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País do futebol? Nem tanto assim

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O Brasil sempre foi considerado, principalmente por nós mesmos, como o país do futebol. Um levantamento feito pelo jornalista Braitner Moreira, do Correio Brasiliense, aponta que estamos longe dessa realidade. Pelo menos no que diz respeito à assistência dos torcedores aos estádios.

Na lista das melhores médias de público de 2016, apenas Palmeiras, Corinthians e Internacional ficaram entre as 100. O Flamengo vem logo a seguir em 106 lugar, número muito baixo pra quem ostenta a posição de maior torcida brasileira. Países como o Irã, tem equipe melhor colocada que as nossas.

Quando se estavam construindo os estádios para a Copa de 2014, o governo dizia que as obras seriam um legado para o futebol brasileiro e que quase não haveria utilização do dinheiro público. As 12 arenas, porém, custaram R$ 8,7 bilhões; 82% disso foi pago com verbas públicas ou por meio de incentivos fiscais. E o pior, A construção de tantas obras faraônicas resultou em nada, pois a média de público no Brasil está cada vez menor.

A Arena Pantanal custou R$ 646 milhões e quem manda seu jogo ali é o time do Cuiabá, que teve a média de público de 381 pessoas, disputando a série D do Campeonato Brasileiro em 2016. Segundo esse brilhante levantamento inédito do Correio Brasiliense em 148 campeonatos de 75 países foram analisadas as médias de torcida pagante de 2.956 times de todos os continentes na temporada passada. No ranking que aponta quem leva mais público aos estádios, no mundo, todos os times brasileiros ficam aquém de ao menos um japonês, um iraniano e três chineses. Mas, porque isso acontece? Será que gostamos menos de futebol do que os outros habitantes do planeta? Não. São alguns fatores pontuais.

Começamos com a má gestão de várias entidades brasileiras no que diz respeito ao trabalho de marketing para trazer o torcedor ao estádio. Essa gestão tem que se adequar a realidade econômica do nosso país. Levando-se em conta somente o Brasileirão do ano passado: Em 2016, um ingresso para assistir a um jogo da Série A do Campeonato Brasileiro custou, em média, R$ 35,41. Esse valor foi possível porque equipes como Chapecoense, Figueirense, Ponte Preta, Santa Cruz, Sport e Vitória cobraram bem menos por seus ingressos com a média ficando abaixo dos R$ 20 em todos os jogos. Entre os grandes, o valor é mais salgado. No Fla x Flu, em Natal, o preço médio ficou em R$ 85. No último jogo do Palmeiras, foi de R$ 102.

Com certeza, o brasileiro gosta muito de futebol, o que ele não tem é dinheiro para ir aos jogos duas vezes por semana e levar a sua família. Além disso, não podemos esquecer do horário perverso  e cruel que a Globo impõe e que faz com que o trabalhador tenha que deixar o campo após o término da partida a poucos minutos da meia noite. Com sorte, ele chega em casa uma hora depois ou até mais, dependendo da distância onde mora. E no dia seguinte, cedo, ele tem que voltar para a sua labuta diária. Ele prefere ficar em casa.

A TV e os patrocinadores gostam disso, porém o torcedor fica cada vez mais distante dos estádios.

Ney Morales é jornalista formado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nacional del Este, em 1999. Ainda na faculdade começou a trabalhar como repórter esportivo na Rádio Itapiru AM, Paraguai. Um ano depois passou a trabalhar na Rádio Foz AM, em Foz do Iguaçu. Foi setorista do Foz/Futsal. Trabalhou também no Semanário Só Esportes como redator. Desta última experiência lançou várias publicações como jornais e revistas, com destaque para o Avance Foz, que reunia várias entidades e classes. De 2004 até 2012 foi editor da Revista Migrante.

O texto é de inteiramente responsabilidade do colunista e não reflete necessariamente o posicionamento e linha editorial do Portal Clickfoz.

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