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Lei obriga ônibus a pararem fora dos pontos de desembarque para mulheres

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Uma lei de Foz do Iguaçu obriga que motoristas parem os ônibus, após às 22 horas, fora dos pontos de desembarque para mulheres. Desde que haja lugar para estacionar e não atrapalhe o tráfego, a usuária do transporte coletivo pode soliticar a parada.
 
Para algumas mulheres, isso é novidade. A questão é que essa lei foi sancionada e está em vigor desde 2011 no município. Em alguns veículos, o Consórcio Sorriso, responsável pelo transporte público de Foz do Iguaçu, anuncia a legislação. Em outros, as passageiras seguem sem nenhum aviso.

Foto: Lauane de Melo / Clickfoz
Aviso afixado em um ônibus da frota do consórcio

A estudante Caroline Agripino Lewin, 25 anos, é dependente do transporte urbano e, mesmo sem precisar fazer o pedido de parada fora de ponto, já presenciou situações de indignar qualquer um. "Uma vez, uma mulher pediu para parar a cinco quadras do ponto. O motorista parou mas, assim que ela desceu, ele e o cobrador começaram a zombar dela, do tipo: ‘Nossa, vai morrer se andar cinco quadras sozinha’", relembra.
 

Foto: Arquivo Pessoal
Caroline Agripino: "Isso reflete que o machismo está totalmente enraizado na sociedade"
"Isso reflete que o machismo está totalmente enraizado na sociedade. Um homem também sofre riscos, como ser assaltado e agredido. Uma mulher tem que se preocupar se vai ser estuprada, roubada, torturada, incomodada, ameaçada".

E Caroline (infelizmente) sabe, na pele, desses perigos. "Uma vez, quase fui vítima de estupro a uma quadra da minha casa. O cara só me soltou porque passou uma viatura e eu saí correndo. E estava só a uma quadra! Imagina cinco?".

O Brasil é o 7º país no mundo com maior número de registros de violência contra a mulher. Conforme um estudo realizado em março deste ano, estima-se que, anualmente, haja mais de 500 mil tentativas ou casos de estupros no país. Não é possível afirmar com certeza, porque apenas 10% são registrados à polícia.
(Fonte: Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde (versão preliminar), de Daniel Cerqueira e Danilo de Santa Cruz Coelho)

 
Por isso, apesar da lei ajudar, a mudança deve acontecer, também, na cultura. "O combate ao machismo cultural é lento e enfrenta várias barreiras. A transformação legislativa serve pra proteger quem já sofre com isso no dia a dia, e a cultural pra tentar evitar que isso aconteça", defende Agripino, que é envolvida com causas feministas.
 
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