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As empresas, o Foztrans e o desrespeito ao cidadão

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Caro leitor, tentei ser um pouco mais positivo e, nos últimos textos, amenizar o tom do discurso, evitar as críticas, as reclamações. Mas é quase impossível se utilizar alguns serviços – básicos – fundamentais – públicos – em Foz do Iguaçu sem ficar completamente atordoado e sem se sentir lesado como cidadão, consumidor ou contribuinte.

Agora pouco, quinta-feira, 19 de maio, saí do colégio que dou aulas, ao meio-dia, e precisando chegar em meu outro trabalho, no Parque Tecnológico Itaipu. Como faço o trajeto, pelo menos, três vezes por semana, já estou cansado de pegar as linhas que vão para a Vila C, passando pela Ponte, porque a viagem é demorada, desconfortável e os ônibus andam, na maioria das vezes, lotados.

Resolvi entrar no site do Foztrans para procurar uma outra opção de ônibus até a Barreira de Itaipu. Encontrei uma ônibus chamado Unila-Vila C, cujo itinerário, segundo o próprio site do órgão, segue direto do Terminal até Itaipu e, de lá, vai para a Vila C.

Ainda, segundo o site, a linha opera desde o dia 12 de abril e têm, no horário que eu preciso, saídas de 25 em 25 minutos. Perfeito! Seria uma salvação para as pessoas que, como eu, querem chegar ao PTI sem dar muitos rodopios. E não somos poucos.

Consegui chegar ao TTU às 12h30. O horário, no site, indicava um às 12h30 e outro às 12h55. Julguei, dentro da minha ingenuidade, ter perdido o primeiro e, logicamente, me contentei em pegar o próximo. Nesse meio tempo, passaram diversos ônibus que iriam para lá, mas eu optei em usar a linha que eu havia previamente me planejado a pegar, pois daria o tempo exato de chegar às 13h30 no trabalho sem precisar me espremer ou dar voltas.

Às 13h00, sem notícias do ônibus, resolvi perguntar para um fiscal que, prontamente, disse “nunca ouvi falar dessa linha”. Abri, então, o site do Foztrans no celular e mostrei a ele.

Surpreso, o Fiscal foi chamar um outro que, desta vez, afirmou saber da linha mas disse “ela só existe no site” nunca operou, porque o Foztrans não deu a ordem ainda. Eu perguntei qual empresa iria operar. Ele falou “somos um consórcio, não uma empresa única”. Imediatamente peguei o telefone e liguei para o Foztrans, em busca do Jair, o servidor que, segundo o Diretor do órgão, é o responsável pela fiscalização das linhas e das empresas. Eles me informou que a linha existe, foi criada mas AS EMPRESAS SE RECUSAM A OPERAR E RECORRERAM JUDICIALMENTE. Disse ter o memorando da linha mas, por hora, ela não está operando. Perguntei, então, o porquê de estar no site e ele disse que lá – no site – está escrito que ela está prevista, mas não em operação.

Veja com seus próprios olhos, caro leitor. Não está escrito. Se está, não está visível. Só podemos ver que a linha está em operando desde 12 de abril.

Voltei ao Fiscal, ele já nem queria falar comigo, porque viu que eu estava ligando para um monte de gente. Pedi para ele com quem eu poderia falar do Consórcio, aí ele disse “ah, você tem que procurar a empresa que vai operar, eu sou só de uma empresa”.

Agora não era mais um Consórcio.

Pedi, então, meu dinheiro, os R$ 2,65 e, claro, que não consegui.

Como já passava das 13h15, saí do Terminal e peguei um táxi. Agora, a caminho do PTI, de dentro do táxi, escrevo este texto.

O fato é que eu tenho condições de, numa eventualidade, como hoje, de pegar um táxi. Mas a maioria das pessoas não tem. E eu não tenho carro. E não quero ter. Quero utilizar o transporte coletivo e ele tem que funcionar. Não pra mim, mas para todos. Pagamos impostos para isso. É respeito com todos, com o trabalhador, pai de família, que perde o horas de sua vida neste transporte horrível, desconfortável, caro e, principalmente, operado por empresas que colocam os lucros acima de qualquer bom senso.

Este ano, ano eleitoral, devemos escolher quem tem um projeto de cidade que vise não melhorar, porque isso já tentaram, mas reconstruir todo o Sistema de Transporte e que, principalmente, diga como vai fazer, com que dinheiro – pois prometer é fácil – e se vai ter peito para encarar essas empresas e rever esse contrato absurdo, que favorece meia-dúzia e prejudica a vida de milhares de iguaçuenses, todos os dias.

 


 

 

 * Luiz Henrique Dias é usuário do Transporte Coletivo porcaria de Foz do Iguaçu

 

 

 

  A opinião emitida nesta coluna não representa necessariamente o posicionamento deste veículo de comunicação

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