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A força do voluntário

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Talvez, lá em 2014, eu nunca imaginaria o que estaria fazendo em 2016. Posso até ter planejado tudo, mas tenho a certeza que nada foi igual, exceto uma coisa. Em meados de agosto, do mesmo ano, resolvi me inscrever para ser voluntário nas Olimpíadas Rio 2016 e fui selecionado. Poucos acreditaram que isso seria possível, que eu iria deixar a faculdade, o trabalho, a família, para passar 20 dias numa cidade que eu nem conheço direito e trabalhando sem ganhar dinheiro algum.

Mas nem tudo na vida é recompensado por dinheiro.

As pessoas sempre me elogiaram pela minha coragem e determinação de alcançar os meus objetivos pessoais e está aí a minha vontade de estar presente em grandes eventos.

Foram os melhores 20 dias que já tive, com muito aprendizado, muitos ensinamentos, e o principal, muito voluntariado.

Atuei no controle antidoping onde conheci uma galera muito legal, que esteve atuando comigo durante todos os dias. Juntos batalhamos pelo bom rendimento dos jogos, são pessoas que nunca esquecerei e que, até hoje, converso nas redes sociais e marco de sempre nos vermos, quando a vida nos der a oportunidade (leia-se Tóquio 2020).

Somente quem viveu e fez parte dos jogos sabe dizer o quão especial foi tudo que pode se viver durante os dias de evento. Atuar numa área de tanta responsabilidade tem lá seus benefícios. Vi muitos atletas famosos, cruzei com medalhistas olímpicos, vi sonhos se tornando realidade, assim como o meu, pude sentir na pele a força da concentração de Usain Bolt, o nervosismo de Bernardinho e o choro de felicidade da Seleção Brasileira, após o ouro inédito.

No meu penúltimo dia de trabalho, atuei durante a final do futebol masculino. Foi o melhor dia – lembro como se fosse ontem – todos soltavam o grito de “é campeão”, choravam de emoção e eu estava lá, mantendo o rosto sério e meus olhos atentos nos jogadores que deveriam ir para o exame. Depois de deixarem o campo, a seleção seguiu rumo ao vestiário e lá só entrava os jogadores e comissão técnica e, claro, eu, que estava acompanhando os jogadores que deveriam ir para o exame. A emoção que vivi ali dentro, essa sim é inexplicável. Seguimos rumo a premiação e, neste momento, inúmeros jornalistas aguardavam aos jogadores e um deles soltou uma frase que me marcou, ela era mais ou menos assim:

“Que sorte a sua de estar tão pertinho dos jogadores, eihn? Recompensa do seu trabalho voluntário, parabéns!”.

A vontade, depois de ouvir isso, era de chorar e agradecer, mas eu ainda estava em horário de trabalho. Depois, já em casa, parecia que eu tinha vivido um sonho, um sonho onde minha família se orgulhava muito de ver aonde cheguei. São momentos que nunca esquecerei, esse é o verdadeiro pagamento do trabalho voluntário.

Agora, restam apenas fotos e memórias e a certeza de que eu fiz parte das Olímpiadas Rio 2016.

Eduardo Lima é estudante de jornalismo em Foz do Iguaçu

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