Os servidores municipais de Foz do Iguaçu aprovaram, em assembleia realizada na noite desta quinta-feira (15), a proposta de reajuste salarial de 5,32% apresentada pela prefeitura. O índice corresponde ao acumulado do INPC entre maio de 2024 e abril de 2025, período considerado para a data-base da categoria.
A reunião aconteceu na Câmara de Vereadores e foi conduzida pelos dois sindicatos que representam os servidores: o Sinprefi (Educação) e o Sismufi (demais servidores). A proposta do Executivo foi apresentada poucas horas antes, durante rodada de negociação salarial.

Educadores ainda aguardam reajuste completo
Apesar da aprovação do reajuste geral, os profissionais da Educação seguem em compasso de espera. O reajuste do Piso Nacional do Magistério, definido pelo Ministério da Educação em janeiro, deveria ter sido integralmente aplicado no início do ano. No entanto, conforme o que foi aprovado, os educadores só receberão o complemento de 0,95% em setembro — e sem pagamento retroativo.
“Sabemos que o ideal seria que os educadores já estivessem recebendo, desde janeiro, o reajuste do piso, conforme determina a Lei Federal. Seguiremos na luta até que todos os direitos sejam respeitados e efetivados”, afirmou Viviane Dotto, presidente do Sinprefi.
A defasagem no pagamento do piso é um problema crônico em Foz do Iguaçu. Embora a promessa de quitação integral em 2025 represente um avanço, a medida ainda é vista como insuficiente frente à dívida histórica acumulada com a categoria.
Auxílio-alimentação e retroativos em pauta
Além do reajuste da data-base, a prefeitura se comprometeu a aumentar o valor do auxílio-alimentação, que passará de R$ 500 para R$ 550. A medida foi considerada um avanço pontual, mas os sindicatos seguem pressionando por outras pautas.
Entre elas, estão os retroativos referentes ao período de janeiro a setembro de 2025, o pagamento dos reajustes de anos anteriores que não foram aplicados corretamente e a forma como é feito o pagamento do completivo salarial. Hoje, a diferença entre o salário-base e o piso do MEC é paga de maneira avulsa, sem incorporação definitiva — o que, segundo os sindicatos, provoca perdas salariais, achatamento de carreira e insegurança jurídica.
“O professor que ingressa hoje na rede pública municipal começa ganhando cerca de R$ 700 a menos do que deveria”, denuncia Lucas Fávero, secretário-geral do Sinprefi.
A entidade mantém uma campanha de conscientização voltada à comunidade escolar para esclarecer os impactos dessas perdas salariais. “Valorizar o professor é pagar o que determina a lei e garantir condições dignas de trabalho”, reforça o sindicato.
Dívida do decênio e outras pendências
Outro tema abordado na assembleia foi a chamada “dívida do decênio”. Servidores que completaram dez anos de serviço entre 2006 e 2022 receberam a bonificação prevista em lei, mas sem o desconto previdenciário obrigatório. Anos depois, a prefeitura passou a cobrar a contribuição retroativamente — pegando os servidores de surpresa.
“O Sismufi está acompanhando o caso e prestando orientação jurídica para que ninguém caia na dívida ativa. Vamos ingressar com ação judicial para defender os servidores”, explicou Aldevir Hanke, presidente do sindicato.
Também foram discutidas pendências no pagamento do prêmio do Ideb, repasses aos aposentados e demandas específicas de algumas categorias. A mobilização continua.
Fotos: Izabelle Ferrari