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A Fórmula 1 está chata e a culpa é dos pilotos

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Desde a morte de Ayrton Senna, a última de um competidor na Fórmula 1, a categoria investiu pesado na segurança, modificando os carros e transformando o cockpit numa verdadeira célula de sobrevivência contra acidentes. Acontece que tamanha preocupação com segurança não se restringiu à área técnica e “contaminou” os pilotos, que contraíram um medo irracional de se arriscar.

É verdade que a baixa diferença de pontuação, especialmente nas últimas temporadas, e o comodismo dos salários altíssimos não eram de grande incentivo para manobras mais ousadas. “Estou entre os primeiros, por que me arriscar por tão pouco?”, era o que os pilotos pensavam e ainda pensam.

Para piorar ainda mais o cenário, logo que aparece alguém mais atrevido, aqui e ali, como Alonso, Hamilton ou Kobayashi, só para citar os mais recentes, começa a chuva de críticas por “excesso de agressividade” e “direção ofensiva”, clamando por punições. Numa categoria que deu lugar ao show em detrimento do esporte, punir quem faz o espetáculo não parece ser algo muito inteligente.

Fernando Alonso, na chuva – Hungria 2006

 

Lewis Hamilton – Monza 2008

 

Não quero parecer radical, mas acredito que se existe atualmente um responsável pela baixa quantidade de ultrapassagens na Fórmula 1, ele está sentado em frente ao volante, acreditando que uma boa estratégia é o que basta para alcançar a vitória.

Mas ainda existem os sensatos, que defendem o espetáculo em vez da segurança castrativa. Bernie Ecclestone, detentor dos direitos comerciais da categoria, é um deles — e quem mais? “As pessoas precisam parar de falar de Lewis [Hamilton] e da maneira como pilota. Ele tem sido absolutamente brilhante nesta temporada, com ultrapassagens espetaculares e corajosas”, destacou o inglês após reclamações sobre o zig-zag de Hamilton contra o russo Vitaly Petrov.

Duas semanas depois, na China, o próprio Hamilton corroborou com minha linha de pensamento: "Corro sempre ao máximo. Não tenho medo de ultrapassar os outros pilotos, amo uma batalha intensa na pista. Eu espero que os fãs tenham gostado da corrida. Eu adorava ver muitas ultrapassagens [quando era espectador]", disse. Na ocasião, o britânico fez nada menos que 32 ultrapassagens durante a prova, terminando na 2ª posição.

Tem solução? – Infelizmente, o problema da Fórmula 1 não é algo que se muda junto com uma reformulação das regras de campeonato, mesmo agora, com a nova pontuação premiando quem briga pelos primeiros lugares. É algo pessoal e que precisa ser cultivado na categoria. Por isso mesmo, antes de todo GP, rezo para que São Gilles Villeneuve ilumine os protagonistas do palco máximo do esporte a motor e dê um pouco mais de compreensão aos inquisidores comissários de prova.

*Belenos é acadêmico de Comunicação Social, fã de Fórmula 1 da era pós-Senna e já não perde uma corrida desde Mônaco-1999.

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