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Pra levar pra casa: A paixão por Foz do Iguaçu em forma de souvenirs

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Aproveitando o “clima de festa” provocado pela proximidade do dia do aniversário de Foz do Iguaçu, quando muitos moradores e turistas aproveitam a data para declarar seu amor pela cidade, foi inaugurada na manhã desta quarta-feira (07), ainda em sistema de soft opening, a provavelmente mais icônica loja de souvenirs que já se fez presente na fronteira, uma loja que traz parte da história dos relacionamentos transfronteiriços em seu próprio nome.

Personagens da fronteira, exclusivamente produzidos para a Ailabiu. Foto: Rafael Guimarães.

 

A loja, localizada no número 84 da Avenida Brasil, principal via comercial de Foz do Iguaçu, e próxima de diversos dos principais hotéis da cidade, reúne em seu catálogo uma infinidade de produtos cuja temática retrata o cotidiano, a cultura, fauna, flora e os atrativos turísticos da região da tríplice fronteira. 

Drágeas e chocolates artesanais produzidos no Paraná. Foto: Rafael Guimarães.

 

Os sabores da fronteira também estão presentes na loja, em forma de chocolate (artesanal, fabricado no Paraná), sorvete (produzido com frutas da região), cafés gourmets e outras guloseimas. 

Mas, para além dos produtos de excelente qualidade, escolhidos à dedo, e das guloseimas com sabores que vão surpreender os visitantes, o que certamente causará mais curiosidade entre as pessoas que transitarem pela Avenida Brasil a partir de hoje é o nome da loja.

 

AILABIU – Uma história de amor sem fronteiras

Há quem diga que o amor não respeita fronteiras, e nós que moramos numa tríplice fronteira podemos concordar com isso. Vivendo em uma região onde três países se encontram e que abriga representantes de mais de 70 etnias, somos desde sempre, testemunhas oculares de lindas histórias de amor transfronteiriço.

Mas dizer que o amor não respeita fronteiras não significa que ele não enfrenta barreiras…

Não foram poucos os casos de amor aqui na fronteira que tiveram que vencer barreiras culturais ou religiosas, mas uma das barreiras mais comuns enfrentadas pelos enamorados da fronteira no século passado, definitivamente foi a barreira da língua…

Imaginem que, Foz do Iguaçu, a mais importante entre as 3 cidades da tríplice fronteira na época, tinha pouco mais de 33 mil habitantes no início dos anos 1970. Já no início dos anos 1980, a cidade contava com mais de 130 mil habitantes, um crescimento de mais de 300%. Não, não nasceu tanta gente assim em Foz do Iguaçu no intervalo de 10 anos. O que aconteceu é que, por conta da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu e também da ascensão de Ciudad Del Este como centro de compras, a cidade passou a receber centenas de milhares de imigrantes, provenientes de todas as partes do Brasil e quiçá, do mundo. 

De repente, a cidade que já se comunicava numa mistura de português, espanhol e tupi-guaraní, começou a falar também Árabe, Mandarim, Coreano, Turco, Hindi e os mais diversos dialetos que todas essas línguas, utilizadas numa mesma região proporcionam.

Paquerar alguém de uma cultura diferente da sua aqui na fronteira dos anos 1980 era estar fadado a se comunicar por gestos, olhares, sinais… e claro, com a oficialização do relacionamento, um dos cônjuges se obrigava a aprender a língua do outro ou ensinar o outro a falar a sua língua. 

E quem diria, naquela época, que a solução para derrubar de vez a barreira da língua viria de um outro país, que naquele momento, ainda não possuía representação cultural por aqui…

A chegada dos “enlatados” americanos…

No final dos anos 1980, o Brasil começou a ser bombardeado com a cultura pop norte-americana. A invasão aconteceu via rádio já que as grandes redes difusoras passaram ocupar grande parte de sua grade de programação com músicas cantadas em língua inglesa e programas voltados para o público jovem. 

Matéria de jornal ensinando jovens a sintonizar novo canal, que era transmitido em UHF.

 

No início dos anos 1990, a invasão também se deu via TV, com programas voltados para o público jovem veiculando produção norte-americana e até mesmo com a chegada de um canal de TV com programação totalmente voltada para o público jovem, que ocupava sua grade basicamente só com videoclipes de música norte-americana.

Aqui na fronteira, uma região formada por uma população com muitas línguas e culturas diferentes passou a dar espaço para o estrangeirismo que vinha da América do Norte. Do dia para a noite, ônibus virou “Bus”, bicicleta virou “bike”, cachorro-quente virou “hotdog” e o “Eu te amo”, uma expressão com tanto significado que só poderia ser dita para alguém que consideramos especial e que era tão difícil de traduzir para as línguas utilizadas pelos imigrantes que viviam na fronteira passou a ser facilmente entendida quando falada em inglês, já que a cultura norte-americana já havia atingido todos os povos. 

Falar ou escrever “I love you” era mais fácil e prático que tentar encontrar algo respectivo em espanhol, árabe, mandarim, coreano ou turco e fazia sentido para qualquer um que a lesse ou escutasse…

Obviamente, diante de todos os sotaques presentes na fronteira, era mais fácil escrever do que falar, e cada um escutava aquilo de uma forma diferente, graças à entonação que cada cultura aqui presente dava para as letras do alfabeto. 

“Iulóviú”, “Ailóbviu”, “Eilóvilll” eram escutadas com frequencia por aqui, mas nenhuma derivação de “i love you” foi tão falada quanto a que era dita pelos povos cuja língua mãe era o espanhol. 

 

“AILABIU”

Foi tão falada que quase parecia ter sido agregada oficialmente ao vocabulário local, e fazia tanto sentido para quem viveu sua história de amor na tríplice fronteira dos anos 1990 que acabou sendo até mesmo escrita desta forma. Contrariando  os gramáticos ortodoxos radicais – aqueles para os quais as regras ortográficas, de sintaxe, morfológicas e de concordância valem mais que a própria vida, “ailábiu” se tornou uma linguagem popular aceita como forma de comunicação oral e escrita e ajudou a escrever lindas histórias de amor transfronteiriço. 

E como já diria o sábio poeta… “Para dizer Eu te amo, até erro gramatical é aceito…”   

Bonés para levar Foz do Iguaçu no coração e na cabeça. Foto: Rafael Guimarães.

Serviço

 

A loja Ailabiu Iguassu está localizada na Avenida Brasil, 84, anexo ao Hotel Águas do Iguaçu.
Horário de atendimento: Abre todos os dias, das 08h às 12h e das 14h às 22h

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