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A Fifa não vai pagar impostos?

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Há este ano no Brasil uma disputa ideológica eleitoral muito intensa e a Copa do Mundo, mesmo sendo um evento esportivo e, por isso, isento de questões político partidárias se tornou o centro de muitos debates.

Sem argumentos, com a economia estável, a inflação sob controle e desemprego como um dos menores do mundo, a oposição e parte da imprensa brasileira elegeram a Copa como a única oportunidade para atacar o governo, visando capitalizar um eventual fracasso do Brasil para as eleições.

Num primeiro instante, diziam ser o Brasil incapaz de organizar o Mundial, alegando atrasos nas obras dos estádios e contestando, a todo instante, o chamado legado da Copa. Mas, com o término dos estádios e de importantes intervenções urbanas e nos aeroportos, os ataques se voltaram aos gastos e à própria Fifa, outrora ovacionada pela elite brasileira, inclusive durante a ditadura.

Sobre o legado, os pessimistas se depararam com estudos sérios, que demonstram um incremento de quase R$ 8 bilhões no PIB com a Copa das Confederações em 2013, além da geração de mais de 300 mil empregos.

Ainda, outros R$ 30 bilhões com os jogos deste ano, fora os R$ 140 bilhões movimentados durante a Copa, gerando mais de 3 milhões de empregos diretos (50 mil só na construção dos estádios), grande parte permanentes, além da construção e/ou modernização, ainda em curso, de aeroportos, portos, estradas e modais de transporte urbano.

Criaram, então, o discurso do superfaturamento dos estádios, sem citar, o entanto, os números verdadeiros.

Vamos a eles: seis arenas tiveram custos de construção muito abaixo do orçamento inicial: Pernambuco (1%), Dunas (14%), Fonte Nova (17%), Castelão (17%), Pantanal e Amazônia (24%). Os maiores aditamentos ocorreram ocorreram no Itaquerão, na Arena da Baixada e no Beira-Rio (estádios particulares, cabe lembrar). 

Outro discurso, de cunho totalmente político, foi o de perda da “soberania nacional” do Brasil para a Fifa: mais uma das mentiras criadas pelos “formadores de opinião” e reproduzidas por diversas pessoas contrárias ou à Copa do Mundo ou ao Governo.

Eis o fato: a Fifa vai pagar ao país mais de US$ 7,2 bilhões (R$ 16 bilhões) em impostos (o dobro do gasto para construção dos estádios, se estes tivessem sido feitos com dinheiro público), segundo estudos da FGV e da Ernst Young.

A venda dos bilhetes foi feita conforme as regras tributárias brasileiras e todos os impostos devidos serão recolhidos. As isenções fiscais, no entanto, habitam mais o mundo do bom senso do que da tal perda de soberania: importação de bens, como uniformes, carros e ônibus, em quantidades pequenas quando comparadas com o volume da indústria nacional, permanecendo tudo no Brasil após os jogos.

Ainda, facilidades na entrada de equipamentos de transmissão de jogos e aparato de imprensa, garantindo a visibilidade da Copa, e consequentemente da marca Brasil, para mais de 3 bilhões de espectadores – e potenciais turistas – em todo o mundo.

O Brasil fez concessões bem menores do que as feitas pela África do Sul em 2010 ou pela Alemanha em 2006.

Outro ponto importante das tais “isenções”, criticadas sem critérios, diz respeito à facilidade de expedição de vistos para entrada de estrangeiros a trabalho, como repórteres e jogadores, algo absolutamente razoável em um evento mundial com mais de trinta dias de duração.

O fato é que, quase duas semanas depois do início da Copa do Mundo no Brasil, a normalidade reina, os brasileiros estão felizes e os turistas satisfeitos. Tal clima gera desespero na turma do “quanto pior melhor” e jogam por terra a oportunidade de ganharem votos a custa do fracasso do país na organização do evento.

A única esperança, agora, para essa gente, é o Brasil perder a Copa, algo totalmente justificável por ser um torneio esportivo, e assim poderem bradar a derrota em seus discursos. E, mesmo assim, se a Seleção levar o título, vão dizer que foi tudo comprado. Afinal, para eles, tudo é bom, exceto o que é nosso.

 


 

* Luiz Henrique Dias é escritor. Siga ele no Twitter: @luizhdias

 

 

 

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