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O Ativismo de Sofá II

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Há cerca de dois anos, publiquei, aqui no Clickfoz, um artigo chamado Ativistas de Sofá onde, dentre outras abordagens, discutíamos sobre a grande mobilização nas mídias sociais e a total inércia no mundo real. Na época, dezembro de 2011, o ativismo virtual ainda era uma novidade no Brasil, apesar de episódios mundiais relevantes como a Primavera Árabe e o BlogMundo.

Hoje, passados quase dois anos, e dois anos é uma eternidade quando se fala em tecnologia e informação, percebo a continuidade do movimento ativista de sofá.

Mas com outra cara, outra roupagem.

A concentração do ativismo é, hoje, no Facebook (na época havia certa distribuição no tripé Blog-Twitter-Facebook) e tem se pautado mais na expansão de ideias, frases de ordem e palavras prontas. O gerador de conteúdo, baseado em apenas uma imagem e pouca informação escrita difunde, vorazmente, uma ideia.

Mas a pergunta que sempre faço é: até que ponto o mundo virtual pode ser uma porta para o ativismo real?

Até que ponto somos realmente ativistas das causas compartilhadas por mídias socias: defesa dos animais, busca por pessoas desaparecidas, apoio a pessoas com doenças, combate a corrupção, etc?

Creio – e não sou nenhum saudosista ou contrário à internet, pelo contrário – estarmos substituindo o prazer – a boa sensação – de ajudar ou fazer algo pela sociedade, de forma prática, pela simples fato de divulgarmos uma foto ou imagem. Ouço, diariamente, pessoas utilizando a expressão “eu compartilhei” no lugar de “eu fiz” ou “eu ajudei”. Mas não podemos mensurar o quanto a simples propagação da informação, em um ambiente tão efêmero e vazio como o Facebook, gera ações reais. No meu empirismo calculo que muito pouco. Quase nada.

Estamos formando – e fazemos parte – de uma geração amorfa e sem cor, sem sal. Sem graça. Estamos perdendo a oportunidade de difundir – ainda mais – informações relevantes – mesmo na forma de imagens rápidas e de bom humor – e propositivas. Mesmo tentando, a boa informação se dilui no emaranhando de oportunismo burro.

Há quase dois anos, ao escrever sobre o ativismo de sofá, tentei profetizar que era uma fase, que passaria, que aprenderíamos a usar tudo isso para bem. Passados quase dois anos, digo: há esperança, sim. Mas ela sublima, a cada dia.

 


 

 * Luiz Henrique Dias é encenador da Cia Experiencial O Teatro do Excluído de São Paulo e membro do Núcleo de Dramaturgia SESI – PR. Leia mais em www.luizhenriquedias.com.br

 
 

 

 

 

 

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