibilidade que a gente sempre quis de juntar, em um mesmo ambiente, poesia, teatro, circo e música, de uma maneira tranquila ao nosso público. O público não sente que o palco está distante e que nós somos artistas. Ele (público) já vai transfigurado em seu próprio personagem. É uma grande mistura, há uma grande interação entre a trupe e a plateia. Eu estou muito feliz, embora sinta que a gente tem muito ainda a melhorar filosoficamente, circensemente e poeticamente, mas a gente está buscando isso. Estamos nos articulando junto a outros grupos que estamos conhecendo. Por isso eu digo que o projeto ainda está “engatinhando”; temos muito chão pela frente.

ClickFoz: Além do escritor alemão Hermann Hesse, inspiração inicial à formação da trupe, quais as referências que enriquecem o trabalho do TM?
Anitelli:
As influências musicais vão desde Secos e Molhados, Devil Metal Band, Antônio Nóbrega, Chico César, Tom Zé, Raul Seixas e Legião Urbana. Eu gosto de muita coisa acústica, o som do violão e esses timbres de madeira. Musicalmente seria isso. A gente tem também no universo literário a inspiração de Hermann Hesse, que escreveu “O Lobo da Estepe”, onde tem a passagem do Teatro Mágico por lá. Nós gostamos muito de Mário Quintana, Clarice Lispector, Denise Stoklos, Plínio Marcos e por aí vai. Esses autores que se relacionam em verdade com sua própria obra nos inspiram muito.

ClickFoz: Em uma entrevista recente, em um evento de música livre (Porto Alegre/RS), afirmou que “o artista que não se renova faz cover de si mesmo”. Como o TM se reinventa?
Anitelli:
A gente se reinventa buscando não cair naquela obviedade que, às vezes, aquele estereótipo do artista, do músico traz – “Está bom e estou com sucesso, então vamos repetir a fórmula”. Não existe fórmula! O que existe é buscar essa experimentação, arriscar nos arranjos e nas letras. Isso tem que ser uma constante. O artista tem que ser uma pessoa incomodada. Se a gente acha que está tudo bem, alguma coisa está errada. Porque não vai ser o padeiro que vai gritar sobre as mazelas do dia, que vai tentar criticar alguma coisa, nem será o caixa do banco que fará isso, não! Tem que ser o artista. Então ele tem esse papel, essa função social e isso não pode ficar jogado, a gente não pode esquecer disso jamais. É uma responsabilidade muito grande você ficar duas horas com um microfone na sua frente pra simplesmente entreter. Acho que a gente tem que trazer conteúdo, isso é o mais importante.

ClickFoz: Ser independente é outra marca do TM. Vocês foram na contramão – ao invés de apostar no “jabá”, apostaram nas mídias sociais para chegar ao público. Como trabalhar com essa postura “independente” de gravadoras e grandes veículos de comunicação e ainda conseguir esse sucesso expressivo?
Anitelli:
Se todo mundo hoje tivesse um computador em casa, com acesso à internet, teria acesso à maior biblioteca do mundo, não é? Você tem a maior biblioteca de vídeo na história da humanidade, que é o YouTube; a maior biblioteca de imagens, que é o Flickr. Você tem o Twitter, Orkut, Blog, Fotolog e várias outras ferramentas que você consegue, minimamente, se articular. Conversar em rede, passar as propostas, essa nova metodologia de se trabalhar com a música, com a economia da música é, sem dúvida alguma, angariar novas forças. A gente, por exemplo, está encabeçando um movimento que se chama “Movimento de MPB”, que é o Movimento “Música Pra Baixar”. Todo artista que tem essa concepção de deixar acessíveis os seus bens culturais não está perdendo em absolutamente nada. Ele ganha na divulgação, as pessoas conhecem o trabalho dele, e a música se prolifera. A gente tem que tirar certas dúvidas, certos estigmas que ficam impregnados do que é ser e do que não é ser um artista. Temos mais é que dar as mãos e juntar tudo numa coisa só. Afinal de contas, “os opostos se distraem e os dispostos, se atraem”.

ClickFoz: Existe uma música que seja especial para a trupe do TM, independente do sucesso?
Anitelli:
Não tem. É tão difícil falar de uma música específica. Música é como um filho. Tem aquele que tem os “zoinho” diferente, aquele que tem os “dentinhos” diferentes, o cabelinho diferente. É igual à coruja, quando nasce aquelas corujinhas feias e a coruja fala “é tudo lindo”. Acho que todas as músicas são especiais. Pelo menos pra mim é assim: tenho momentos em determinadas músicas. Tem momentos que estou mais “Abaçaiado”, outros mais “Camarada d’água”. Então, certas músicas têm o seu momento de força maior em meu cotidiano. Não tem uma específica que eu goste sempre ou que a trupe goste sempre. Tem música que a gente não consegue deixar de tocar, isso é fato. A gente já fez apresentação sem tocar “Prato do Dia”, sem tocar “Camarada d’água”, mas a gente não consegue ficar sem tocar o “Anjo mais Velho”. É uma música que fica e o pessoal pede e não será diferente aqui em Foz do Iguaçu.

ClickFoz: Além de defender o acesso livre as músicas, o TM aposta e abre espaço à colaboração dos fãs. Recentemente teve a composição de uma música em parceria com os seguidores do twitter. Há previsão de outras ações que envolvam as redes sociais?
Anitelli:
Sem dúvida alguma. O que a gente quer fazer é tornar cada vez mais próximo o público da gente. O público constrói o nosso site de uma maneira colaborativa. É o público que tira foto, que filma, que deixa textos lá na área de “Liberdade de Expressão”. É o público que divulga. Se a gente quer ir a algum lugar, nós vamos à comunidade no Orkut ou no Fotolog e no Blog. É o público que traz toda essa força pra gente, que ajuda na divulgação do local, fazendo panfletagem. Esse é um novo modelo de relação do artista hoje. Está morrendo essa coisa do “jabá”, de você comprar o espaço na TV e no rádio. Está perdurando agora o talento, está perdurando aquele artista que tem o que dizer, que está trazendo algum conteúdo e que está fazendo isso de uma maneira colaborativa, que faz isso junto com o seu público. Não coloca o seu público numa distância, numa relação hierárquica, onde “eu sou o artista e você o público”. Não, isso acabou! Isso não existe. Não tem nem porque existir. Essa é a grande sacada de você ser claro e explícito com quem cuida de você. Porque quem cuida de você não vai ser o produtor, não vai ser o programa de domingo que diz “Ô louco meu”, que vai te levar na televisão. Quem vai cuidar de você é o seu público. O Teatro Mágico tem o rabo preso com o público e isso pra nós é fabuloso.

Click Foz: Há previsão de lançamento de um novo álbum?
Anitelli:
Sim, tem um álbum que está para sair. O terceiro, dessa trilogia de três partes, sendo que a segunda vem logo após a primeira e antecede a última (risos). Ele deverá vir lá pelo meio de 2010 e a gente vai divulgar por mais um ano e meio o projeto. Depois quero fazer outras coisas. Quero trabalhar com um projeto de música infantil. Quero fazer um projeto só voz e violão; outro que seja mais musical.

ClickFoz: 9 – O que o público de Foz do Iguaçu pode esperar do show na Ono Teatro Bar?
Anitelli:
Eles podem esperar uma junção do primeiro trabalho com o segundo. A gente vai tentar dar uma mesclada pra trazer para o público o que foram esses seis anos de trabalho. E logo após de “O Teatro Mágico” teremos a grandiosa banda Melburana, fazendo uma surpresa, porque foi de última hora a escolha, mas será a primeira parceria de muitas outras que virão (risos).
Thaís (vocalista da banda iguaçuense Melburana): O pessoal de Foz do Iguaçu, que gosta bastante de nossa banda, a Melburana, falou que “O Teatro Mágico” e “Melburana” é uma combinação bem legal, bem irresistível e não dá para perder!

 

Imagens: Vilmar Machado/ClickFoz

 

 

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