Representantes dos “passeiros”, cidadãos paraguaios que trabalham transportando pequenas quantidades de alimentos adquiridos em supermercados de Foz do Iguaçu para Ciudad Del Este, e que também recebem o nome de “pequenos importadores”, anunciaram hoje que, caso não tenham permissão para trabalhar, pretendem bloquear a passagem de fronteira com Foz de Iguaçu a partir da próxima segunda-feira.
O conflito entre passadores de mercadorias e aduaneiros não é novidade na fronteira paraguaia. No ano passado, após vários incidentes ocasionados pelo endurecimento da fiscalização aduaneira, voltada especificamente para esses atravessadores, ocasionou uma série de manifestações causando lentidão e até mesmo paralisação na entrada de caminhões no setor de importação da aduana paraguaia. Foi preciso negociar com os representantes dos trabalhadores para formar e estabelecer uma série de compromissos que nunca foram cumpridos, de acordo com os representantes.
Desde a reabertura da fronteira entre Brasil e Paraguai, o contingente de servidores foi reforçado na aduana paraguaia, com o intuito de promover o controle de entrada de estrangeiros no país, e por conta desse aumento no controle, mercadorias e gêneros alimentícios, que comumente passavam despercebidos em meio ao grande fluxo de veículos, acabam sendo interceptadas com maior frequência, praticamente impedindo o trabalho das pessoas que fazem esse tipo de transporte.
A grande diferença de preço dos produtos de consumo em Foz do Iguaçu, faz com que centenas desses trabalhadores se dediquem a transportar mercadorias para o país vizinho, abastecendo mercearias e pequenos mercados dos bairros mais afastados do microcentro de Ciudad Del Este. No último dia 15 de outubro, com menos de 2 horas de reabertura de fronteira, nossos enviados, que estavam na região para cobrir a reabertura, presenciaram a apreensão de mais de 50 quilos de frangos congelados, provenientes de Foz do Iguaçu.
Representantes do grupo organizado de passeiros se reuniram na tarde de ontem com Iván Airaldi, secretário de Indústria e Comércio do Governo do Alto Paraná, na sala de reuniões do Governo do Alto Paraná, buscando um intermédio do secretário junto à Diretoria Geral de Alfândegas do Paraguai e aguardam, ainda para essa semana, uma solução para esse problema.
Sem progresso
No ano passado, após vários protestos e ameaças de fechamento da ponte, representantes dos pequenos importadores que alegavam que os grande contrabando entrava no país através dos caminhões chegaram a um acordo com a Direção de Alfândegas do Paraguai, que prometeu na época, avançar na regulamentação fitossanitária de alguns produtos evitando assim a retenção dos bens e na criação de um sistema mais simples para que os pequenos importadores pudessem passar seus produtos pela Ponte da Amizade. Também ficou acordado naquela ocasião, que a entidade estudaria a possibilidade do aumento da cota de compras desses pequenos importadores que atualmente é de US$150 para US$300.
Como havíamos afirmado, acima no texto, nenhuma dessas promessas foi cumprida, até o momento.
Representantes dos pequenos importadores afirmam estar sendo perseguidos, e acusam a Direção Geral de Alfândegas do Paraguai de permitir a entrada de contrabando nos grandes caminhões que cruzam diariamente a fronteira. Segundo eles, se não houver nenhuma sinalização da DGA para um acordo, a fronteira poderá amanhecer fechada por manifestantes a partir da próxima segunda-feira.
Com informações: Diário La Clave