Previous slide
Next slide

Refúgio Bela Vista de Itaipu reproduz harpia

Previous slide
Next slide

Há alguns meses o casal de harpias (Harpia harpyja, no jargão científico) do Refúgio Biológico Bela Vista  da Itaipu Binacional vem piando diferente. O resultado aconteceu no dia 15: o nascimento do mais novo morador do refúgio. Com 80 gramas, o filhote de harpia representa um fato inédito, é a primeira da espécie a nascer e sobreviver em cativeiro no Sul do País.
   
Reprodução da harpia é resultado de anos de trabalho dé técnicos do Refúgio Biológico. Nascimento em cativeiro é fato raro no Sul do País.

O filhote está sendo tratado pelos veterinários e técnicos do Refúgio Biológico. Ele já está com 100 gramas, é alimentado quatro vezes por dia e vive em uma estufa. E as mãos humanas fazem as vezes do bico da mãe por um motivo sério: somente desta forma o filhote pode sobreviver.
 
Quem explica é o técnico Marcos José Oliveira, especializado no manejo dos animais rapinantes, como corujas, águias e harpias. Segundo ele, em 2007 e 2008 o casal de harpias teve três crias, mas nenhuma passou da primeira semana de vida. “O casal é normal, eles copulam, chocam o ovo, mas quando o filhote nasce a mãe não dá comida. Então o animal não resiste”, conta Marcos.

A saída foi separar o filhote da mãe e criar na estufa. Ele vai ficar isolado por trinta dias, em um ambiente com clima e alimentação controlados. Depois volta ao recinto onde vai viver próximo dos pais. “Nosso objetivo sempre foi a reprodução da espécie”, diz o veterinário do refúgio, Wanderlei Moraes, sem esconder o sorriso de satisfação. “Por isso nem colocamos o casal de harpias para exposição no zoológico.”
  
Animal em extinção – A satisfação de Wanderley, de Marcos e dos outros responsáveis pela reprodução da harpia é justificável. Ave símbolo do Brasão de Armas do Paraná, a harpia (também conhecida como gavião real ou uiraço-verdadeiro) é considerada rara no estado e quse extinta no Brasil, segundo informe do Instituto Ambiental do Paraná. Natural de áreas florestais como a Mata Atlântica e a floresta amazônica, os maiores remanescentes da ave se encontram na Amazônia.
  
O trabalho de recuperação da espécie, entretanto, é lento e exige paciência. “Estamos apenas na primeira fase da reintrodução da harpia”, pondera Wandelei. É preciso, segundo o veterinário, uma grande área para elas habitarem e uma população mínima de 100 espécimes para que a harpia possa sobreviver à própria sorte.
   
Mas o casal de harpias do refúgio, e o filhote recém-chegado, são os poucos exemplares do Paraná – há outros no Parque das Aves e no zoológico de Curitiba. O macho está no refúgio desde setembro de 2000, ele foi resgatado de dentro de uma caixa de papelão na BR 277, próximo ao bairro Três Lagoas, em Foz do Iguaçu. A fêmea chegou em março de 2002 – veio da cidade de Juazeiro, na Bahia, resultado de operações contra o tráfico de animais silvestres.
 
E a família pode crescer ainda mais, e aumentar as chances de reintrodução da espécie no estado. Outro ovo está sendo chocado pela mãe-harpia e deve eclodir até sexta-feira. O bebê-harpia mal nasceu e já vai ter que dividir a atenção com um irmão caçula.
  
Características – Ave da família Accipitridae, a harpia é considerada a rapinante mais poderosa do mundo. Ela possui asas largas e redondas, pernas curtas e grossas, e dedos extremamente fortes, com enormes garras, capazes de levantar um carneiro do chão. Sua cabeça é cinza; o papo e a nuca, negros; e o peito, a barriga e a parte de dentro das asas, brancos. A harpia possui como principais características físicas: olhos pequenos, um longo topete, uma crista com duas penas maiores e uma cauda com três faixas cinzentas, que pode medir até 2/3 do comprimento da asa.
 
Tem entre 50 a 90 centímetros de altura, envergadura de até 2 metros e peso variando entre 4 e 4,5 quilos, quando macho, e entre 6 e 9 quilos, quando fêmea. Esta ave de rapina pode ser encontrada do México à Bolívia, na Argentina e em grande parte do Brasil, vivendo em árvores altas, dentro de vasta mata, onde constrói seus ninhos.
  
Ela voa alternando rápidas batidas de asa com planeio. Tem um assobio longo e estridente e, nas horas quentes do dia, costuma voar em círculos sobre florestas e campos próximos. Sua alimentação é feita de animais de porte médio, como aves, macacos e preguiças que são capturadas quando tomam sol nas copas das árvores, de manhã cedo.

Previous slide
Next slide