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Contra o Aumento da Passagem

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Caro leitor, agora chega.

Nós fomos até uma Audiência Pública e perdermos (isso mesmo, perdermos) quatro horas de nossas vidas vendo os técnicos do FozTrans (funcionários públicos) defenderem abertamente empresas privadas – que nos exploram há mais de vinte anos – e alegarem que elas têm prejuízo e trabalham no vermelho e ainda tentarem, com a maior cara-de-pau, nos convencer de que “pelo serviço prestado e pelo custo de operação, a passagem deveria ser bem mais cara”.

Assistimos a uma Audiência em que o representante das empresas não abriu a boca nem pra dar boa noite. E nem precisou. Sua defesa (feita por pessoas pagas, inclusive, com nosso dinheiro) era clara e cheia de argumentos confusos e mentirosos.

Esses mesmos “técnicos”, na segunda-feira (17), defenderam abertamente o aumento da passagem na Reunião do Conselho de Trânsito.

A informação, de fonte muito segura, é de que foi a reunião mais vazia do Conselho, com apenas seis membros participando.

Dois deles, o representante dos estudantes e o do Sindicato dos Rodoviários, eram contrários, enquanto que o representante das empresas (é claro) e – pasmem – o representante do FozTrans (o mesmo que tentou me enganar depois da audiência e disse, publicamente, que eu não sabia fazer cálculo de velocidade média quando o dele estava errado talvez intencionalmente para ludibriar os presentes) votaram a favor do aumento. Os outros dois, um representante do Sest e o vereador que integra o Conselho, ficaram sobre o muro.

Depois de uma articulaçãozinha da dupla Empresas-FozTrans e de uma jogadinha de mudar o tom da pergunta (de “a favor ou contra” para “aprovamos parcialmente e mandamos para o executivo”), os dois votos “nulos” migraram para o outro lado e o aumento não foi barrado pelo Conselho.

O que me assusta é ver, mais uma vez, as pessoas que representam o órgão público, responsáveis por fiscalizar, regulamentar, coordenar, etc, o transporte público, fazendo corpo mole (ou pelotão de frente) para as Empresas.

Na mesma segunda-feira, peguei a linha Norte-Sul (em direção à Vila C) às 19h30 e pude ver o quanto essa turma mente para nós. O ônibus demorou 35 minutos para passar (o FozTrans falava em 14 na Audiência e até o mentiroso do fiscal no terminal falava em 20). O ônibus, fora de horário de pico, sem nenhum estudante dentro, estava lotado! Veja a foto que tirei e constate a situação.

Ouvimos – e está gravado – o Diretor do FozTrans dizer que só havia lotação em horários de pico e o engenheiro do transporte usar a expressão “as pessoas estão mais felizes” ao mencionar esta mesma linha, que é, inclusive, o orgulho dessa gente que enche a boca para falar dos avanços e não pega ônibus para ver a humilhação que é.

O fato é simples: a população está insatisfeita, o serviço é ruim, caro, ineficiente, mal projetado, executado por pessoas destreinadas e sem respeito ao cidadão, fiscalizado por um órgão ou muito ingênuo ou muito esperto, com veículos pequenos, com tração frontal e inadequados aos padrões de acessibilidade e mobilidade urbana utilizados em muitas cidades brasileiras, ou até com os de Itaipu.

O fato é que não devemos engolir esse aumento de passagem como engolimos essas mudanças (para pior) e essa licitação desastrosa, que deve ser revista.

Se até agora éramos chatos, procurem outro adjetivo, porque, agora, vamos mobilizar toda a cidade por um transporte de verdade.

 

 


 

 
*Luiz Henrique Dias é dramaturgo, diretor da Cia Experiencial O Teatro do Excluído, Coordenador da Lupah! e estudante de Administração Pública. Acesse luizhenriquedias.com.br ou siga ele lá no Twitter: @LuizHDias

 

 

 

 

 A opinião emitida nesta coluna não representa necessariamente o posicionamento deste veículo de comunicação 
 

 

 

 

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