No ato público, os servidores denunciaram a falta de investimentos e o sucateamento do ensino público paranaense, refletiram sobre o momento político do país e criticaram a gestão municipal, principalmente nas áreas de saúde e educação. O movimento também prestou solidariedade aos educadores e estudantes de outros estados, submetidos à privatização, terceirização e corte dos direitos, como São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro.
O secretário de Organização da APP-Sindicato/Foz, Diego Valdez, explica os objetivos do ato. “É um movimento de resistência contra a retirada de direitos e pela valorização da educação”, afirmou. “Exigimos piso salarial, fim do fechamento de turmas e das terceirizações, concurso, contratação de servidores, equidade na educação especial e jornada de trabalho de 30 horas para funcionários de escolas”, enumerou o dirigente sindical.
Além das atividades na Praça do Mitre, o sindicato organizou ato público em Itaipulândia, reunindo servidores da rede estadual das cidades de Ramilândia, Matelândia, Medianeira, Serranópolis, São Miguel do Iguaçu e Missal. A paralisação contou com a participação dos educadores da rede municipal, que pedem o cumprimento da lei do piso salarial, a aprovação do plano de carreiras e o pagamento da hora-atividade no município.
Falta de servidores – Na manifestação, a secretária de Formação da APP-Sindicato/Foz, Cátia Castro, denunciou a sobrecarga de trabalho dos servidores devido às regras do porte de escola implantado pelo governo. “As agentes educacionais estão submetidas a condições desumanas. Escolas grandes, com 500 alunos por turno, dispõem de apenas três agentes para limpar 20 salas e os demais espaços” exemplificou. “As merendeiras e o pessoal da secretarias estão em condições parecidas”, completou Catia Castro.
Para a secretária de Comunicação do Núcleo Sindical de Foz do Iguaçu da APP-Sindicato, Mirian Takahashi, os problemas decorrentes do porte irão se agravar. “O governo contabilizou o número de matrículas no último dia 10. O efeito será negativo quanto às demandas e suprimentos de diretores, pedagogos e funcionários, além do risco de redução de turmas. Precisamos fazer a resistência nas escolas e não admitir cortes”, reiterou Mirian.
Direito à educação infantil – Durante o ato público promovido pela APP-Sindicato/Foz, a representante do movimento Pais em Ação, Zilda Moreira, apresentou o abaixo-assinado pela garantia da integralidade da educação infantil. A Prefeitura de Foz do Iguaçu anunciou recentemente que prestará atendimento em meio período para as crianças de 0 a 3 anos de idade, matriculadas nos centros municipais de educação infantil, neste ano.
“Convidamos todos os pais e mães a participarem desta campanha, independentemente de ter ou não filhos nos Cmeis. Essa é uma luta de toda a sociedade, pois a defesa do ensino infantil está ligada aos demais direitos, como alimentação, moradia e saúde”, disse. Segundo ela, a maioria das mães não terá com quem deixar os filhos. “Não existe meio período para as trabalhadoras. Com quem deixaremos nossos filhos?”, questionou.
Movimentos – O professor Silvio Borges Junior, representante sindical de base, refletiu sobre o atual cenário político do país. Pare ele, os trabalhadores precisam construir um campo político alternativo, para além da disputa polarizada. “Todas as nossas conquistas são feitas com organização e luta. Os trabalhadores precisam se organizar e fortalecer as entidades de classe, como sindicatos e os movimentos sociais”, enfatizou o educador.
A presidente da União Municipal Estudantil de Foz do Iguaçu (Umefi), Bia Feliponi, destacou a importância da luta dos educadores a favor da escola pública e enalteceu a participação dos estudantes nos movimentos de reivindicação. “Estamos sempre presentes para defender o ensino gratuito. Temos que cumprir esse papel, pois se nós não defendermos a educação, quem defenderá?”, refletiu a estudante.