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Nem toda brasileira é bunda

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Nunca antes a bunda esteve tão em alta. Quer dizer, não no sentido em que está agora. E, sim: eu disse “bunda”. Optei por essa palavra ao invés de “bumbum” ou qualquer outro sinônimo porque nenhum deles tem a conotação que a bunda tem.

Vivemos num país onde o corpo é endeusado, cultuado, tido como “patrimônio nacional” (não é. Meu corpo é meu). A população feminina é vendida com uma imagem de calcinha fio-dental, pernas torneadas e uma bunda invejável.  São anos de construção dessa identidade. E, finalmente, quando compram a ideia, a empresa gringa é quem leva a chacota.

Não que eu esteja inocentando a Adidas pelas camisetas, mas, pondo a mãozinha na consciência, de quem é a culpa, realmente?

E brasileira – não todas, ainda bem! – gosta de ser vista e conhecida por ter bunda bonita. Isso me faz lembrar uma peça da atriz Heloísa Périssé, chamada “Miss Mossoró”.


“Por que eu insisto em ser um corpo? Porque a aceitação é muito mais rápida. Você vai ter na sua parede o pôster de um abdômen bem definido, de uma coxa bem feita, mas nunca de um cérebro, porque as pessoas não respeitam cérebro. Cérebro é um monte de minhoca horrorosa uma em cima da outra”.

Tragicômica essa realidade, não?

A questão é que, citando a música “Pagu”, da Rita Lee, “nem toda brasileira é bunda”. E essa citação virou tema de uma campanha na internet.

Depois das camisetas da marca esportiva, o grupo do Rotaract Club de Foz do Iguaçu Terra das Águas decidiu que precisava mostrar, especialmente aos brasileiros, que as mulheres tupiniquins tem conteúdo.

A estudante Rafaella Cogrossi, 21, e a empresária Fernanda Latronico, 23, explicam que esse foi um jeito de responder a campanha da Adidas. “Estamos no mês da mulher e queremos divulgar o nosso posicionamento. Então, decidimos postar no Facebook grandes mulheres do Brasil e contar as histórias delas. Queremos mudar a imagem da brasileira”, conta Fernanda.

Foto: Letícia Lichacovski / Clickfoz
Rafaella e Fernanda são diretoras do Rotaract Terra das Águas; Campanha foi idealizada pela presidente, Dayane Levigne

A resposta está sendo positiva, mas é um trabalho que vai levar tempo. Serão 30 mulheres durante o mês de março, sendo uma por dia.

“A visão da mulher é brasileira é algo muito promíscuo. E é o próprio Brasil que vende. Hoje, se você perguntar qual é a descrição da mulher brasileira será de uma mulher bunduda, peituda e gostosa, não de uma mulher batalhadora, que corre atrás dos seus objetivos”, acrescenta Rafaella.

A campanha também tem a intenção de mostrar grandes mulheres de Foz do Iguaçu. Você pode participar da campanha por Facebook ou Instagram: Basta postar uma foto usando a hashtag #NemTodaBrasileiraÉBunda.

E não é mesmo.

Eu sou mulher brasileira e a bunda não me representa.
 


 
 

   Letícia Lichacovski é repórter e fotógrafa do Clickfoz e 

   blogueira do Cereja no Ombro. Para interagir com a 

   jornalista, siga ela no Twitter e no Facebook.

 

 

 

 

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