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Namoro entre o mesmo sexo

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"Quem não te aceita como você é não merece sua consideração", revela a personagem
Falar de namoro e não citar a relação homossexual no momento histórico que estamos vivendo é desprezar boa parte da sociedade. Por isso no Especial Dia do Namoro o portal Clickfoz preparou uma matéria sobre o namoro entre pessoas do mesmo sexo, desmistificando o conceito de que o homossexual não consegue se prender em um relacionamento duradouro. 
 
Argumentado biologicamente, psicologicamente e socialmente o gay sempre foi retratado muitas vezes como inexistente, um dos exemplos é a falta de legislação específica para contra a violência moral, e pedido para permanecer à margem, por gritos silenciosos da não aceitação.
 
Mesmo com a revolução sexual, a relação homo afetiva existe na maioria das vezes sem a consciência dos pais e da rede de relacionamentos, mas não está nem um pouco longe de se parecer com uma relação heterossexual. O amor, relacionamento, afeto, carinho e atenção são os mesmos.
 
Os nomes do casal feminino foram trocados, não por pedido dos entrevistados, mas para preservar a identidade e conservar que os personagens não sejam vitimas de qualquer mal trato.
 
Ela com ela – Talita, 21 anos, com diploma de curso superior, residente em Foz do Iguaçu está prestes há completar cinco meses com Michele. Hoje o namoro das duas tem a autoridade dos pais presente, mas nem sempre foi assim, tão aberto na família.
 
“Tive um sentimento diferente por mulheres desde muito cedo, com uns 13, 14 anos, mas só fui manifestá-lo mais tarde, quando senti o mundo ‘se abrindo’ para mim, percebi que não era passageiro, e finalmente conheci outras garotas como eu. Minhas amizades eram superficiais na época, mas os amigos foram bem compreensivos, e isso me surpreendeu bastante, e acabou fazendo com que a amizade ficasse mais forte, mais concreta, porque eu pude finalmente me sentir aceita sendo quem eu sou”, revela Talita.
 
Porém o mais complicado ainda estava por vir, revelar à família. “Mas depois que você é aceito pela família acaba perdendo o medo das pessoas, porque quem não te aceita como você é, não merece sua consideração”, diz.
 
Vamos direto ao ponto que esse texto se refere, o namoro. Talita e Michele já viviam em um círculo de amizades em comum, se viam em festas e em bares. Mas a história deu start no aniversário de Talita, foi quando Michele achou que elas poderiam ser um pouco mais amigas, então conversa vai, papo vem, até que rolou um clima e aconteceu o primeiro beijo. Porém logo não se encontraram mais, então aproximadamente dois meses depois elas se viram acidentalmente em um bar, ficaram e foi aí que Michele percebeu que poderia rolar algo a mais entre as duas.
 
“Algumas pessoas da família sabem, mas é algo meio que não muito falado. Minha irmã é mais nova, tem 15 anos, mas sempre me apoiou, e eu contei a ela bem antes dos meus pais, que quando descobriram, ficaram muito decepcionados. No começo foi bastante difícil, sofremos bastante aqui em casa, eles para me entender e eu para entendê-los. Mas com o tempo – que nem foi tanto assim – eles perceberam que não tinha como me mudar, e que eu era feliz desse jeito, e passaram a me aceitar e querer minha felicidade.
O meu pai é um pouquinho mais cabeça dura, mas ele me respeita e respeita a minha namorada, ela vem aqui em casa e a presença dela já é uma coisa normal, quando ela não os vem até estranham e perguntam”, Talita revela.
 
Ele com ele – Ralf, 23 anos, namora o Ricardo à distância há 3 anos, porém se conhecem através da internet há cerca de 7 anos. A história dos dois é cosmopolita, são idas e vindas entre Alemanha, Rússia, Inglaterra e Irlanda, basicamente. 
 
Foto: Arquivo pessoal
Ralf e Rico em algum lugar da Europa
Tudo começou quando Ralf decidiu fazer um intercâmbio para a Alemanha e entrou em contato com alguns estudantes brasileiros que estavam na por lá para trocar experiências. Foi onde ele teve o primeiro contato com o Ricardo e começaram a trocar mensagens através da internet. Até então ninguém sabia de ninguém, eram só amigos. Em 2004 o Ricardo voltou para o Brasil e o Ralf foi para a Rússia, e os dois mantendo sempre contato. Em 2005 Ralf voltou da Rússia, mas embarcou de novo para a Europa, dessa vez para a Inglaterra, e a internet sempre foi uma ferramenta de aproximação e comunicação dos dois, mas somente depois de um ano em Londres foi que aconteceu a primeira grande aproximação, Ralf voltou para o Brasil e foi em um elevador de um hotel de Foz do Iguaçu que aconteceu o primeiro beijo, em uma viagem de estudos que Ricardo estava realizado na cidade. A partir daí eles iniciaram algo com mais sentimento, mesmo com um pouco de medo em se namorar a distância os dois investiram, Ralf em Foz do Iguaçu e o Ricardo em Curitiba. “Mas percebemos que realmente nos gostávamos e existia um sentimento de amor muito forte. Resolvemos então iniciar um namoro a distância. Foram inúmeras idas e vindas, todos os meses era Curitiba-Foz-Foz-Curitiba, que eu perdi a conta”. 
 
O namoro à distância dos dois não foi prejudicial para nenhum lado, a confiança que eles têm um no outro é grande e sem crises de ciúme conseguem com a ajuda da internet sempre estar em contato. “Acho que gostamos tanto de namorar a distância que ele foi estudar agora na Europa”, revela. E os planos são grandes, os dois querem antes de completados cinco anos de namoro estar morando juntos. “Alguma parte vai ter que ceder para que isso acontecer”, diz.
 
“O namoro à distância envolve um aprendizado contínuo, exige muita confiança e principalmente paciência, é uma longa estrada que pode ter um final ou até mesmo um recomeço de outra etapa do namoro, partindo do princípio que as pessoas um dias têm o objetivo de ficar juntas, ou seja, morando juntas”, explica.
 
Ralf ainda revela que nunca escondeu nada de ninguém, nem no ambiente famíliar, acadêmico ou profissional. Ele sempre foi aberto e acha que isso proporciona um respeito maior por parte das pessoas. “Elas percebem que por você ser gay, você não é melhor ou maior que ninguém, e sim um ser humano normal, que ri e chora como qualquer outra pessoa” finaliza Ralf.
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