Previous slide
Next slide

Com apoio do PTI, adultos e idosos aprendem a desenhar e pintar no CRAS Norte

Previous slide
Next slide
Foto: PTI

A caminho da oficina de desenho e pintura, que acontece todas as segundas-feiras no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) Norte, no Jardim Almada, Joana Maria de Jesus Bezerra, de 69 anos, bateu o carro. Ainda assim, fez questão de honrar o compromisso: mesmo atrasada, compareceu à aula, que é ministrada pelo professor Anderson Passos a adultos e idosos em situação de vulnerabilidade social.

A oficina é promovida pelo Parque Tecnológico Itaipu (PTI), por meio do programa de Educação e Cultura, em uma parceria com a Prefeitura de Foz do Iguaçu, e teve início há aproximadamente três meses. A turma atualmente é composta por pouco mais de 20 pessoas – em sua maioria, mulheres, que não tinham experiência com desenho e pintura. Segundo o professor, a evolução dos alunos tem sido impressionante – e eles mostram orgulhosos os trabalhos que têm produzido.

Antes do começo da oficina, os frequentadores do CRAS receberam em suas casas um convite para uma reunião, sem saber de qual assunto se tratava. “Encheu de gente aqui, ficou lotado. Quando explicamos o motivo, nos surpreendemos, porque foi muito legal a resposta. O pessoal se sentiu valorizado, muito feliz de alguém estar lembrando deles”, comenta Anderson. A maioria dos que compareceu ao encontro, iniciou a oficina. Teve quem não pode participar, por problemas como dificuldade de locomoção ou transporte, conta o professor, mas fez questão de aparecer no primeiro dia de aula para dar satisfação.

Anderson explica que, durante as aulas, trabalha com os alunos desde a parte teórica, apresentando, por exemplo, as diversas fases do estudo das cores, até o incentivo à criatividade e o estímulo ao gosto pela arte, pela pintura e pelo fazer artístico. E também com exercícios práticos: na oficina do dia 13 de novembro, a turma dava continuidade à pintura de uma orquídea. De acordo com o professor, o desenho foi escolhido pelas próprias alunas, pois muitas cultivam a flor em casa. Ele destaca que é um curso de arte profissional e que os participantes se surpreenderam ao perceber o conteúdo aprofundado.

Entretenimento e mais saúde

Foi a irmã de Joana que a avisou sobre a oficina, e ela viu uma oportunidade de sair um pouco de casa. “É uma forma da gente se entreter, né?’. Joana disse que sempre gostou de fazer artesanato, como crochê, e costuma dar os trabalhos que faz para as amigas da igreja. Mas desenhar ela nunca tinha arriscado. “Eu achava que não tinha dom para essas coisas”. Depois que começaram as aulas do CRAS, ela se empolgou e está até levando trabalho para casa. Comprou tintas por conta e está treinando durante a semana. Joana não tem dúvidas: “se eu pudesse, viria mais dias”, sobre a aula.

Após sofrer dois acidentes vasculares cerebrais, Maria Creuza Porto, 61, ficou com dificuldades de coordenação motora, principalmente em um dos braços, e começou a ter problemas com a memória. Ela percebeu que, ao começar a desenhar e pintar, a saúde melhorou. “Parece que até o braço melhorou. A cabeça melhorou, estou lembrando mais das coisas”. Quando soube que o CRAS e o PTI estavam ofertando as aulas, agarrou a oportunidade. “Para aprender, não tem idade. Nunca tivemos uma oportunidade como essa, um curso grátis. E a gente ia perder isso? Não dá!”.

O filho de Eugenio Meirele Machado, 50, sofreu um acidente de moto e estava internado no hospital. Ele pediu para que a filha fosse visitá-lo na segunda-feira, pois não queria perder a aula no CRAS. Antes de conhecer o professor Anderson, Eugenio só tinha usado tintas nas paredes de casa. Ele conta que o desenho e a pintura têm contribuído com o tratamento da depressão.

Maria de Lourdes da Luz, 67, tem 10 filhos, mas hoje mora sozinha. Com a casa “vazia”, segundo ela, considera que a oficina é uma boa distração. “A gente fica mexendo ali e distraindo a cabeça. E se sente melhor, mais feliz”.

A psicóloga do CRAS Thailine Ellen Chimin Weicolesco destaca que, entre os benefícios da oficina para os participantes, estão o aumento da autoestima e a melhoria das relações interpessoais. “São pessoas que, muitas vezes, moram sozinhas, não frequentam outros espaços e isso acabou influenciando muito na auto estima deles, no humor e desenvolvendo mais autoconfiança”, reforça.

Thailine afirma que, por meio das atividades que o professor passa, e com o incentivo recebido, os alunos desenvolvem habilidades latentes. “São dons que estavam adormecidos e hoje eles conseguem exteriorizar, porque é um espaço que privilegia isso”.

“Nós entendemos que a realização dessas oficinas em parceria com a Prefeitura são, de fato, o desenvolvimento do território por meio da arte e da cultura.”, reforça Jéssica de Lima, gerente do Programa Educação e Cultura do PTI.  “Envolver um público tão importante para a sociedade, que são os idosos, é fundamental para que eles se sintam parte da sociedade, e, além disso, oportunizar que eles conheçam um pouco do trabalho que fazemos no Parque”, complementa.

Outras oficinas

O convênio do PTI com a prefeitura também oferta oficinas de pintura e desenho para duas turmas de crianças e adolescentes de 6 e 17 anos e um grupo de artesanato para mulheres, no CRAS Norte. A parceria será expandida para outros CRAS do município e a intenção é também oferecer atividades no Centro de Juventude e no Centro de Referência de Atendimento à Mulher.

Fotos: Kiko Sierich

Legendas:

Oficina de Pintura1: A turma atualmente é composta por pouco mais de 20 pessoas – em sua maioria, mulheres.

Oficina de Pintura2: Professor afirma que os participantes se surpreenderam com conteúdo aprofundado do curso.

Oficina de Pintura3: Eugenio, Maria de Lourdes e Maria Creuza não querem perder nem uma aula.

Previous slide
Next slide