Duas das três calhas foram abertas para liberar o excedente não usado para a produção de energia elétrica. Uma segunda calha normalmente é aberta quando o vertimento supera os 10,5 mil metros cúbicos de água por segundo. A medida é operacional.
Mesmo vertendo, Itaipu está produzindo em capacidade máxima para suprir o Brasil e Paraguai. Em novembro, o vertedouro ficou 26 dias aberto e quatro fechado.
Boa parte dessa situação ocorre em função do fenômeno El Niño, um dos mais intensos de todos os tempos, já comparado aos registrados em 1997/1998 e 1982/1983. Para se ter uma ideia, novembro de 2015 foi o segundo mais chuvoso da história, só perde para 2002. No mês passado choveu 311 milímetros. No ano do recorde foram 418,80 milímetros.
Situação oposta – No ano passado, em novembro, não houve nenhum vertimento na Itaipu. O Brasil vivia uma situação bastante atípica, com uma seca histórica. Na região Oeste, o mesmo fenômeno se repetia. O reservatório de Itaipu estava numa cota bem menor do que a atual. Hoje, a usina está operando na cota 220,40m acima do nível do mar. Geralmente, em situações normais de consumo e de operação, acima de 220,30m, a usina começa a verter.
A chuva intensa também fez cair a temperatura média em Foz do Iguaçu em relação ao ano passado. Baixou de 24,5 graus para 23,5. Para os turistas, o vertimento é um espetáculo sem igual. Um cenário para tirar fotos em diferentes ângulos, especialmente em dias de sol.
A Itaipu mantém uma Comissão de Cheia mobilizada. Boletins hidrológicos são emitidos diariamente com o monitoramento dos rios e avisos de alertas para a defesa civil dos dois países.
Recorde de visitantes – Em novembro, o vertedouro chegou a ficar com todas as três calhas abertas. Geralmente, ficam abertas apenas uma ou, no máximo, duas. A abertura ocorreu depois de quatro anos para testes operacionais. O vertimento passou dos 10,5 mil metros cúbicos de água por segundo, o equivalente à vazão média de oito Cataratas do Iguaçu. A reabertura bateu recorde de visitação na usina. No dia, mais de 10 mil pessoas passaram pela Itaipu.
El Ñino – O fenômeno El Niño é caracterizado por um aquecimento anormal das temperaturas do Oceano Pacífico na sua porção equatorial quando o valor registrado supera em 1,0°C a média histórica por pelo menos seis meses consecutivos.
Quando ele ocorre, além do aquecimento anormal, também são observadas alterações no regime de ventos na mesma região. O fenômeno El Niño acontece em intervalor médios de quatro anos e tem duração de 6 meses a um ano e dois meses. O fenômeno tem impacto direto no regime de chuvas na região sul do Brasil.