Previous slide
Next slide

Ator iguaçuense da Rede Record conversa com o Clickfoz

Previous slide
Next slide

 

A minissérie “Rei Davi”, da Rede Record, conta em seu elenco com o ator Elder Gattely, natural de Foz do Iguaçu e que há 15 anos, aproximadamente, deixou a Terra das Cataratas para dar novos rumos à profissão. Viveu por alguns anos em Curitiba, até passar entre os dez primeiros em uma oficina de atores da Rede Globo, com quase dois mil concorrentes. Dali em diante, conquistou espaço na dramaturgia brasileira. Atualmente de férias das gravações da minissérie (que conta com 29 capítulos e vai até o final de abril), esteve em Foz do Iguaçu na semana passada, visitando a família e amigos. O Clickfoz aproveitou e bateu um papo com ele. Confira.

 

Clickfoz: Como está sendo este trabalho, na TV Record? É o seu primeiro trabalho em uma grande emissora de TV?
 
Elder Gretally: Eu sou ator há 17 anos, completo 18 em 2012. Já fiz teatro em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. Mas este não é o meu primeiro trabalho na TV. Eu era contratado da Rede Globo e fiz uma novela da Rede Globo, no horário das 18h, chamada Negócio da China e meu personagem se chamava Jazão. Foi uma experiência sensacional. Fiquei quatro anos na Globo, fazendo diversos trabalhos lá como ator, preparador de elenco, enfim. Participei de quase todos os programas da emissora, fazendo novela, minissérie, de tudo um pouco. Inclusive no programa Linha Direta, programas humorísticos, e trabalhei por dois anos no programa Toma Lá da Cá. Só que lá eu ensaiava os atores, trabalhava atrás das câmeras. Agora estou na Record, fui contratado, tenho um contrato de quatro anos e faço parte do elenco da Record. Faço um grande personagem (na minissérie Rei Davi), é um dos personagens centrais da trama e estou na minissérie inteira, nos 29 capítulos.
 
 
Foto: Munir Chatack/Record
Elder Gattely vive o personagem Abiatar, na minissérie "Rei Davi", da Rede Record

 

Clickfoz: Então esse está sendo o seu primeiro trabalho de grande projeção, podemos dizer assim?
 
Elder Gretally: Na Globo eu também era um dos papéis principais, mas essa é uma minissérie e é a maior produção já feita no Brasil. São mais de R$ 25 milhões investidos. Por ser o meu primeiro produto dentro da casa, faço um dos lançamentos da Record nesta minissérie. Eu entrei na Record, através da oficina de atores formada por Roberto Bontempo, e foi a primeira oficina de atores feita na emissora. Para entrar nesta oficina foram feitos testes com atores do Brasil inteiro, uma média de 1,5 mil a 2 mil selecionados, para disputarem dez vagas masculinas e dez femininas e consegui passar. Fiquei um ano gravando cenas e fazendo o curso (que é maravilhoso) e ao término fui contratado e faço parte do elenco da Record. É fantástico poder viver este momento da emissora e da minha carreira também. 
 
Clickfoz: Essa rivalidade Globo x Record acaba sendo bom para o público?
 
Elder Gretally: Sem dúvida. Essa disputa entre as emissoras acaba enriquecendo o espetáculo. Para os atores é excelente, pois o campo de trabalho aumenta, você não fica preso a apenas uma emissora, tem mais possibilidades. Os últimos anos foram os que mais se contrataram atores no Brasil. São várias as produções: Record, Globo, SBT, Bandeirantes, etc. E essa minissérie, Rei Davi, está conseguindo superar a concorrência, ficar na liderança em alguns momentos, pois reúne um grande núcleo de atores e é um ótimo produto.
 
Clickfoz: Como foi o seu início de carreira em Foz do Iguaçu? Teve muitas dificuldades?
 
Elder Gretally: Bastante. Na verdade, ser artista no Brasil, independente da cidade, é muito complicado. Porque a gente tem dificuldade para conseguir verbas para projeto, por exemplo. O artista seja ele ator, músico, enfim, é feito por quem ama a profissão. É uma profissão que exige de você e você passa por momentos de dificuldade, as pessoas te olham na TV e pensam que a ‘vida é linda e que tudo é fácil’, mas não imagina que às vezes essa pessoa está há 15, 20 anos trabalhando, passando por dificuldades. Eu precisei ter dois empregos, cheguei a trabalhar de vendedor, para conseguir o dinheiro necessário para manter o meu sonho. Hoje, graças a Deus não preciso mais disso, as coisas estão dando certo, mas não é fácil ser artista no Brasil.
 
Clickfoz: Como você vê o cenário cultural em Foz do Iguaçu?
 
Foto: Divulgação
Em "Negócio da China", da Rede Globo, deu vida ao Jasão
Elder Gretally: Foz do Iguaçu está indo para um caminho de achar o seu lugar cultural. Hoje, a classe cultural tem falado sobre si mesma. E descobri agora que tem projetos, verbas do governo que estarão à disposição dos grupos de teatro, mas ainda não estão disponíveis por questões burocráticas, de falta de atores profissionalizados, de equipe profissionalizada. E isso, acho que é um caminho que Foz está trilhando, e que daqui a pouco, vai ter muito grupo profissional aqui, que vão usufruir destas leis. Eu comecei fazendo teatro amador, em escolas, depois entrei em um grupo amador da cidade, numa época em que houve um movimento teatral em Foz. E no desejo de continuar a profissão, acabei indo para Curitiba, onde encontrei muitos espaços alternativos, não só nos grandes teatros. Lá o artista se joga! Não tem dinheiro? Vende coisas. Faz permuta, mas faz arte. Este é um caminho que o artista de Foz vai acabar descobrindo daqui uns anos. Porque nada na vida é fácil, ainda mais na área da arte. Eu tiro o meu chapéu para os artistas daqui que estão se debatendo , quebrando a cabeça e estão lutando para fazer e trazer uma vida cultural para a cidade. É fundamental para a formação de um publico, é fundamental para a formação das pessoas, da sociedade, ter um investimento e ter um cuidado na parte cultural. Um ser humano sem cultura não é nada! Está havendo um movimento e eu espero que os governantes, que as pessoas envolvidas com a cidade, que os políticos, façam uma reflexão e olhem aqui para Foz, vejam as carências que existem. Eu sou um caso a parte, que conseguiu fazer minha carreira pela vontade, hoje está dando certo, mas com muita luta. Talvez, se eu tivesse tido mais incentivo, com certeza o caminho teria sido mais fácil e não estaria só eu aqui sozinho falando, teria muito mais gente. Porque talento tem, só precisa de uma oportunidade.
 
Clickfoz: A falta de um teatro municipal em Foz do Iguaçu acaba dificultando ainda mais a situação?
 
Elder Gretally: Não só isso. Acaba afetando a cidade de um modo direto. O turista está na cidade e não tem uma peça teatral como opção. Grandes shows encontram dificuldades de chegarem a Foz. Isso é muito complicado. E tem pequenas cidades por aí que não tem nem um terço da população que Foz do Iguaçu tem e possui um teatro gigantesco. Dá para perceber que são pessoas com disposição e força de vontade e pessoas interessadas na população. Precisa sim olhar para a população, levar a arte para a sociedade que tem necessidade, pessoas carentes, tirar as crianças das ruas e das drogas e levar para a cultura. O governo tem que olhar para isso, ainda mais em uma cidade de fronteira, correndo todos os riscos. Nossa população fica a mercê. Espero que essa entrevista possa ajudar neste sentido. Não quero voltar a Foz e saber que metade dos meus amigos foi assassinada ou virou bandida. Isso a arte pode evitar, e é o mínimo que a sociedade espera e acho que está começando a acontecer. Pelo menos tenho observado um movimento dos artistas, falta começar a ver os políticos também se movimentarem. Vamos parar um pouco de olhar para o nosso umbigo e olhar para as pessoas à nossa volta. Essa cidade ficará aqui e servirá para os nossos filhos, netos. E qual é essa cidade? Uma cidade maravilhosa, com pontos turísticos, tudo que se planta dá, uma cidade abençoada. A arte salva, a arte cura, a arte educa, a arte traz uma identidade para as pessoas e cidadão. Não acredito numa cidade que não se importa com isso, que não está nem aí para isso. Evitar essas ações, só irá trazer malefícios para Foz. Está mais do que na hora de fazerem um projeto para a construção de um teatro municipal aqui.
 
Previous slide
Next slide