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A cidade, a sujeira e o cidadão

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Na terça, voltei ao trabalho. Depois de alguns dias de férias, voltaram as aulas no colégio onde leciono e, aproveitando o tempo bom e a manhã agradável, resolvi ir a pé, apreciando a paisagem, as árvores e as ruas de nossa cidade. Mas o que era para ser uma inesquecível caminhada de meia hora, tornou-se um verdadeiro pesadelo urbano.

Pesadelo, para mim, é algo no qual entramos e do qual não conseguimos sair ilesos. Logo na saída de casa, caixas e mais caixas se amontoavam em um poste em frente a uma loja de móveis. Era muito sujeira em um só local. Ao lado, sacos de lixo rasgados e alguns cachorros dividindo pedaços de carne velha. Atravessei a Avenida JK e, a cada vinte metros, outro monte de lixo podia ser visto e, em todos os lugares, copos, sacolas, garrafas, bitucas de cigarro e papéis iam forrando meu caminho. Na Avenida Brasil, cartão postal da cidade, mais lixo. Caixas e mais caixas. Desci, entrei na Jorge Sanwais em direção à Almirante Barroso e parecia um cenário de guerra. Ou pós guerra: as pessoas indo trabalhar ou estudar desviando de todo aquele lixo. Nesta foto, que tirei na esquina da Jorge Sanwais com a Almirante Barroso, dá para ter uma ideia de como estava o Centro de Foz. Eu postei ela no Facebook e recebi comentários com a opinião das pessoas. Concordei com todas, pois falavam a mesma língua.

E o “caminho do lixo” continuou até próximo à Jorge Schimmelpfeng. Confesso ter ficado envergonhado – e desolado – ao ver tudo aquilo.

Qual reflexão tiro, com base nas cenas presenciadas e nos comentários dos amigos leitores?

Concluo: a culpa é nossa.

Sim. Nossa. De todos. Poder público, lojistas, catadores, moradores, etc. De todos.

O Poder Público precisa oferecer limpeza pública de qualidade e eficiente, visando manter a cidade agradável para quem mora e visita. E não o faz. Deve, também, cobrar mais atitude da empresa que presta o serviço de limpeza e, principalmente, um serviço digno de uma cidade que quer ser turística. Deve, por fim, fazer a apreensão dos cachorros de rua, dando a eles um destino adequado – não a morte, como faziam – e evitando, assim, problemas diversos com estes animais.

Os lojistas precisam entender que uma coisa é colocar sacos de lixo aos pés das árvores e postes – prática comum – e outra coisa é deixar suas dezenas de caixas na calçada. Isso prejudica também seu próprio negócio.

Os catadores precisam ser mais cuidadosos na abertura dos sacos, pois espalham o lixo para fazer a coleta seletiva e, muitas vezes, deixam-no pelo chão.

Os moradores – cidadãos – devem separar o lixo – efetivamente – e cobrar do Poder Público a coleta seletiva. Devem, também, colocar seu lixo nos horários de passagem dos caminhões, para evitar que fiquem ao ar livre, prejudicando o visual e até proliferando mal-cheiro e doenças. Devem, por fim, cuidar melhor de seus cachorros, pois estes podem virar o lixo em busca de comida.

Só assim teremos uma cidade melhor, mais limpa e cenas como as que presenciei ontem poderão ser apenas pesadelos e nunca, nunca mesmo, a realidade.

 


 

* Luiz Henrique Dias é encenador da Cia Experiencial o Teatro do Excluído e Estudante de Administração Pública. Leia mais em luizhenriquedias.com.br e siga ele no twitter: @LuizHDias.

  

  A opinião emitida nesta coluna não representa necessariamente o posicionamento deste veículo de comunicação 

 

 

 

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