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Jogo de compadres? Maríto diz sim para abertura, Bolsonaro diz não!

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Mário Abdo Benitez e Jair Messias Bolsonaro durante encontro. Foto: Itaipu Binacional

Estava bom demais para ser verdade, não é mesmo? Quando boa parte dos moradores de fronteira aguardava pelo anúncio, por parte do governo paraguaio, de uma reabertura gradual e flexibilizada, a pressão exercida pelas manifestações que ocorriam quase que simultâneamente nos departamentos de Alto Paraná, Canindeyú e Amambay cujo as capitais são conhecidas cidades de fronteira frequentadas por brasileiros, acabou provocando o anúncio, ainda por parte do governo paraguaio, de uma reabertura total, livre de restrições ou embargos por um período de 3 semanas a título de “teste”.

O governo paraguaio estava pressionado? Sim! Depois de transformar seu país em uma ilha fechando suas fronteiras aéreas e terrestres e afirmar, no dia 08 de maio, que o Brasil representava uma ameaça à saúde do Paraguai, o presidente paraguaio chegou a ter seu nome citado no jornal americano The New York Times que exaltava o fato de o país ter sido um dos primeiros países na América Latina a estabelecer um bloqueio nacional para conter a pandemia. 

“Com a situação do Brasil hoje, nem sequer passa pela nossa cabeça abrir a fronteira. O Brasil é, talvez, o lugar onde existe hoje a maior expansão do coronavírus do mundo e isso é uma grande ameaça para o nosso país”, afirmou Mário Abdo Benítez, em maio deste ano.

Mas o tempo passou… 

E como já diria os pensadores, “o tempo é o senhor da razão”, e com o passar do tempo, o Paraguai, ainda que não na mesma velocidade que o Brasil, veio a sofrer das mesmas mazelas, guardadas as devidas proporções geográficas, claro. Nas últimas semanas, representantes da saúde do país vizinho, chegaram a afirmar que em Ciudad Del Este, cerca de 50% da população já havia contraído o Coronavírus e possivelmente, alcançado a tão falada “imunidade de rebanho”.

Sem poder contar com o discurso sobre a “eficácia do isolamento”, o presidente paraguaio viu sua população. e até mesmo políticos aliados, mudarem de opinião e também o tom da crítica.

Ministros da saúde e do interior tiveram que se tornar negociadores, atuando junto a prefeitos e governadores para apaziguar os ânimos de uma população cada vez mais revoltosa. E nesse ínterim, por incontáveis vezes, afirmaram em entrevistas coletivas que, estava havendo negociações entre os presidentes para promover a reabertura gradual e flexibilizada da fronteira.

Representantes locais, prefeitos e governadores brasileiros também entraram nas negociações, trabalhando em conjunto, inclusive, para produzir um protocolo sanitário que seria apresentado aos presidentes. 

Após duas grandes manifestações nas cidades paraguaias que fazem fronteira com o Brasil, além do anúncio do fechamento de diversas empresas que resultaram em um número de novos desempregados que chega aos milhares, representantes do governo do Paraguai vieram à fronteira, em Ciudad Del Este, no último dia 22, com a promessa do anúncio de um plano de reabertura gradual. 

A região da aduana da Ponte Internacional da Amizade e também a cidade de Pedro Juan Caballero ardiam com manifestações quando, pouco depois das 12h00 veio o anúncio que surpreendeu a todos. 

De acordo com os anunciantes, que no caso eram ministros paraguaios e responsáveis pelo setor de migração, o governo não apenas promoveria a reabertura das fronteiras, mas também estaria dispensando restrições e controles limitativos para a entrada de estrangeiros no país, colocando como única regra, um limite territorial que não poderia ser ultrapassado pelos estrangeiros que poderiam entrar e sair do país todos os dias. 

Durante o ato onde a reabertura foi anunciada, ministros deixaram claro que a decisão havia sido tomada após conversas telefônicas entre ambos os presidentes, a última delas, ocorrida no dia anterior ao anúncio, segundo eles. Não podemos deixar de lembrar também que, nesses quase 200 dias de fronteiras fechadas, os dois presidentes se encontraram presencialmente em pelo menos duas ocasiões.

Nós não sabemos, e provavelmente nunca saberemos, qual foi o teor dessas conversas entre os presidentes, mas fica claro agora que, ou Maríto, pressionado pela população, pediu ajuda ao parceiro brasileiro para tirar de suas próprias costas o peso da manutenção do fechamento da fronteira, mantendo-a fechada, desta vez porém, por decisão dos brasileiros, ou o “portunhol” usado no bate-papo entre os mandatários não deixou claro para ambos as intenções de cada país, já que, três dias após o anúncio por parte do governo paraguaio, o governo brasileiro, anunciou em uma edição extra do DOU (Diário Oficial da União) a Portaria de número 456 onde prorroga pelo prazo de trinta dias, a proibição da entrada no país, de estrangeiros de qualquer nacionalidade, por rodovias, por outros meios terrestres ou por transporte aquaviário.

O documento é assinado pelos ministros Walter Souza Braga Netto (Casa Civil), André Luiz de Almeida Mendonça (Justiça e Segurança Pública), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Eduardo Pazuello (Saúde).

Em Ciudad Del Este

O prefeito de Ciudad del Este, Miguel Prieto, disse nesta sexta-feira que a decisão do governo brasileiro de prorrogar o fechamento de suas fronteiras é um golpe muito forte. Ele ressaltou que uma solução deve ser buscada porque a crise econômica, causada pela pandemia, está aumentando.

“Acho que esta situação é lamentável. Continuamos trabalhando no protocolo sanitário, em algum momento ele terá que ser usado e em algum momento a fronteira terá que ser aberta, não será fechada para sempre ”, disse o prefeito em entrevista à Rádio 1080 AM.

Ele argumentou ainda que muitos setores da cidade estão trabalhando juntos para reabrir a fronteira, buscando amenizar a crise desencadeada pela pandemia do COVID-19 e oxigenar a economia. O prefeito insistiu que a decisão do Brasil é um “golpe muito forte” para o comércio de fronteira.

Prieto mencionou ainda que, está sendo analisada a possibilidade de concessão do certificado de residência para viabilizar o trânsito de moradores entre as cidades gêmeas, como Ciudad del Este com Foz de Iguaçú. A decisão do Brasil também afeta Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã e Salto del Guairá que faz fronteira com Guaíra, e não apenas a Ponte da Amizade.

“Ciudad del Este não suporta mais, estamos em um estado de calamidade economicamente falando, porque na saúde estamos nos recuperando, pelo menos é essa a percepção que temos. Isso com certeza vai ter algum tipo de repercussão, mas vamos continuar trabalhando e buscar algo que possamos fazer ”, acrescentou Prieto.

O governo brasileiro prorrogou o fechamento de suas fronteiras até 24 de outubro. Com a determinação, o comércio de fronteira fica reduzido aos moradores de “cidades gêmeas”, desde que haja reciprocidade entre os países e que os moradores como comprovar a residência nas cidades, seja através de um certificado ou outro documento que prove residência e seja aceito pelos órgãos fiscalizadores. Com a nova medida, não sabemos ao certo se o governo paraguaio manterá seu plano de liberar a entrada no país a partir de 29 de setembro, o que automaticamente permitiria o ingresso de iguaçuenses em Ciudad Del Este. Para ler a íntegra da Portaria, Clique Aqui

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