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Cultura em Foz: um movimento que não pode parar

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Vim aqui hoje, amigo leitor, refutar a máxima “em Foz não há cultura” ou “em Foz não acontece nada”.

Tais frases, ditas há muitos anos, as ouço desde pequeno, não representam o momento em que a cidade vive, fruto não de uma prefeitura, ou de um grupo, mas do trabalho de centenas de pessoas, cidadãos comuns, que abraçaram a causa cultural não como uma necessidade própria, mas como um desejo de se viver uma cidade.

Este trabalho se inicia em 2009, com a aprovação do Sistema Municipal de Cultura.

Antes, a cultura de Foz era composta por meia dúzia de amadores – e eu fazia parte deles – que passava os dias e as tardes a mendigar ajudas para a Fundação Cultural, Itaipu e empresariado.

Essa lógica precisava ser mudada. A partir deste documento, o artista sai de uma condição de pedinte e passa a ser visto como agente, como profissional.

O Sistema, pressupõe um Fundo e um Conselho. Aquele foi instituído – apesar da miséria dotada no orçamento para ele – e este eleito legitimamente na Conferência Municipal de Cultura.

Assim, a gestão de políticas públicas em Foz passa a ser democratizada e ampliada, além de estar alinhada ao Sistema Nacional de Cultura.

Foto: Estéfany Piastu
São mais de dois milhões e meio de reais na produção e difusão artística da cidade

O fato de Foz do Iguaçu ter dado este passo – fruto de uma pressão social e não de um Governo – já produz efeitos benéficos: recebemos quatorze Pontos de Cultura, que consistem em entidades, escolhidas por edital, aptas a receber recursos do Ministério da Cultura.

Em paralelo, muitas coisas boas vem acontecendo: shows, peças de teatro, Núcleo de Dramaturgia, festivais musicais, Virada Cultural, saraus literários – inclusive da Universidade Federal –, encontro com escritores, cineclubes, projetos de fotografia.

Nós que acompanhamos a agenda cultural da cidade já não passamos dois ou três dias sem ter algo – de qualidade – para fazer.

Tudo isso reflete o bom momento da cidade. Momento este que se inicia com a consciência da maioria progressista da cidade, que resolve, a cada dia, cada vez mais, desatar os nós, as amarras, do passado e seguir em frente.

Temos novos ares, novos cidadãos – que vieram morar aqui e trouxeram suas experiências – e novos olhares de muitos dos antigos moradores.

O que falta agora, para os agentes culturais de Foz, é se profissionalizar e construir uma singularidade local. Não há mais espaço – o público não suporta mais – aqueles que produzem as mesmas coisas, as cópias, há anos.

Há muito espaço e muito público para quem inova. Cria. Constrói.

Vivemos uma nova cidade. E quem não entender isso, e tentar reviver o passado sem cultura, ou a cultura da cópia e do assistencialismo, vai colher os frutos de plantar sementes estéreis em solo fértil.

  


 

 *Luiz Henrique Dias é Dramaturgo, Membro do Núcleo de Dramaturgia SESI/PR Teatro Guaíra, Presidente da Academia de Letras de Foz do Iguaçu e Conselheiro Municipal e Estadual de Cultura. @LuizHDias

 

 

  A opinião emitida nesta coluna não representa necessariamente o posicionamento deste veículo de comunicação

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