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Por quê? Pra quê? Pelo quê?

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Talvez reclamarei de algo que nem deveria reclamar, pois é preciso levar em consideração que ainda estamos num processo lento de formação de platéia para as artes em geral, mas é justamente por isso que quero manifestar aqui minha inquietação. Que tipo de platéia nós, artistas, queremos em nossas apresentações? O que ele, o público, realmente busca numa apresentação artística?

Pergunto isso porque recentemente comecei observar os comentários e comportamentos de algumas pessoas. Claro, nunca se deve generalizar, pois cada pessoa é um universo, já dizia o maluco e lúcido Raul Seixas. O fato é que dias atrás, fiz parte de um elenco de uma peça que foi apresentada num determinado espaço da cidade durante três dias (sexta, sábado e domingo), convidei várias pessoas, algumas foram assistir, outras não foram por seus motivos, os quais não quero colocá-los em questão aqui nesse espaço. Mas o que me incomodou foram frases que vieram posteriormente e que diziam mais ou menos assim:

– “Ah! Teve apresentação da sua peça né? Desculpe, não pude ir lá pra te ver”!
– “Olha, eu não pude ir, mas da próxima vez, vou te ver ta?”

E houve também os que disseram assim:

– “Eu fui te ver na peça!”
– “Eu tava na platéia… Fui te ver. Você não me viu?”

Desculpe, mas eu não quero que vá me ver no teatro. Quero que vá ver o teatro, ou seja, a peça como um todo, a história que é contada no palco, a interpretação, os signos, todo o conjunto. E isto é válido também para qualquer outra atividade artística.

Certamente deveria fazer parte de nossa cultura, sair de casa para ver a arte produzida e a criação de seus criadores. Sabemos que houve um tempo de Procópios e Tônias aqui em nosso país, onde se priorizava o exibicionismo do artista e – sejamos francos ainda há – apresentavam para serem vistos e pouco importava o “resto” que não é resto. É justo o que deve ser apreciado! Caso contrário, corremos o risco de perder a grande oportunidade de emocionar-nos com um trabalho criativo, simplesmente por não ter havido a presença do artista x ou y.

Compreendo, por exemplo, que quando escolhemos um filme, a presença de certos atores e diretores pesa muito, mas certamente há grandes obras que já foram e serão realizadas sem a presença dos mesmos, e aí?

Pode ser difícil acreditar, mas alguns artistas que sobem ao palco não pela vaidade de serem vistos. Por passarem por um processo de criação, querem contar uma história e ver no público o que essa história lhe proporcionará, isto é o que realmente importa.

Por isso não são nem um pouco pertinentes interferências como celular ligado, bocejos de descaso, conversas inoportunas, flashes desconsiderados e tantas outras indiferenças que geralmente destroem a rede protetora da platéia a qual o artista precisa para se jogar com segurança.

 

 


 
 

 

 

Claudia Ribeiro é  atriz, contadora de história, produtora, dramaturga e professora. Ela também está no Facebook, compartilhando ideias. O e-mail para contato é claudiaamadeus@yahoo.com.br


 

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