Mais do que quebrar o tabu de 33 anos sem vencer no estádio Centenário em Montevidéu, no Uruguai, o Brasil aplicou neste sábado (6) uma goleada histórica de 4 a 0, que se não apaga o vexame da final da Copa do Mundo de 1950, pelo menos deixará o orgulho uruguaio bastante ferido.
Fazia muito frio na capital uruguaia, mesmo assim o público lotou o estádio Centenário, palco da final da primeira Copa do Mundo, em 1930. Em campo, além de mais uma importante rodada das eliminatórias da Copa do Mundo de 2010, havia um tabu que durava desde o dia 25 de fevereiro de 1976 – última vez em que o Brasil venceu o Uruguai em Montevidéu, na vitória por 2 a 1, na final da Taça Atlântico, que marcou a estreia de Zico com a camisa da seleção brasileira.
E logo cedo o resultado começou a se construir. Sabendo da necessidade em arriscar chutes pro gol para tentar furar o bloqueio da equipe celeste, Daniel Alves, despretensiosamente mandou um chute de muito longe, que contou com uma falha gigantesca do goleiro Sebastián Vieira. A bola passou pelo lado dele, que tentou encaixar, sem sucesso, e o placar foi aberto em favor do Brasil.
Placar ampliado – Apesar dos uruguaios terem sentido o gol cedo, foram pra cima no ataque e por duas vezes quase empataram e nas duas vezes, o autor do primeiro gol brasileiro esteve presente na defesa, impondo respeito. Na primeira, após uma cobrança de falta, afastou o perigo para escanteio antes de sofrer um carrinho por trás. Na segunda chances uruguaia, o goleiro Julio César já estava batido no lance, quando Daniel Alves salvou em cima da linha.
Mas foi o Brasil quem marcou mais um. Após a cobrança de escanteio de Elano, Juan cabeceou para defesa de Vieira; no rebote, a bola voltou para Elano que cruzou mais uma vez pra dentro da área e desta vez Juan cabeceou certo, fazendo 2 a 0, terminando assim o primeiro tempo.
Dois vira, quatro ganha – No segundo tempo, mesmo com a entrada do atacante “El loco” Abreu, o Brasil seguiu melhor no jogo e ampliou logo aos quatro minutos, com Luis Fabiano. 3 a 0 e já poderia ser considerada goleada.
Um problema para o técnico Dunga será a ausência do atacante Luis Fabiano na partida contra o Paraguai, na próxima quarta-feira (10), no estádio do Arruda, em Recife. O atacante foi expulso após tomar o segundo cartão amarelo no jogo, logo após fazer o terceiro gol de seu time.
Quarto gol e momentos de bravura – O quarto gol do Brasil saiu naturalmente, após a marcação de um pênalti em cima do meia Kaká. Àquela altura a seleção brasileira já vinha atuando bem grande parte do jogo e o quarto gol seria consequência.
Após ter sido derrubado dentro da área, o próprio Kaká cobrou a penalidade no canto esquerdo do goleiro Vieria e fez o quarto gol, fechando o placar em Montevidéu. Muitos torcedores não ficaram no estádio para ver isso, mas os que ficaram, mostraram muita disposição e reconheceram, que apesar do placar, sabiam que seu time, o Uruguai, atuou bem, mas do outro lado havia um adversário muito mais qualificado, pentacampeão do mundo (que poderia ser hexa, não fosse o Maracanazo do Uruguai em 50) e franco favorito a conquistar a próxima Copa do Mundo, na África do Sul em 2010.
Esse reconhecimento do torcedor se deu justamente pela determinação e vontade apresentada pelos jogadores do Uruguai, que mesmo estando tomando quatro gols, sem terem marcado ao menos um, buscavam fazê-lo das mais diferentes formas. Mas as tentativas paravam em uma barreira humana chamada Julio César, hoje considerado um dos melhores goleiros do mundo. Quando não era ele, era o azar do Uruguai, com bolas na trave.
Classificação encaminhada – Com a vitória, o Brasil soma 24 pontos e terá um confronto direto com o Paraguai na quarta (10), valendo a liderança das eliminatórias. O jogo está programado para começar às 21h50, horário de Brasília, no estádio do Arruda, em Recife (PE). O Uruguai fica parado nos 17 pontos, neste momento ocupando a quinta posição e caso as eliminatórias terminassem hoje, disputaria uma repescagem com o quarto colocado da Concacaf (países da América do Norte e Central). O próxima adversário do Uruguai, será a Venezuela, fora de casa, também na quarta (10).
