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Saudades de quando o rock era divertido

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Nesta semana chegou em casa um CD que encomendei da Laja Records: Uma coletânea de faixas demo e ao vivo da banda Little Quail and The Mad Birds. Se você tem mais de 20 anos talvez possa se lembrar deles. E eu disse talvez! É que o Little Quail nunca atingiu sucesso no mainstream e, pra completar, teve uma carreira um tanto quanto breve, de 88 a 97. Mas foi uma carreira e tanto! Suas composições repercutem até hoje na boca do pessoal, embora muitos poucos se quer saibam disso. Duvida?
 

 

Sim, “Aquela” é uma das divertidas criações deles. Embora tenha ganhado fama nacional pelos conterrâneos do Raimundos (ambas as bandas são originárias de Brasília). Como grandes destaques, ainda há “1,2,3,4”, “Composição De Sucesso”, “Família Que Briga Unida Permanece Unida”, entre outras.

Se não pelas músicas, talvez ainda você reconheça os Little Quail pela carreira posterior de seus integrantes:

– O vocalista, guitarrista e compositor Gabrie Thomaz hoje está a frente do Autoramas. A atual banda de Thomaz chegou mais perto de ter uma carreira no mainstream, como quando emplacou “Fale Mal de Mim” no Disk MTV (veja o vídeo abaixo) e “Carinha Triste” nas rádios rock. Tinha até um contrato com gravadora e, depois, fez piada disso (vide a música “Eu era Pop”).

No entanto, apesar de tudo isso e de ter até um recente Acústico MTV no portfólio, hoje o Autoramas é mais conhecido “apenas” com uma das melhores bandas do independente nacional, estando fora da grande mídia.

– O baterista Bacalhau (que não tem nada a ver com o Bacalhau do Autoramas), tentou o sucesso com uma nova banda após os Mad Birds. Foi o Rumbora. Quem aí se lembra dessa? Uma das bandas mais bacanas de pop rock do final da década de 90. Fez sucesso com músicas como "Chapírous" e “O Mapa da Mina”, que levou a banda ao grupo dos 25 mais tocados do país. Depois a banda acabou e ele seguiu sua carreira de sucessos nas baquetas do Ultraje A Rigor.

– O baixista Zé Ovo… bem, o baixista Zé Ovo sumiu da frente dos palcos. O último envolvimento dele com a música que tenho notícia foi nos bastidores, como roadie do Maskavo.

Mas, esse contorno todo – além de apresentar uma banda muito boa pra muita gente que não conhece – é pra dizer “Caramba, que saudades de quando o rock nacional era despretensioso e divertido”. Essa geração que tratava a música como uma grande oportunidade para dançar e dar risada está extinta e enterrada há muito tempo. A última que conheci era “um tal” de Mamonas Assassinas, infelizmente, muito e muito lamentavelmente, com a carreira interrompida bem antes do que gostaríamos. Também é legal de lembrar aqui dos veteranos Ultraje a Rigor, pai de toda essa geração. Eles com os Raimundos, que também deram um adeus precoce, com a carreira interrompida pela evangelização do frontman Rodolfo Arantes, faziam a diferença.

Hoje, o rock é muito mais sisudo e triste. E eu sinto por todos nós.

Ainda bem que a Laja Records foi lá e pegou a ossada dos Mad Birds e expôs nesse CD, como em um maravilhoso último suspiro do rock satírico e infame. Além das grandes músicas do trio, o CD vem com faixa multimídia com vídeos raridades, um belo museu digital. Deixo vocês aqui com um dos materiais extra do álbum, esta divertidíssima entrevista para uma TV de Brasília: 

PS.: Novidades 2011 – Na última coluna indiquei o novo do Mogwai. Essa semana, faço questão de indicar para os fãs de rock pesado e rápido que escutem o novo do Motorhead. The World Is Yours é sensacional!

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