A aplicação do conceito de Felicidade Interna Bruta (FIB) tem influência direta no sucesso da gestão empresarial. A afirmação é consenso entre várias autoridades que participaram do painel FIB nas Empresas, promovido no sábado (21) à tarde, durante a 5ª Conferência Internacional Sobre Felicidade Interna Bruta.
Realizado no Hotel Rafain, em Foz do Iguaçu, pela Itaipu Binacional, Instituto Visão Futuro e diversos parceiros, o evento conta com 450 participantes e reúne especialistas de diferentes partes do mundo em debates e discussões sobre a implementação desse novo conceito sobre indicadores de bem-estar social, o FIB, que pode ser aplicado em países, estados, municípios e organizações de diversos portes.
A conclusão do painel FIB nas Empresas é que estas obtêm resultados mais significativos se seus colaboradores são mais felizes. A felicidade do quadro organizacional é traduzida, conforme Marcelo Cardoso, vice-presidente de Desenvolvimento Organizacional da Natura, em menores custos operacionais, aumento de produção, maior engajamento, melhor desempenho, e consequente reconhecimento profissional e melhor remuneração. “Além disso, funcionários felizes apresentam maior desenvoltura em processos criativos, com ideias inovadoras”, frisou Cardoso.
Nesse contexto, a implementação das nove dimensões do índice FIB (bem-estar psicológico, uso do tempo, vitalidade da comunidade, cultura, saúde, educação, diversidade do meio ambiente, padrão de vida e governança) nas empresas serve de ferramenta para valorizar o capital humano e, consequentemente, segundo estudos, aumentar a longevidade das companhias.
O diretor de Coordenação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich, disse que a empresa está familiarizada com os conceitos do FIB ao desenvolver programas socioambientais como o Cultivando Água Boa. O projeto integra a nova missão da Itaipu de promover o desenvolvimento sustentável da Bacia do Paraná 3 (bacia hidrográfica conectada ao reservatório da usina) e conscientizar empregados e colaboradores acerca de valores como o respeito, o cuidado com a natureza e com os recursos naturais, em especial a água.
“Esse trabalho inicia dentro da empresa, onde discutimos novos valores, novos modos de ser, sentir, produzir e consumir, e tentamos transmitir a importância da responsabilidade socioambiental de cada um”, frisou.
Produtividade – Um estudo da Universidade de Harvard (EUA), apresentado durante a 5ª Conferência Internacional sobre FIB, demonstrou que trabalhadores com carga horária menor são mais produtivos do que aqueles que trabalham mais horas semanais. O estudo comparou a produtividade de duas empresas do mesmo setor, uma delas com 55 horas semanais e poucos dias de folga ou férias, e a outra com 40 horas semanais e mais descanso. Em quatro anos, a produtividade daqueles que trabalharam menos aumentou 5%.
A pesquisa foi apresentada pelo norte-americano John de Graaf, que é coordenador do movimento Take back your time (algo como Reconquiste seu tempo, em tradução livre), que tem como objetivo combater a falta de tempo livre e o excesso de trabalho nos Estados Unidos. Ele também comparou os índices dos EUA com Dinamarca, Finlândia, Holanda e Suécia, países onde: a desigualdade salarial é a menor do mundo, se pagam os maiores impostos (mas com excelentes serviços de saúde e educação), e os turnos de trabalho são mais curtos, mas com índices de felicidade no trabalho maior.
Em contrapartida, os norte-americanos têm piores índices de saúde ocupacional, apesar de gastarem mais com serviços nessa área. Além disso, 25% dos trabalhadores daquele país têm apenas 15 dias de férias por ano e trabalham em média 55 horas semanais.
“Surpreendentemente, a crise financeira teve reflexos positivos: as pessoas (dos EUA) passaram a comer menos em restaurantes, estão consumindo menos álcool, se exercitam mais, compraram mais bicicletas e menos carros, estão atuando mais em trabalhos voluntários, houve redução de 21% no número de acidentes de trânsito”, afirmou de Graaf. “Temos de aprender a dizer não! É importante trabalhar duro e se esforçar, mas sem esquecer do que realmente tem valor, que é preservar a vida pessoal e ser feliz. Isso é possível”, concluiu.