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Pais se preocupam com a segurança nas escolas de Foz do Iguaçu

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No começo do ano, Ivone Florinda decidiu que mudaria os seus filhos de escola particular para o ensino público motivada pelo alto índice atingido pelas escolas do município no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

Foto: Arquivo Pessoal
Entre as diferenças apontadas por Ivone nas escolas públicas e particulares, ela só lamenta a falta de segurança que sente ao deixar os filhos nos centros públicos de ensino

Ivone sofreu para conseguir duas vagas, uma em uma escola estadual para o ano da quinta-série e outra para o último ano do ensino básico. Para a quinta-série a mãe conseguiu vaga na Colégio Estadual Costa e Silva no Jardim América, no ensino básico a única escola disponível foi há quase 25 km de sua residência, na Escola Municipal Santa Rita de Cássia,  Vila Pérola.

Entre as diferenças apontadas por Ivone nas escolas públicas e particulares, ela só lamenta a falta de segurança que sente ao deixar os filhos nos centros públicos de ensino. “Na Santa Rita de Cássia não tem ninguém para monitorar as crianças na entrada e na saída da aula. Eles chegam e não aparece ninguém para recepcioná-las. Ficam sujeitas a abordagem de estranhos. É preciso que tenha um profissional que conheça os pais e percebam movimentações estranhas ao redor do recinto”, conta Ivone.

Ao receber a denúncia, esta reportagem aceitou o convite dos pais e foi ao local. Muitas crianças chegam sozinhas e se não fosse por mães que, preocupadas com seus filhos, aguardam a entrada dos alunos na sala de aula, elas estariam também desprotegidas. Não foi observado secretária, merendeira e nem professores.

A diretora da E.M Santa Rita de Cássia explicou que o cargo de monitor não existe na rede básica de educação e que as crianças são orientadas a esperarem os pais dentro dos portões do ambiente. “Porém, infelizmente tem criança que insiste em esperar fora do portão”, diz. A diretora explica que foi realizada uma reunião com os pais para expor a situação e que se o município oferecesse um profissional para tal função seria bem-vindo. Ela preferiu não se identificar.

A redação do Clickfoz entrou em contato com a secretaria municipal de educação e não foi atendida. Mais tarde tentou falar diretamente no celular da secretária Joane Vilela e aconteceu o mesmo. Até o fechamento desta matéria não houve retorno de nenhuma das partes.

No colégio estadual, Ivone deixa a filha mais velha. Lá a preocupação com a segurança dentro da escola é menor, mesmo sem apresentar um profissional específico para dar atenção para as crianças, as professoras já estão aguardando na chegada e esperam todos os alunos irem embora para encerrar o expediente. O que preocupa a mãe é nos arredores do estabelecimento de educação. “Já vi alunos uniformizados consumindo drogas perto do colégio, nossos filhos ficam vulneráveis a aproximação dessas pessoas”.

Mesmo com uma infraestrutura aparentemente segura, o estacionamento do Colégio Estadual já foi invadido. Cinco carros de professores foram roubados somente este ano.

Sentindo represália e medo

Duas mães que levam seus filhos no portão da escola, esperam até eles entrarem para a aula e buscam na porta da sala após o turno escolar contaram para esta reportagem que passaram a  sofrer represália da direção de uma escola municipal após terem reclamado sobre a situação de segurança para a secretária de educação.

As mães que preferem não se identificar, contaram que quando os filhos passaram a frequentar o centro de educação, elas ficaram impacientes por não ter ninguém para recepcionar as crianças e levaram a reclamação ao conhecimento da secretária de educação do município, “e no outro dia a diretora estava me perguntando qual foi mesmo a reclamação que fui fazer e que se eu não estivesse contente que procuraria outra escola para os meus filhos estudarem”.  A mãe ficou decepcionada com a atitude da diretora e contou que não viu uma solução para o caso, afinal não teve uma resposta nem do município e muito menos da diretora e que sentiu vontade de trocar de escola, mas que não pode fazer isso por falta de condições financeiras, pois para chegar até a escola municipal mais próxima é necessário pegar o transporte urbano.
A estudante que também não quer ser identificada, será chamada de Maria, 16 anos, estuda o terceiro ano em um colégio na área central de Foz do Iguaçu. Maria diz que poucas vezes notou a presença de um profissional dedicado a monitorar os estudantes na hora da entrada, intervalo e saída. “Me sinto com medo, principalmente depois do ocorrido no Rio de Janeiro, qualquer pessoa pode entrar na escola”.
 

Foto: Divulgação
"Temos o agravante da praça que está abandonada, não tem segurança nenhuma", afirma a diretora

 

 

A insegurança toma conta

Além da aluna Maria, a redação do Clickfoz entrou em contato também com a diretora do colégio, Nádia Manssur. Tanto aluna quanto diretora afirmaram que há insegurança e descaso do poder público.

Segundo a aluna Maria, nos fundos do pátio da escola os alunos fumam cigarros e consomem drogas. “Eu já nem vou lá nos fundos mais porque é bem tenso. Sempre tem uns alunos fumando cigarro, eu já vi uns fumando maconha, e outro dia uma menina estava cheirando cocaína dentro do banheiro junto com um piá”, relata. Envergonhada, Maria conta que já houve casos de alunos mantendo relações sexuais dentro do banheiro da escola, ela sente-se desprotegida. “A diretora já tentou pegar uns alunos, uma vez ela tentou até filmar, mas não conseguiu”, afirma. A aluna reclama da falta de segurança e acredita que se tivesse funcionários dedicados apenas a esta função haveria mais controle.

Foto: Clickfoz
"Eu já nem vou lá nos fundos mais porque é bem tenso. Sempre tem uns alunos fumando"

A diretora Nádia Manssur afirmou que dentro do pátio ela nunca viu casos de alunos usando drogas, porém nas proximidades ela sabe que acontece com frequência. “Nós não temos um inspetor como tinha antigamente, e temos mais o agravante da praça que está abandonada, não tem segurança nenhuma, eventualmente tem brigas de alunos lá fora e muitos até usam drogas ali”, afirma. Massunr conta que a escola não tem funcionários destinados apenas para a portaria e segurança do recinto, tem apenas os profissionais de serviços gerais. Estes são responsáveis pela merenda, limpeza do pátio, manutenção da limpeza dos banheiros e também do monitoramento do portão de entrada.

Atualmente o colégio conta com 15 funcionários destinados a serviços gerais para cuidar de 2 mil alunos. No período da noite tem apenas duas mulheres que preparam o lanche, cuidam da limpeza do pátio e no horário de entrada ficam no portão.  Tem um funcionário que entra na metade da tarde e fica até a noite, porém ele sozinho tem que cuidar do portão e do interior da escola. A diretora conta que no período noturno a situação é mais complicada, e seria melhor se a escola tivesse funcionários destinados ao monitoramento dos alunos.

Nádia Manssur já entrou em contato com o poder público várias vezes, inclusive com o prefeito Paulo Mac Donald Ghisi. Segundo ela, não houve retorno de ninguém. “Nós queríamos fazer um projeto com os alunos para cuidar da praça, queríamos cuidar do jardim, fazer programas para separar o lixo, cuidar dos bancos, pedimos até que um pequeno banheiro fosse construído na praça para os transeuntes, mas o prefeito nunca retornou”. Massunr afirma que ela não estava pedindo recursos financeiros, mas sim apoio logístico, ela tentou organizar a iniciativa com os pais de alunos mas saiu caro e se tornou inviável. “Se nós tivéssemos ajuda da prefeitura poderíamos pegar terra e plantas do Horto Municipal, e outras coisas simples que tornariam a praça um lugar mais bonito e seguro”.

 

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