Previous slide
Next slide

O Cruzamento

Previous slide
Next slide

Terça-feira, 10 de janeiro, 15h, lá estava eu no meu escritório, localizado na Rua Rui Barbosa, próximo ao cruzamento com a Marechal Deodoro, quando, de repente, uma freada e, na sequência, uma batida. Tomado por um impulso, saltei da cadeira, abri a porta e corri em direção a esquina onde, um homem, que pilotava uma moto, estava caído, com uma fratura exposta. Enquanto alguns o ajudavam, já fui ligando para o SIATE e, enquanto o resgate não vinha, pensava o quanto aquela cena, apesar de assustadora, se tornou comum para quem trabalha e mora naquela região.
 

Um misto de falta de planejamento e falta de cidadania. Assim podemos definir o que acontece no cruzamento da Rui Barbosa com a Marechal Deodoro, no Centro de Foz, e, certamente, acontece em vários outros cruzamentos da cidade. Motoristas cada vez mais inconsequentes e estressados, promovem barbaridades de todos os gêneros. Todos os dias, presenciamos cenas assustadoras e, pelo menos, a cada dois dias, há um grave acidente nas redondezas. Tanto durante o dia quanto à noite.

Nesta foto, um capotamento ocorrido com um táxi, na Marechal Deodoro.

Na foto abaixo, tirada há algumas semanas, uma caminhonete (que fugia de outro acidente ocorrido na Avenida Brasil), atravessou a preferencial e acertou em cheio um veículo que vinha na preferencial, ferindo gravemente a motorista do carro. Lembro que ele – o motorista da caminhonete – tentou fugir a todo momento, contido por populares.

Outro problema que enfrentamos, quase diariamente, é a atribuição sobre quem atende aos acidentes. A Guarda-Municipal manda ligar na PM. A PM manda ligar na Gurda-Municipal. Se você ligar na PM dizendo que o trânsito está complicado devido a algum acidente, ela – a PM – dirá que “trânsito é com a Guarda”. Se você ligar na Guarda dizendo que houve um acidente, ela – a Guarda – dirá que o “B.O. deve ser feito pela PM” ou “você já ligou para a PM?”. Ouço essas frases todas as vezes. Geralmente a Guarda só vem quando falamos que “o trânsito está caótico devido ao acidente” e a PM só vem quando dizemos que “há possibilidade de briga” ou “o motorista que fugir”. Caso contrário a recomendação é “deslocar os carros para o Batalhão para se fazer um B.O.”. Um horror essa assistência ao cidadão.

O que fazer?

Não vou falar da polícia ou da Guarda, pois já sabemos o quanto é difícil contar com elas. Não vou falar, também, sobre a educação dos motoristas. Isso é consenso entre todos nós: é preciso se conscientizar aqueles que tem permissão de dirigir para que o façam de forma responsável e respeitável. Mas isso é um longo caminho.

O que pode ser feito, no entanto, é oferecer uma melhora substancial no planejamento de tráfego da região (e do Centro todo).

Tal melhora, passa pela renovação – e manutenção – da sinalização de trânsito. Houve uma melhora substancial em algumas ruas do Centro, mas é preciso um trabalho contínuo de manutenção. Tal melhora, passa, ainda, pela colocação de semáforos (o FozTrans tem alguns instalados desde dezembro, mas não estão funcionando, ainda) e lombadas eletrônicas. Passa, também, por uma fiscalização mais efetiva da velocidade, no estacionamento irregular (principalmente nas esquinas).

Recomendaria, também, acabar com aqueles semáforos piscando à noite.

Além disso, é preciso uma ação rápida das autoridades pois, na maioria das vezes, o motorista culpado tenta fugir e somos – nós cidadãos – obrigados a agir. Um caminho interessante seria a colocação de câmeras de vídeo nos principais cruzamentos da cidade e a criação de uma central de monitoramento.

Enquanto não houver uma ação integrada entre Poder Público e população, a tendência é somente piorar esse quadro, não só no cruzamento citado, mas em tantos outros.

E, no caso do motoqueiro, que citei no início da coluna, o motorista que causou o acidente, um táxi, de placa paraguaia, fugiu, deixando a vítima ali, aos cuidados de populares. Tentamos ir atrás, mas o taxista foi rápido e sumiu. Restou, apenas, o sentimento de impotência, tão normal entre nós, cidadãos.

 


 

*Luiz Henrique Dias é dramaturgo, estudante de Administração Pública e comunista (convicto). Ele é conhecido como “socorrista da rua” porque é sempre o primeiro a chegar aos acidentes perto de seu trabalho. O Luiz fala que é porque gosta de ser cidadão, mas nós não concordamos com essa tese e achamos que ele quer mesmo é aparecer no programa sanguinário do meio-dia. Leia mais em www.luizhenriquedias.com.br ou siga ele no Twitter: @LuizHDias

  

  A opinião emitida nesta coluna não representa necessariamente o posicionamento deste veículo de comunicação 

 

 

Previous slide
Next slide