Saio da gravação de meu programa na rádio, atravesso a rua e, por estar em um local onde não passa ônibus do trasnporte coletivo, resolvo pegar um táxi. Passa um, passa outro, passam alguns. Todos vazios. Nenhum atende ao meu sinal, ao meu abano. Vinte e cinco minutos, relutando para não precisar ligar para alguém e pedir uma carona, um taxista resolve parar e diz “vai para onde, amigo?” “até ali, ao shopping” “ah, corrida assim não vale à pena” e, simplesmente, vai embora.
A maioria dos prestadores de serviços em Foz, incluo nesta conta taxisitas, não sabem atender o morador da cidade. Muitos nem gostam de atender quem nasceu ou mora aqui ou preferem os turistas, com suas “corridas” rentáveis e longas.
Assim, nós, usuários de meios de locomoção urbana, seja por não ter um carro ou, simplesmente por opção, temos que conviver com serviços péssimos e ainda aguentar prestadores que esquecem trabalharem com uma concessão pública.
Como sou usuário dos serviços de táxi (principalmente quando o ônibus não passa), vou relatar algumas situações comuns:
1 – “vai para onde?” – essa é a melhor! Você vai até um ponto de táxi e é obrigado a provar ao prestador de serviço que dará a ele uma corrida rentável. Mesmo que você esteja atrasado, desesperado ou, apenas, precisando da corrida. Mesmo que esteja chovendo! Por sorte, se ele resolver levar, você é obrigado a aguentar o mau-humor e a estupidez do motorista. E, se por azar, o taxista resolve não levar, você ou vai a pé ou vai para um ponto torcer para passar algum ônibus.
2 – “vai dar tanto.” – se o taxista percebe ou que não vai ganhar o suficiente ou se julga que você pode “pagar um pouco mais”, ele coloca um preço “x” na corrida e não liga o taxímetro. E pronto. Se não gostar, ele não faz a corrida e você fica, simplesmente, na rua. Nem vou comentar os casos em que o táxi já chega com o taxímetro ligado.
3 – “não tenho troco” – esse golpe é o mais comum. A corrida dá R$ 8,00, você paga com uma nota de R$ 10,00 e ele pergunta se você “não tem trocado”. Aí fica o impasse. Até que você, vencido pela estupidez ou até mesmo por estar atrasado (até por isso tomou o táxi), deixa o troco “para lá”.
4 – caminho “errado” – geralmente, os taxistas profissionais – aqueles que conhecem bem a cidade – na ganância de lucro, colocam “ajudantes” para dirigir seus carros enquanto descançam e, geralmente, tais ajudantes, não sabem bem onde estão ou para onde ir. Já peguei casos em que próprio taxista diz ser “novo na cidade” e, com isso, tornar o usuário um guia. Sem falar dos péssimos motoristas na praça.
5 – carros velhos – hå “donos de táxis” com diversos carros na praça. Além de serem oligopolistas e barrarem a entrada de novos táxis na cidade, esses “empresários” compram os veículos mais baratos, sem ar-condicionado e cobram o mesmo preço pelo desconfortável serviço prestado.
6 – motorista com sono – os tais “donos de táxis” geralmente ficam em casa enquanto “terceiros” fazem o serviço. Para pagar o “aluguel” dos carros, é preciso longos períodos de trabalho, alguns com mais de 24 horas, diretas, sem dormir. Assim, é comum você pegar um táxi e motorista, simplesmente, coxilar.
Bom, fico por aqui. Com certeza, o nobre leitor, deve ter, pelo menos, mais alguns relatos bizarros sobre taxistas, não todos, mas grande parte.
Deve-se ficar claro é que táxi é concessão pública e deve ser uma opção ao cidadão quando este não quer utilizar um carro próprio ou quando precisa.
Em uma cidade como a nossa, onde o transporte coletivo é péssimo, caro, ineficiente e monopolizado e onde não há opções como ciclovias ou transportes alternativos (limpos e baratos), se o serviço de táxi também funciona, principalmente quando você mais precisa, só resta ao cidadão juntar dinheiro para comprar um carro particular, mais um carro, e abarrotar, ainda mais, nossas ruas.
E se você se sentir lesado, caro leitor, vá para casa chorar pois, se ligar no FozTrans, ou não será atendido ou ainda, como aconteceu comigo esta semana, será obrigado a ouvir a própria pessoa que atende lá (no FozTrans) orientar: “não perca tempo reclamando, não adianta.”

* Luiz Henrique Dias é dramaturgo, diretor da Cia Experiencial O Teatro do Excluído e usuário dos táxis de Foz do Iguaçu. Siga ele lá no twitter: @LuizHDias