Todos que acompanham a Fórmula 1 sabiam o quanto era difícil a missão de Rubens Barrichello para tentar levar a decisão do título mundial para a última etapa da temporada 2009, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, no dia 1º de novembro. No entanto, a sorte parecia estar ao lado do piloto brasileiro da Brawn GP durante o treino de classificação, que definiu o grid de largada. Devido à forte chuva que caía em Interlagos, a tomada de tempo durou mais de duas horas e colocou os favoritos para largarem no pelotão de trás, enquanto Barrichello conquistava o primeiro lugar.
Porém, a situação se inverteu no domingo (18). Apesar das inúmeras nuvens que pairavam sob o céu paulistano, não houve chuva durante a prova. O que se viu foi muita confusão. Logo na largada, pelo menos três carros abandonaram por se envolverem em acidentes. Jarno Trulli, da Toyota e Adrian Sutil, da Force India, bateram forte, tirando da corrida também o espanhol Fernando Alonso, da Renault. Além disso, outros incidentes, como a mangueira de combustível presa no carro de Heikki Kovalainen, da McLaren, após sair de sua primeira parada, beneficiaram o inglês da Brawn GP, companheiro de Barrichello e líder do campeonato, Jenson Button, pulando da 14ª, para a 9ª posição.
Lá na frente, Rubens Barrichello tentava baixar cada vez mais seu tempo, para abrir certa distância para o segundo colocado, o australiano da RBR, Mark Webber. O máximo que conseguiu foi pouco mais de dois segundos, insuficientes para fazer a parada nos boxes e retornar entre os primeiros colocados.
Para quem pensava que Button faria uma corrida cautelosa, tentando apenas levar o carro até o final, preservando-se pelo título, enganou-se. O inglês passou a tomar uma atitude ousada, forçando a ultrapassagem em vários pontos da pista e se aproveitando do fato de a maioria de seus adversários na frente serem pilotos inexperientes. Mas nem por isso alguns deixaram de esboçar reação. Foi o caso do japonês Kobayashi, da Toyota. Estreante do dia na principal categoria do automobilismo mundial, o piloto não fez cerimônia e segurou Button por mais de 20 voltas. Aos poucos, o carro de Barrichello foi perdendo rendimento, e as ultrapassagens dos adversários foram inevitáveis. E se a situação já estava complicada para o brasileiro, complicou ainda mais com a necessidade de uma parada extra, devido a um inesperado pneu furado.
De forma tranquila, Webber cruzou a linha de chegada em primeiro, com Robert Kubica da BMW Sauber em segundo e Lewis Hamilton da McLaren em terceiro. Sebastian Vettel da RBR chegou em quarto, e Jenson Button, em quinto assegurou o inédito título mundial, com uma corrida de antecipação. Barrichello conseguiu apenas uma oitava posição, perdendo o segundo lugar na classificação geral para Vettel, 74 pontos a 72.
O título do Mundial de Construtores foi assegurado com sobras pela Brawn GP, equipe que se inscreveu poucos dias antes do início da temporada, após seu proprietário, Ross Brawn, comprar a antiga Honda. Com 161 pontos, o time inglês não pode mais ser alcançado pela RBR, que tem 136,5. A próxima e última etapa em 2009 será o GP dos Emirados Árabes, inédito no calendário da Fórmula 1, no dia 1º de novembro.